quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Compaixão, Solidariedade e Generosidade. Onde se situa o Espiritismo? por Roberto Rufo e Silva

 

Compaixão, Solidariedade e Generosidade. Onde se situa o Espiritismo?

 

"E disse Jesus: Ame o seu próximo como a si mesmo" ( Mateus 22:39).

 

"Amar ao próximo como a si mesmo é uma frase alienante. Por que eu deveria amar a quem eu nem conheço?" (Sigmund Freud).

 

Roberto Rufo e Silva no Lar Veneranda

 

Se não me falha a memória foi Frei Beto quem disse ser a compaixão a maior virtude do cristianismo. Meu grande amigo espírita e intelectual Ciro Felice Pirondi diz ser a generosidade a maior virtude que um ser humano pode aspirar. A solidariedade, diz ele, pode valer até para situações de autoritarismo como ser solidário ao nazismo por exemplo, lembrando que a solidariedade, na maior parte dos casos, está cercada de bons propósitos.

O Espiritismo no seu aspecto mais religioso se prende à prática da caridade, tanto que todo Centro Espírita que se preze sempre procura estar ligado a alguma Casa Assistencial.

Segundo o Espiritismo, o amor é o sentimento por excelência. Jesus promoveu o amor a lei maior a ser seguida.  Mas para praticar o amor qual a virtude maior que devemos possuir ou buscar em obtê-la?

Vamos a um exemplo: um homem sempre que ia ao supermercado notava que o rapaz que ajudava a guardar a compra tinha uma das mãos com os dedos todos fechados. Aquilo um dia o comoveu. Perguntou ao moço: você nasceu assim? Sim, respondeu o rapaz. Você já procurou tratamento? Sim, mas eu teria que fazer várias cirurgias segundo os médicos e depois realizar várias fisioterapias. Além de não ter dinheiro eu não posso parar de trabalhar.

Eu vou ajudar você disse o homem. Estaria ele movido pela compaixão, generosidade ou solidariedade? De que forma se manifestou neste homem o amor ao próximo? 

Esse homem pagou todas as cirurgias e fisioterapias e ao mesmo tempo deu uma ajuda financeira à família no período em que o rapaz não podia trabalhar. Depois de todo tratamento esse homem pensou: a mão dele agora está boa, mas para continuar fazendo o mesmo serviço de auxiliar de supermercado? Resolveu então o homem pagar ao rapaz um curso profissionalizante e lhe deu um empego na sua microempresa depois de terminado o curso. O rapaz, agora um homem, seguiu sua vida nova, inclusive se transferindo para um emprego melhor. Alguns dirão que o homem ajudou porque tinha dinheiro. Será apenas isso? Eu prefiro acreditar na virtude humana. A judia Anne Frank, morta pelos nazistas, em seu famoso diário escreveu que "apesar de tudo eu ainda acredito na bondade humana".

Amigos espíritas coloquei abaixo a definição de compaixão, solidariedade e generosidade obtidas no wikipedia. Em qual das três definições se encaixaria o homem que citei acima? Em qual delas você se coloca?

O corpo teórico do Espiritismo nos leva a qual comportamento após o desenvolvimento moral e intelectual apregoado pela Doutrina Espírita? Felicidades a todos.

 

Compaixão (do termo latino compassione)[1] pode ser descrito como uma compreensão do estado emocional de outra pessoa. Não deve ser confundida com empatia. A compaixão frequentemente combina-se a um desejo de aliviar ou minorar o sofrimento de outro ser senciente, bem como demonstrar especial gentileza para com aqueles que sofrem.

A compaixão pode levar alguém a sentir empatia pelo outro. A compaixão é, frequentemente, caracterizada através de ações, quando uma pessoa, agindo com espírito de compaixão, busca ajudar aqueles pelos quais se compadece.

Ter compaixão é permanecer num estado emotivo positivo, enquanto tenta-se compreender o outro, sem invadir, no entanto, o seu espaço.[2]

A compaixão diferencia-se de outras formas de comportamento prestativo humano no sentido de que seu foco primário é o alívio da dor e sofrimento alheios.[3] Atos de caridade que busquem principalmente conceder benefícios em vez de aliviar a dor e o sofrimento existentes, são mais corretamente classificados como atos de altruísmo, embora, neste sentido, a compaixão possa ser vista como um subconjunto do altruísmo, sendo definida como o tipo de comportamento que busca beneficiar os outros minorando o sofrimento destes.

 

Solidariedade é um ato de bondade e compreensão com o próximo ou um sentimento, uma união de simpatias, interesses ou propósitos entre os membros de um grupo:

1.    Cooperação mútua entre duas ou mais pessoas;

2.    Identidade entre seres;

3.    Interdependência de sentimentos, de ideias, de doutrinas.

Na sociologia, existe o conceito de solidariedade social, que subentende a ideia de que os seus praticantes se sintam integrantes de uma mesma comunidade e, portanto, sintam-se interdependentes.

 

O que forma a base da solidariedade e como ela é implementada varia entre as sociedades. Nas sociedades mais pobres, pode basear-se principalmente no parentesco e nos valores compartilhados, enquanto nas sociedades mais desenvolvidas acumulam-se várias teorias sobre o que contribui para um senso de solidariedade, também chamada de coesão social.

 

Generosidade é a virtude em que a pessoa tem quando acrescenta algo ao próximo. Ela se aplica também quando a pessoa que dá algo a alguém tem o suficiente para dividir ou não. Não se limita apenas em bens materiais. Generosos são tanto as pessoas que se sentem bem em dividir um tesouro com mais pessoas porque isso as fará bem, tanto quanto aquela pessoa que dividirá um tempo agradável para outros sem a necessidade de receber algo em troca.[carece de fontes]

Já segundo René Descartes, em Tratado das paixões e também nos Princípios de filosofia, a generosidade é apresentada como uma despertadora do real valor do eu e ao mesmo tempo como mediadora para que a vontade se disponha a aceitar o concurso do entendimento, acabando assim a causa do erro. Neste caso, passa a ser um conceito de mediação entre a vontade e o entendimento.[1]

 

                                                                                                                               Roberto Rufo.

Este artigo foi publicado no jornal Abertura de maio de 2022, você pode acessar o jornal na integra no link abaixo:

https://cepainternacional.org/site/pt/component/phocadownload/category/22-jornal-abertura-2022?download=174:jornal-abertura-maio-de-2022


quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Eu e a Bruna no século XXI – Jaci Régis

 

Eu e a Bruna no século XXI – Jaci Régis

Texto publicado no jornal Abertura em fevereiro de 1989.

Após a publicação do e-mail de Jaci Régis a Bruna quando de seus 15 anos de idade, isto no ano de 2003, no jornal Abertura de junho de 2022, muita gente perguntou sobre o referido artigo - Eu e a Bruna no século XXI – desta forma Cláudia e eu fizemos um mergulho no tempo, não tínhamos certeza de quando havia sido publicado, revisamos os jornais Abertura que temos encadernados e finalmente o encontramos. Bruna estava com apenas 7 meses de vida, nesta encarnação. Hoje tem 33 anos e no próximo mês dará à luz a Helena, sua primeira filha.

Bruna com 6 meses em 1989


Interessante é que Jaci diz que: quem sabe ele não reencarnaria como seu neto no fim do século XXI, claro que é uma previsão poética, mas quem saberá a verdade?

Fiquem com Jaci Régis:

“Este fim de século e de milênio apresenta-se com todos os sinais característicos de fim de ciclo e transição para nova era. Usos e costumes sociais apresentam-se contundentes, no seu existencialismo sufocante, onde objeto e o fim da existência são resumidos no gozo, no prazer e no bem-estar dos sentidos. Uma constância materialista invade os domínios das religiões neutralizando seus esforços no sentido de impor os seus ensinos morais. (...) Até onde chegará esta imensa chaga que alcança todas as coletividades, essa imoralidade crescente envolvendo as próprias crianças e adolescentes como protagonistas e vítimas?”

 Lia essas linhas tão pessimistas e preparatórias para dizer, afinal, que “somente uma doutrina abrangente e generosa como a Doutrina dos Espíritos revivendo o Cristianismo (...) será capaz de dar ao homem sofredor, renovado pela esperança, a visão de um mundo novo de justiça e equidade, de amor e compreensão ...” com minha neta Bruna, de apenas 6 meses, brincando no meu colo, rasgando papeis. Ela viverá plenamente no século vinte e um. Ela é o futuro.

Recordei a peça “Cerimônia do Adeus” que havia assistido na véspera. Trata-se do jogo entre o radicalismo teórico do existencialismo sartreano, bebidos nos livros de Jean Paul Sartre e sua companheira Simone de Beauvoir, vividos na fantasia de um jovem leitor e as colocações de um espírita, radicalmente centrada no além, na fé nos Espíritos.

A personagem não é caricata, mas a lídima impressão da maioria dos espíritas, as voltas com operações espirituais, pensando que fora Cleópatra ou tentando enquadrar-se num passado qualquer. Era a imagem do espírita comum, que acredita que Victor Hugo tivesse se comunicado em seu centro e que estivesse arrependido. Mesmo quando o personagem Simone de Beauvoir cita tudo o que ele fez e realizou no campo político, literário etc., a espírita afirma que para “Deus isso não vale nada”. O que parece ser aceito por quase a totalidade dos adeptos que não se admiram quando um grande escritor, poeta, inventor, se apresenta como um pobre diabo, sem talento, ditando coisas medíocres, como a dizer que “no lado de lá” se perde o entusiasmo, a criatividade. As intervenções do personagem espírita, faziam a plateia rir muito.

Esse tipo de espírita vai mudar o quê?

Ainda há quem procure sinais no céu. Tenho pensado que Deus é muito mais inteligente do que seus pretensos porta-vozes querem fazer nos crer. O século vinte e um vai acontecer como os demais vinte séculos atrás e todos os que vieram antes deles. Sem maiores traumas do que os traumas da vida.

O tão malsinado materialismo, foi a única saída honrosa para o pensamento humano, preso ao catecismo católico, sufocado pelo evangelismo protestante que estavam a pretexto de salvar o homem, conduzindo-o para o abismo. O malsinado materialismo foi a libertação.

Agora esse materialismo está apto a se “espiritualizar” sem submeter-se, todavia, aos modismos de um Espiritismo medíocre, igrejeiro, sem vibração timbre para ser ouvido. Se quisermos que ele seja ouvido, tenha vez, antes de ser sepultado por outras correntes mais abrangentes e ousadas, tem que libertar-se desses enfadonhos discursos sobre catástrofes, vingança divina. Precisa encarar a evolução como fruto do conflito, do gozo, do prazer, da sublimação, da reparação e continuidade.

O Espiritismo já poderia sim, se não tivesse sido abortado, ter exercido uma influência muito grande, porque abre uma compreensão maior da natureza humana. Talvez ainda reste uma esperança de fazê-lo. Não, porém, enquanto entre nós houver quem se considere entre os “observadores perplexos”, do momento que vivemos. Porque jovens e crianças, envolvidos nessa transição libertadora, são Espíritos que precisam superar lutas tremendas, parte inclusive por culpa dessa mentalidade medieval, que julga que o homem precisa ser salvo, que necessita de um Salvador e de Anjos, para guiá-los.

Minha neta, olhos castanhos muito vivos, sorri para mim. E eu para ela. Eu partirei deste mundo e ela ficará. Vivenciará seus anseios e temores e terá que optar num mundo cheio de percalços, por uma via de vida. Como eu enfrentei, quando vim para cá, há 56 anos atrás, nas vésperas da II Guerra Mundial e submetido ao explodir da parafernália eletrônica, ao desvendamento do cosmos, aos horrores do nazismo, das ditaduras de direita e da esquerda, ao surgimento dos hippies, o repúdio ao racismo, a personalidades como Hitler e Gorbatchev.

Se fosse diferente, eu teria o direito de pedir contas a Deus, porque com o seu poder de dizer “faça-se a luz” e a luz se fez, porque não coíbe “tanta insensibilidade, movida pelo egoísmo humano exacerbado” que na ótica do autor das linhas que lia, move o fim de século, que ele talvez espere cheio de morte e sangue.

Minha neta é um Espírito que volta ao mundo num momento privilegiado. Será informada e talvez formada em princípios espíritas. Eu espero que descubra a si mesma e que caminhe, entre lágrimas e sorrisos, construindo seu destino, eficiente e satisfatoriamente. E quem sabe, me afague no seu regaço, como um neto que volta, na continuidade da vida, lá pelo fim do século vinte e um.

Texto publicado no jornal Abertura de julho de 2022. veja o jornal na sua integra no link abaixo.

https://cepainternacional.org/site/pt/component/phocadownload/category/22-jornal-abertura-2022?download=189:jornal-abertura-julho-de-2022.



quinta-feira, 18 de agosto de 2022

o Tempo - por Alexandre Cardia Machado

 O Tempo

Palavra simples, tempo, algo difícil de explicar que, no entanto se torna fácil de perceber quando sentimos a falta de tempo.

O que a física moderna nos diz sobre o tempo é que o mesmo só existe à partir do big bang, ou simplificando, o tempo só existe depois que o universo foi criado a concepção criacionista, como a espírita, ou numa perspectiva materialista prefere dizer à partir do caos inicial criado pela expansão da matéria.


Para nós, simples espíritos imortais o tempo é um bem importantíssimo, o nosso próprio tempo. A humanidade criou convenções para medir a passagem do tempo, segundos, minutos, horas e assim por diante, o fez a partir de observações, físicas, como o dia, a noite, a mudança das estações.

Desde que nascemos e quem sabe, mesmo antes disto, já trazemos esta noção, de que ora estamos encarnados, ora estamos na erraticidade, podemos dizer que passamos um tempo aqui e outro lá.

Logo se quisermos evoluir como espíritos, adquirindo mais conhecimento e aprofundando nosso senso moral, precisaremos administrar o tempo, o nosso tempo. Não adianta reclamar da falta dele, temos que otimizar a utilização dele, pois de outra forma, não conseguiremos completar nossos projetos.

Nossas encarnações passam por fases, infância, juventude, período produtivo, normalmente na idade adulta e posteriormente um tempo com menos responsabilidades produtivas, mas que podem ser muito bem utilizada para doar tempo para o lazer, para o bem comum, para o aperfeiçoamento do espírito e também à benemerência. A chamada terceira idade se destina a isto.

Nos tempos passados, enquanto ainda não havíamos atingido o período da histórica chamada de civilizatório, os mais velhos, se destinavam a atividades de ensino. Contando os contos de  tradições, cuidando dos mais jovens, enquanto guerreiros e caçadores coletores saíam para obter comida. Hoje vivemos num mundo totalmente diferente, existem milhares de opções para a terceira idade, existe um mercado específico para estas pessoas.

Agora,  independente da fase de vida que estejamos, ainda temos tempo e nos cabe tentar usá-lo a nosso favor. Nossos projetos vão mudando a cada fase de nossa vida, a cada momento desta trajetória. De tal forma que precisamos também a cada período nos replanejarmos, adaptarmos para conseguirmos completar nossos desejos.

Encarnamos para sermos felizes e o que nos faz feliz? Façamos uma lista daquilo que pensamos que nos deixa feliz e tratemos de trabalhar nisto.

Uma das coisas que me fazem feliz é o estudo da Doutrina Espírita, no Livro dos Espíritos, na sua Introdução assim Kardec nos escreveu, como uma espécie de alerta “ Portanto não nos enganemos: o estudo de Espiritismo é imenso, toca em todas as questões da metafísica e da ordem social, e é todo um mundo que se abre diante de nós. Deve-se espantar que é preciso de tempo, e muito tempo, para adquiri-lo?”. Bem sabendo disto, não deixemos para depois.

O Livro dos Espíritos em seu capítulo sobre a Lei Natural - Lei do Trabalho, na resposta à pergunta 678, nos esclarece sobre a natureza do trabalho:

“... quanto menos as necessidades são materiais, menos o trabalho é material. Mas não creias, com isso, que o homem fica inativo e inútil: a ociosidade seria um suplício em lugar de ser um benefício.”

O conselho dos Espíritos é claro, trabalho faz bem a mente ou a alma. Busquem sempre alguma atividade proporcional à sua capacidade e energia.

Fazer um jornal dá trabalho, é verdade, no entanto nos dá muito mais prazer em oferecê-lo ao nosso público. Aproveitem o nosso jornal Abertura de junho de 2022.


Editorial do Jornal Abertura de junho de 2022.

Se queres ler o jornal vá ao link: Abertura Junho 2022
 

quarta-feira, 20 de julho de 2022

Espiritismo: Segunda opção - por Jaci Régis

 

Espiritismo: Segunda opção

Jaci Regis 

 

"É possível que a existência humana, tão complexa e rica, se dissolva quando o coração para?" é a pergunta que a reportagem especial da revista Veja faz. E conclui: "Com uma resposta prática para essa questão crucial e a promessa de comunicação com os mortos, o Espiritismo tornou-se a religião – ou, pelo menos, a segunda opção religiosa – de 40 milhões de brasileiros".

 

Há nisso um sincretismo religioso tipicamente brasileiro. De acordo com o IBGE, 74% dos brasileiros declaram-se católicos e a doutrina da Igreja Católica não concebe a comunicação direta entre mortos e vivos. Na prática, boa parte desse contingente católico também dirige sua fé ou sofre influência de outro credo sem expressão no exterior e que só cresce no Brasil: o Espiritismo.

 

"Segundo a Federação Espírita Brasileira", diz a reportagem, mais de 40 milhões de pessoas seguem a doutrina de Allan Kardec no Brasil. Apenas 2% dos brasileiros se dizem Espíritas, nos censos oficiais. A imensa maioria simplesmente acrescenta, sem dramas de consciência, os ensinamentos de Kardec, aos das religiões que professam oficialmente".



 

O QUE BUSCAM OS CATÓLICOS NO ESPIRITISMO?

Certamente é hipotético afirmar que quarenta milhões "seguem" a doutrina de Allan Kardec, no Brasil. O que acontece é que milhões de católicos, pois é pouco provável que protestantes o façam, frequentam algumas vezes ou seguidamente os centros espíritas em busca de serviços que eles oferecem à população, seja no campo da assistência social, seja no consolo espiritual, através de consultas e passes.

 

Essa multidão seria bem menor se os centros espíritas ensinassem efetivamente a doutrina de Allan Kardec, mas não uma adaptação religiosa e personalista dos princípios espíritas. Com isso a comunicação dos Espíritos e a reencarnação, não teriam o caráter folclórico que assumem, como se vê na reportagem.

Em muitos dos que se chamam de "centro espírita", lamentavelmente extremamente distantes do Espiritismo, esses católicos ficarão muito à vontade, porque neles se faz uma imitação medíocre do catolicismo, inclusive com preces católicas como ave-maria e outras. E, quando ali se discursa, os discursos não diferem do catolicismo, a não ser no que tange à comunicação com os Espíritos e uma tênue referência à reencarnação, moldada, contudo, no viés da punição e da purificação, bem ao gosto da doutrina católica.

Essa é a tal de multidão que acredita na reencarnação e na comunicação com os mortos. Para eles, não se trata apropriadamente de assumir o Espiritismo como uma segunda religião, como uma opção mais folclórica, mais ansiosa e supersticiosa sem qualquer reflexão filosófica ou prova científica.

 O que se pode dizer também de muitos que se dizem oficialmente espíritas.

 O QUE DEVERIA SER DADO AOS CATÓLICOS QUE BUSCAM O ESPIRITISMO


A transformação do Espiritismo numa religião formal, cada vez mais formal, acaba numa deformação do conteúdo doutrinário e numa traição aos projetos e finalidades dadas por Kardec à sua doutrina.

A reportagem de Veja, traduz que os católicos que procuram o Espiritismo querem informações concretas e objetivas sobre a reencarnação, a imortalidade e a comunicação com os mortos, onde eles vivem e como vivem.

Entretanto, não é isso que encontram nos centros espíritas. Estes, quase sempre, se formam com "principal finalidade será o estudo e a divulgação do evangelho de Jesus".

 O que marca a existência do Espiritismo é o seu conteúdo filosófico, seu esforço por provar cientificamente a existência e a evolução do Espírito, na qual a reencarnação se insere. Para isso utiliza a mediunidade como instrumento de prova da Imortalidade, da sobrevivência e comunicabilidade entre vivos e mortos. A partir dessa compreensão que o Espiritismo trará sua contribuição à humanidade. Ora, o "estudo do evangelho", é feito nas igrejas católicas e protestantes, diariamente. O que o Espiritismo brasileiro acrescenta ao fixar-se nesse estudo evangélico? Explicações sobre fatos ali narrados e acompanha, insensatamente, a sacralização feita pela Igreja da figura de Jesus Nazareno.

 A reportagem diz que "O que o Espiritismo tem de próprio, ainda que não seja um monopólio seu, é o fato de acenar com a certeza de que, no futuro, haverá outras vidas, quantas forem necessárias para tirar as manchas da alma".

 Aí entra a deformação básica do instituto da reencarnação, pois a transformação religiosa do pensamento espírita fixou-se, como era de esperar, na questão das penas e gozos futuros, de acordo com o viés judaico-católico, que se assenta na concepção do pecado original, na necessidade de purificação.

Mas a reencarnação no Espiritismo não é instrumento de resgate, de pagamento de dívidas de "outras vidas". Na essência, o processo evolutivo guarda a relação do Espírito consigo mesmo, na relação com os outros, sem estar ligado a erros pontuais ou severos de "outras vidas", como se cada capítulo do processo evolutivo, ficasse estanque e restrito, desconhecendo que o ser espiritual é uma individualidade permanente e que seu projeto é evoluir para compreender a si mesmo e sua inserção na vida.

 Fora dessa visão, tudo gira em torno de explicar de forma diferente as crenças, os castigos, as dores, os pecados.

 Na verdade, o próprio Kardec, devido às premências do seu tempo, utilizou-se de explicações para coonestar tradições judaico-cristãs.

Por exemplo, os anjos da guarda seriam Espíritos protetores. Os demônios, Espíritos obsessores. Os Anjos, Espíritos puros.

Foi um erro. Porque na verdade para o Espiritismo não existem anjos da guarda, demônio ou anjos, céu ou inferno. Nada disso tem qualquer respaldo na teoria espírita. Simplesmente não existem.

Tentar dar versão espírita a essas tradições só prejudica a separação necessária de nossos conceitos com o judaico-cristianismo, promovendo confusões e permitindo interligações conflitantes.

Então, o que poderíamos fazer e alguns estão fazendo, é limpar essa linguagem, caminhar para a pesquisa e para produção de uma filosofia capaz de suplantar o obscurantismo católico e protestante e afirmar o Espiritismo não como uma segunda opção, mas como a opção clara, despida de crendices e confusões.

Para isso é preciso um novo posicionamento.

 Kardec admitiu que o Espiritismo poderia ser uma auxiliar das religiões. Para isso, naturalmente, é preciso manter sua identidade, sua diferença e fazê-lo promíscuo com elas.

 Auxiliar é uma coisa, é dar subsídios, explicações para as religiões e não tornar-se satélite delas.

 Talvez para os dirigentes da Federação Brasileira e outros, ser a segunda opção da Igreja Católica, seja a gloria.

 

ARTIGO publicado originalmente no Jornal Abertura de junho de 2005 

Jaci Régis - Desencarnado em dezembro de 2010.

quarta-feira, 13 de julho de 2022

Abertura – online – disponibilizamos os Aberturas de 2020 - por Alexandre Cardia Machado

 

Abertura – online – disponibilizamos os Aberturas de 2020

O nosso Abertura, colorido, está totalmente grátis desde janeiro de 2022 e com acesso livre em qualquer parte do mundo.

Você já pode baixar o Jornal Abertura digital diretamente, basta clicar sobre a foto no Blog do ICKS à direita, conforme mostra o círculo, na foto abaixo, logo ao entrar na página. Você poderá acessar todos os Aberturas de 2021, coloridos. Aqui no  nosso Blog: https://icksantos.blogspot.com/ - ao lado basta clicar sobre a imagem do jornal.

 Além disto disponibilizamos todos os ABERTURAS de 2020, 2021 e os de 2022 na página da CEPA:

https://cepainternacional.org/site/pt/

chegar às publicações é muito simples:

Clique em Publicações

Depois desça até Jornal Abertura, encontraram todos os exemplares!

É só seguir os passos acima ou ir diretamente nos links abaixo:

 ABERTURAS do ano 2020

 https://cepainternacional.org/site/pt/component/phocadownload/category/26-jornal-abertura-2020

 ABERTURAS do ano 2021

 https://cepainternacional.org/site/pt/component/phocadownload/category/20-jornal-abertura-2021

 ABERTURAS do ano 2022

 https://cepainternacional.org/site/pt/component/phocadownload/category/22-jornal-abertura-2022

 

 


segunda-feira, 11 de julho de 2022

AS GUERRAS E A UTOPIA ESPÍRITA DA PAZ UNIVERSAL por Ricardo de Morais Nunes

 

AS GUERRAS E A UTOPIA ESPÍRITA DA PAZ UNIVERSAL

Desde a antiguidade até a contemporaneidade as guerras têm sido muito comuns em nossa história. Guerras de conquista de territórios, de escravização de povos, de pilhagem de riquezas. Na antiguidade os hebreus, os egípcios, os persas, os gregos, romanos e outros povos participaram de inúmeras guerras.

Na Idade Média e nos primórdios da era moderna tivemos as guerras religiosas. As cruzadas católicas, os conflitos entre protestantes e católicos. A aniquilação dos cátaros e a terrível noite de São Bartolomeu marcaram tristemente a história do ocidente.

Ricardo Nunes - XII SBPE


No século XX tivemos guerras de caráter ideológico-político. A batalha de Stalingrado que envolveu nazistas alemães contra comunistas russos na segunda guerra mundial é um exemplo paradigmático de conflito ideológico.

Podemos mencionar, ainda, as guerras de independência dos povos contra seus colonizadores. As lutas de independência do Vietnã, por exemplo, são impressionantes, para ficar apenas em um exemplo.

As jihads ou guerras santas da atualidade. Quem de nossa geração não lembra do atentado às torres gêmeas?

O eterno conflito Israel x Palestina. Sem solução até nossos dias.

As invasões soviéticas à Hungria, Tchecoslováquia e Afeganistão.

Os ataques norte-americanos ao Iraque, Afeganistão e Síria.

 O mais recente conflito Russia x Ucrânia/OTAN.

Um conflito histórico para nós, brasileiros, é a chamada “guerra do Paraguai” ocorrida no século XIX, na qual brasileiros, argentinos, uruguaios e paraguaios se envolveram em um conflito sangrento, provavelmente, o maior conflito entre as nações da América do Sul.

 Podemos falar ainda nos eventos revolucionários. Para citar apenas alguns exemplos a revolução francesa, russa, cubana, chinesa, iraniana.

A guerra também pode ser feita sem tiros e bombas, através de sanções econômicas que asfixiam a economia de um país. Exemplo notável em nossos dias é o bloqueio/embargo econômico dos Estados Unidos a Cuba.

Essa medida, que já dura mais de 60 anos e remonta ao tempo da guerra fria, prejudica toda a população daquele país, pois sanciona as relações comerciais normais entre Cuba e os Estados Unidos e interfere nas relações comerciais de Cuba com outros países. Os países membros da ONU, em maioria, têm se manifestado várias vezes contra o bloqueio e nada acontece.

As lutas de classe entre os detentores do poder econômico e os trabalhadores muitas vezes se transformam em violência aberta e deflagrada. A célebre comuna de Paris no século XIX é um exemplo paradigmático de como o poder econômico reage aos movimentos de emancipação dos trabalhadores ao longo da história.

Estes são apenas alguns poucos exemplos que cito de memória de algumas guerras, conflitos e lutas ao longo de nossa história. Podemos verificar que, infelizmente, as guerras são comuns em nosso mundo e que a paz é algo muito difícil de ser conquistada e preservada.

É certo também dizer que evoluímos conceitualmente no sentido de repudiar moralmente a guerra. As normas internacionais e os fóruns internacionais são tentativas de se fazer valer a diplomacia ao invés da violência.

A questão 742 do Livro dos Espíritos nos ensina que a guerra ocorre em razão da “predominância da natureza animal sobre a espiritual e para satisfação das paixões”. A questão 743 do mesmo livro diz que um dia “a guerra desaparecerá da face da terra quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus”. E na questão 744 temos que a guerra ainda é” necessária para levar a liberdade e o progresso”.

Talvez seja estranho para muitos a compreensão de que a liberdade e o progresso podem ter sua origem na guerra. Mas isso em nosso mundo, no qual a força física e material ainda predomina, não é um absurdo. Basta lembrar de alguns fatos históricos que apontam nessa direção.

 A revolução francesa, acontecimento histórico no qual houve violência, superou a aristocracia feudal com seus privilégios e criou um regime republicano cuja pretensão era a igualdade de todos perante a lei. Mesmo com os avanços e retrocessos da ideia republicana na França e no mundo, hoje em dia poucos pensam em voltar a uma concepção aristocrática e feudal de vida política e social.

A guerra civil norte-americana entre os nortistas e sulistas propiciou a abolição da escravidão naquele país. O que foi um avanço, mesmo se considerarmos que a segregação racial nos Estados Unidos tenha tido vigência até a década de 60 do século XX, o que deu origem aos movimentos de luta pelos direitos civis dos negros nos quais se destacou Martin Luther King Jr.

Alguns filósofos defendem que a violência é a “parteira da história”, considerando que as guerras e revoluções, que se repetem na história, frequentemente operam grandes transformações do mundo.

Gandhi inovou porque liderou o movimento de independência da Índia ensinando a doutrina da não violência. Confesso, porém, que tenho dúvidas se tal método de Gandhi pode ser universalizado com vistas a outros êxitos em nosso mundo ainda tão inferior moralmente.

Mas não deixo de admirar a abertura política e mental que esse grande político e religioso indiano nos proporcionou. Uma verdadeira revolução nas possibilidades do fazer político, muito em conformidade com os ideais espiritualistas.

 Nós, espíritas, podemos dizer que somos defensores da paz, pois rejeitamos, por princípio, a violência e a guerra. Obviamente que não excluímos de nossos direitos a legítima defesa individual e coletiva, uma vez que não é lógico que um indivíduo ou grupo social se entreguem a uma agressão injusta e ao extermínio se puderem resistir.

  Nossa luta, porém, se faz através da conscientização do valor da vida e do exercício da fraternidade. Queremos o bem de todos os seres humanos. Desejamos vida e felicidade a todas as pessoas. Desejamos um mundo de liberdade, justiça social e paz para a humanidade como um todo.

Nós, espíritas, temos a nossa utopia. Que é transformação deste planeta Terra, da condição de mundo de provas e expiações em mundo de regeneração, ou seja, em um mundo no qual o bem seja mais forte que o mal.

A nossa utopia espírita combina espiritualidade com ação social. A nossa espiritualidade não é passiva ou alienante. Lutamos com as armas da palavra e da ação. Lutamos sem violência para que, um dia, esse mundo seja transformado.

Mas tudo isso sem ilusão, sem ingenuidade, pois sabemos que, infelizmente, a violência ainda é estrutural no mundo em que vivemos, e que a opressão, em suas várias facetas, ainda é vigente entre nós.  

 Lutamos, porém, para que um dia isso se transforme e para que possamos viver em um mundo que renunciou a violência em favor da razão e da fraternidade. O conhecimento de nossa essência espiritual, pode, quem sabe, nos ajudar a chegar nesse novo mundo.

Talvez quando ampliarmos nossa noção do que é a vida conseguiremos ser menos egoístas e apegados às coisas deste mundo. O que nos levará a renunciar a disputas inúteis em favor do que realmente importa em termos dos verdadeiros bens e valores da vida.

Quem sabe, nesse dia, consigamos construir um mundo de paz universal.

Texto originalmente publicado no ABERTURA de maio de 2022:

Baixe aqui:

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/22-jornal-abertura-2022?download=174:jornal-abertura-maio-de-2022


 

 

 

sexta-feira, 17 de junho de 2022

O paradigma Ignorado - por Alexandre Cardia Machado em referência a Maurice Herbert Jones

 

O paradigma Ignorado

Recentemente ao ler o último exemplar recém-lançado da Coleção Livre-Pensar, o Livro Espiritismo, Ética e Moral, escrito por Milton Rubens Medran Moreira e Jacira Jacinto da Rocha me deparei com uma citação de um texto de Maurice Herbert Jones – O paradigma ignorado, publicado em agosto de 2002, texto que guardamos até hoje. Milton Medran faz referência ao que Jones chama de espiritocentrista, à visão de Kardec.

Talvez, por ter sido produzido em 2002, não haja cópias deste importante texto disponível online, então, resolvemos trazê-lo de volta nesta coluna levando-se em consideração a sua importância, relevância e profundidade das análises nele contidas.

Com vocês a clareza e a sensibilidade Maurice Herbert Jones.

Maurice Herbert Jones XVIII Congresso da CEPA


“O paradigma Ignorado”

“Os antigos deuses envelheceram ou morreram e outros ainda não nasceram.” Emile Durkheim

O processo civilizatório a que estamos submetidos transcorre como se nosso planeta fosse um gigantesco e dinâmico palco com cenários em permanente mutação e atores em rodízio constante.

Este imenso espetáculo é dirigido por “matrizes ideológicas” ou paradigmas que, num dado momento e cultura, tornam-se hegemônicos e, portanto, eleitos para administrar o processo até que, esgotada sua virilidade, senilizados, são substituídos por novos paradigmas.

Convém reconhecer, todavia, que o envelhecimento ou até mesmo a morte dos velhos deuses não é facilmente reconhecida. Sando muito penosa a orfandade, é preferível um deus mumificado a deus nenhum, prolongando, assim, a crise de referências ao mesmo tempo em que os candidatos à sucessão são submetidos aos testes necessários.

A crise existencial de nosso tempo tem como uma das principais causas o esgotamento dos modelos conceptuais ainda vigentes, crescentemente incapazes de oferecer segurança e identidade.

O psicanalista Hélio Pelegrini afirmou em um artigo que a angústia metafísica que nos aflige clama por uma filosofia pública sobre o significado e objetivo da vida, capaz de orientar toda a atividade humana, isto é, uma visão de homem e de mundo que possa ser racionalmente universalizada.

Os relatos bíblicos, síntese conceptual daqueles tempos e cultura, nos falam, essencialmente, de um contrato estabelecido entre o criador e as criaturas, a partir do momento em que estas conquistam a racionalidade, isto é, a liberdade de desobedecer, que inaugura a história humana. Este contrato é reformável na medida em que precisa ajustar-se aos novos níveis de consciência e liberdade conquistados pelo homem, A iniciativa, porém, como a história nos ensina, cabe ao homem.

Quando os valores tradicionais começam a perder significado e eficácia, um novo contrato, um novo conjunto de valores deve ser concebido.”

Neste momento, Jones chega ao ponto principal de sua reflexão.

“Atendendo a esta determinação histórica, Kardec, com extraordinária lucidez, identifica sinais de esgotamento do paradigma vigente e lidera uma revolução conceptual de base racional e humanista que, superando o organocentrismo iluminista propõe uma visão espiritocentrista, isto é, que considera a dimensão extrafísica ou espiritual como fundamental, afetando, drasticamente, a forma pela qual o homem, o mundo e a história são percebidos.

A natureza sintética do modelo conceptual Kardequiano é evidente. Como uma flor tardia da primavera iluminista o Espiritismo surge como uma esperança de renovação capaz de oferecer ao homem a segurança e a identidade perdidas, equiparando-o, assim, para avançar, confiante, mais uma etapa no processo evolutivo.

Quase um século e meio depois de seu surgimento (texto de 2002, hoje seria 165 anos após), o Espiritismo, naquilo que o faz singular, dinâmico, revolucionário e universal é desconhecido pela maioria esmagadora dos próprios espíritas que, incapazes de compreender o alcance e a profundidade da monumental proposta de Kardec, insistem, ingenuamente, em interpretá-la a luz dos paradigmas agonizantes ou mumificados que teimam em nos influenciar, reduzindo-a, assim, a uma mera seita religiosa.

Significativamente, foi exatamente esta a interpretação do Abade François Chesnel em artigos publicados no jornal L’Univers de Paris em abril de 1859 e tão veementemente contestada pelo fundador do Espiritismo conforme ficou registrado na “Revue Spirite” de maio e julho daquele mesmo ano.

Como se vê, o padre Chesnel fez escola.”

Maurice Herbert Jones – Ex-Presidente da FERGS – Federação Espírita do Rio Grande do Sul, diversas vezes membro da diretoria do CCEPA, desencarnada em 2021. Texto publicado no Jornal Opinião de agosto de 2002.

Sobre Maurice Herbert Jones deixamos o convite à leitura de sua biografia publicada no site do CPdoc:

www.cpdocespirita.com.br/portal/destaques/personalidades-em-destaque/160-maurice-herbert-jones

Sobre Maurice Herbert Jones

O Abertura em sua edição de julho de 2021 noticiou com pesar a desencarnação deste grande lumiar espírita, caso queiram reler o Abertura pode ser acessado na no link:

CEPA Internacional : basta entrar no site: digitando em seu buscador: CEPA Associação Espírita Internacional, irão aparecer várias opções, clique no site e depois na barra azul escolha: Publicações: desça o cursor no Jornal Abertura, ano de 2021, mês de julho.

Se preferir ir diretamente ao Jornal Abertura de julho de 2021 baixe aqui:

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/20-jornal-abertura-2021?download=112:jornal-abertura-julho-de-2021


sexta-feira, 10 de junho de 2022

Imortalidade em nossas vidas - por Cláudia Régis Machado

 

Imortalidade em nossas vidas

Cláudia Régis Machado

Às vezes pensar sobre a imortalidade nos parece algo distante que só pensamos quando estamos perto da morte. Mas como inseri-la em nosso dia a dia? Que comportamentos nos fazem expressá-la?



Primeiro o principal, ter o conceito que a imortalidade é dinâmica, não é um lugar, ou um estado do plano extrafísico. A Doutrina Espírita nos dá oportunidade junto do seu arcabouço estrutural de analisá-la de uma forma distinta da explicada pelo espiritualismo cristão, pois dentro da visão evolucionista que o Espiritismo nos propõe, de um continuum existencial, a vida se expressa e acontece em uma dimensão interexistencial no plano físico e extra físico Isto nos leva a perceber que a imortalidade não é estável. “A descoberta do plano extrafisico deu sentido à imortalidade e integrou as dimensões em que se manifesta o ser humano”. (Jaci Régis).

O conceito de imortalidade é de grande importância, o início, muitas vezes, para a compreensão da idéia espírita. Este é um do motivo que escrevi o livro – Kadu e o Espírito Imortal – livro infanto- juvenil que foi elaborado como um jogo, de idas e vindas para encontrar respostas e entender o fenômeno da morte, compreendendo assim a imortalidade de forma tranqüila, com leveza e de forma lúdica. O livro também é para adultos, iniciantes da Doutrina Espírita, que gostam de adentrar no assunto de um jeito ameno e pedagógico, que com certeza apreciariam, há no livro fatos da história do Espiritismo, sobre a mediunidade e outros pontos.

Mas voltando, o que a imortalidade propicia em nosso dia a dia?

Perceber-se imortal é um estado que é construído pouco a pouco na estrutura mental do espírito e, colocar em prática este estado é aprender a sua importância em nosso circulo de vivencia. Com isto seremos favorecidos, através de sua compreensão, um olhar, um sentir, um enxergar as coisas, os acontecimentos em nossas vidas e as pessoas do nosso redor com uma lente diferente.

Além do mais, e de suma relevância, levar a transformar nossa relação com os outros e também a visão de nós mesmos, porque a imortalidade dinâmica amplia a consciência de quem somos e o nosso papel e atuação no mundo e isto sem dúvida se reflete em nosso comportamento.

Esta é uma escolha que deve ser feita por nós todos os dias para que se torne um estado cotidiano e esteja presente em nossas reflexões e atitudes.

 Concretamente sabendo da existência do plano extrafísico, está demonstrado que somos imortais e sendo a vida um continum, o intercâmbio do plano físico e extrafisico torna-se presente onde as vibrações energéticas interligam e interagem. Como na manifestação da mediunidade de todas as ordens onde a comunicação com os amigos espirituais é uma realidade e nos fenômenos que sugerem reencarnação através da lembrança de sua vida pregressa.

Assim percebemos que ser imortal é real. “A imortalidade sinaliza a natureza espiritual do ser inteligente. Ela o define como um ente que permanece”.

A imortalidade se expressa também quando traz esperança para lidar com os conflitos da vida e quando amplia nosso ponto de vista para o futuro para a evolução espiritual.

Como coloca o Espiritismo- Ciência da Alma- o conceito de espiritualidade, de sermos espíritos imortais, atemporais em nossa estrutura de vida nos traz benefícios e responsabilidades.

O objetivo da Ciência da Alma é desenvolver a espiritualidade na estrutura da pessoa. Lutar para que a espiritualidade seja inserida como natural no comportamento humano, sendo assim, a “Imoralidade ganha um novo sentido e um novo horizonte, como a seqüência natural da pessoa além do fenômeno da morte”.

Lutar porque sabemos a significância desse conceito- sabemos aonde queremos chegar, mas há um caminho a percorrer , é preciso encontrar ferramentas, estudo, persistência, coragem para alcança- lo. É uma jornada para se viver melhor.

Artigo foi publicado no Jornal Abertura de maio de 2022.

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