PROBLEMAS DA PUBERDADE
Jaci Regis
O episodio das pulseirinhas
coloridas que as adolescentes usam como
indicação visual de seus desejos de
relacionamento sexual chamou a atenção para o que todos sabemos:a extrema
vulnerabilidade dos púberes, adolescentes.
A aceleração das mudanças do
comportamento social que ocorreram a partir principalmente da segunda metade do
século vinte deveria ser a principal preocupação da sociedade.
As novas premissas e os
desmantelamento dos velhos padrões e a dilatação dos limites da liberdade de
agir, criaram rotas de colisão a que a maioria adere levadas pelo vendaval de
mudanças que serve, sobretudo, para atender os desejos das pessoas.
A sexualidade reprimida pelo
cristianismo explode agora sem uma ponderação. Destruídas as bases da repressão
cristã, o materialismo surge como resposta natural, porque motiva a busca do
prazer como única resposta capaz de dar algum sentido à vida corpórea.
Todavia, a estrutura psicológica
da pessoa baseia-se em valores que foram estabelecidos ao longo da evolução
social e, mais precisamente, na construção de uma individualidade espiritual
que, na atualidade, continua precária no seu equilíbrio e no discernimento das
razões da vida corpórea.
Não se trata, como muitos supõem, de restabelecer as crenças antigas, de resto
impossível. Mas de encontrar alguma base para o porquê da vida em termos de
satisfação de modo que o prazer se espraie como força criativa, sem dilacerar,
como tem acontecido, a própria pessoa.
Porque nosso equilíbrio emotivo,
nosso universo intimo, baseado, sobretudo, na emoção responde de formas auto agressivas,
penalizando a alma, destruindo a esperança e criando doenças de fundo espiritual
ou psicológico, que trazem a infelicidade e, muitas vezes, precipitam a pessoa
no abismo da insanidade moral e mental.
A
noção evolutiva das vidas sucessivas
Na visão pós-cristã as vidas
sucessivas, são entendidas como um instrumento da evolução. Mostra-nos que os
mecanismos da vida corpórea foram desenvolvidos para proporcionar o aprendizado
indispensável para a estruturação de uma individualidade equilibrada e, ao fim,
feliz.
Isso nos permite definir a vida
corpórea como um hiato evolutivo da vida da alma, do Espírito, atemporal e
imortal.
O fato de ser considerada um
hiato, não diminui, nem subestima o valor da vida corpórea...
Ao contrário, sendo esse hiato
fundamental para o desencadeamento das potencialidades intrínsecas do Espírito,
seu valor deve ser colocado no devido lugar.
Em conseqüência podemos afirmar:
·
A encarnação é um fato natural, cada encarnação é como se fosse a primeira;
O processo reencarnatório produz
em cada encarnação um novo ser. Todo o mecanismo da produção de uma nova
experiência corpórea conduz à criação de uma experiência traumática para o
Espírito, de modo que ele entre na vida basicamente “nu”, como é o bebe.. Ou
seja, despido de perispirito, personalidade, lembranças, como uma página em
branco do livro da existência.
·
Esquecimento do passado;
·
Sendo atemporal, o Espírito, traz
em si a permanente atualidade de seus méritos e deméritos. Inseridos na
estrutura dinâmica de seu desenvolvimento ético e intelectual. O processo de
desestruturação ocorrido durante a gestação produz um estado de latência da
memória e desfaz a personalidade atual.
·
Reestruturando a si mesmo;
·
Vencido o período inicial, bem ou
mal conduzido, o Espírito entra no período de reestruturação ou, seja, criar uma personalidade adequada ao
momento em que vive, de modo a poder relacionar-se com o mundo exterior como
alguém que chega pela primeira vez. Tentando situar-se no mundo.
Terá vivido pelo menos sete anos.
Ai começará a reconstruir seu caráter forjado pelos valores da família
e pela auto-herança que traz como individualidade permanente...
Enfim, preparando-se para a grande
virada - a puberdade.
·
Puberdade
Aos antigos limites da puberdade
foram corrompidos pela precipitação moderna ao despertar das paixões.
Quando entra na puberdade, a criança se defronta com desafios que
não esperava.
Saindo da infância agora ele é desafiado a definir seu destino mais
próximo.
A sexualidade é um desafio presente na explosão natural da
emotividade e das realidades biológica.
É época de afirmação pessoal, de encontrar parceiro, de ser aceito
no grupo em que se situa. E atualmente o relacionamento sexual está na base
desse relacionamento grupal, com todos os problemas que, muitas vezes,
desencadeia.
A sexualidade não se manifesta como uma linha reta, mas muitas vezes, tortuosa. E a realidade
sensível se conturba em muitos adolescentes, pressionados pelas dúvidas e questões
internas e o ambiente externo. O que preocupa é a prematura adesão ao jogo
sexual, sem um mínimo de maturidade física e psicológica.
A sexualidade natural em
jovens saudáveis e relativamente equilibrados, na idade certa parece ser o
menor perigo.
O perigo está na gravidez precoce. Nas doenças sexualmente
transmissíveis. No desvão da sexualidade compulsiva e nos conluios desviantes
das emoções.
Talvez a maior parte dos jovens passe a puberdade e chegue à idade
da juventude mais equilibrada, mais ou menos bem, ou seja, sem traumas maiores,
mas nem por isso sem seqüelas emocionais.
Outro caminho dificil é o apelo ao álcool e às drogas ilícitas. Na
verdade esse caminho não raro é sem volta.
Procura-se as causas da adesão tão grande de adolescentes ao uso de
drogas, isso em todas as camadas sociais. Ousaríamos pensar que decorre do
vazio intrínseco, depositado na alma imortal, que não foi suficientemente
superado na infância, devido a falhas de relação com os pais ou pela rebeldia
em aceitar qualquer disciplina ou limites, fomentados nas mentes em viez de pseudo independência próprios de
almas imaturas que pretendem superar os complexos pela ousadia ou pelo enfrentamento
das regras sociais.
Outro desafio que o adolescente enfrenta é o futuro econômico. Aí
precisa ter animo e estimulo para estudar e criar uma profissão.
Um fator moderno é a ligação compulsiva ou de fuga com o computador.
Em famílias sem bases autenticas de relacionamento e disciplina, jovens se
ligam aos programas da Internet como fuga da realidade, vivendo num mundo
virtual, onde exercitam suas emoções sexuais e seus desvios sensíveis, ligados
e isolados em seus quartos ou lugares isolados.Também entram nesse rol, as
necessidades ou não do trabalho precoce, desviando do estudo e limitando o
futuro profissional a níveis inferiores, marcando a vida e as relações do
futuro.
NR: Artigo Publicado no Jornal Abertura de outubro de 2015
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