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segunda-feira, 16 de outubro de 2017

As mulheres continuam morrendo. Deixam filhos. Alguém está preocupado? por Roberto Rufo

As mulheres continuam morrendo. Deixam filhos. Alguém está preocupado?


Em Reportagem Especial do Jornal O Estado de São Paulo de nome "Os Órfãos do Feminicídio"  somos informados que em pelo menos dois terços dos casos de feminicídio, a mulher assassinada é mãe. Na maioria das vezes deixa dois filhos e em 34% dos casos , pelo menos três. Os dados são de um estudo da Universidade Federal do Ceará que acompanha um grupo de 10 mil famílias vítimas de violência em nove Estados do Nordeste. O trabalho está sendo ampliado para mais quatro Estados : Rio Grande do Sul , Goiás, Pará e São Paulo. O número de órfãos , vítimas do feminicídio, deve aumentar significativamente quando esses dados tiverem sido coletados. Pode-se afirmar isso com uma certeza quase absoluta, pois o número de mulheres mortas em São Paulo bateu recorde em Agosto/2017.

Alguém está preocupado? O Judiciário está preocupado? Os nossos legisladores, em sua maioria homens , estão preocupados ou no momento o importante é salvar suas cabeças?

O Espiritismo jamais aceitará qualquer tipo de teoria que coloque a mulher em situação de inferioridade em relação ao homem. Como dizem os espíritos, somente entre homens pouco avançados do ponto de vista moral a força faz o direito. A instituições tais como a FEESP, a FEB, a USE e a CEPA estão preocupadas com esse quadro assustador do feminicídio? Já se manifestaram oficialmente em defesa da mulher? Se não o fizeram correm o risco de serem confundidas com as religiões neopentecostais, representadas por um pastor que ouvi um dia desses na televisão dizendo que a mulher não foi feita do pé do homem para estar debaixo dos seus calcanhares, contudo não foi feita da cabeça do homem para terem posição de mando no matrimônio . Foram feitas da costela do homem, diz o pastor, para ficarem numa posição subalterna a do homem . Aí fica difícil lutarem contra o feminicídio , que ao mais da vezes são consequência de posições independentes assumidas por algumas mulheres corajosas. Muitas pagam caro por isso. 


                                                                                                                                           Roberto Rufo .

                                        

domingo, 1 de outubro de 2017

O Valor de Uma Biblioteca Espírita - redação Jornal Abertura

Fazendo a Diferença: O Valor de Uma Biblioteca

Estamos em tempos novos, onde tudo ou quase tudo é digital, as pessoas não querem mais ter bibliotecas e descartam com facilidade os livros que leram. É compreensível, não que todos sejam iguais, mas aqueles que guardam seus livros muitas vezes são chamados de acumuladores.
Mas não foi sempre assim e bibliotecas, tem sim, um papel importante na história do conhecimento humano e em sua universalização.

Com toda a modernidade, computadores,  “smartphones” e “tablets”, a velocidade de aceso a conteúdo livre é enorme, não resta nenhuma dúvida que isto é incrível e que facilita em muito a nossa vida, no entanto, ainda há espaço para o conhecimento impresso. Podemos citar vários exemplos práticos, mesmo em instalações super modernas como plantas de geração de energia, ou centrais nucleares, é impressindível ter os documentos críticos impressos, para os casos de emergência, como falta de energia ou ataque cibernético. Num momento destes os desenhos impressos são os mais indicados.

Na história, principalmente nos séculos XIV e XV quando a civilização européia, pelo contato com os árabes que a estavam invadindo pela península hibérica ou pelos balcãs, puderam voltar a entrar em contato com obras originais gregas, que eram mantidas fora do alcance dos pensadores europeus pela centralização do conhecimento pela Igreja Católica. Ao serem traduzidas, causaram a segunda grande revolução do conhecimento humano, o renascimento. A primeira foi sem dúvida o desenvolvimento da escrita que nos tirou da pré-história. Este conhecimento de obras dadas como perdidas de grandes filósofos gregos, só foi possível pela existência da grande biblioteca de Alexandria, no Egito e por outras menores espalhadas por seus sudanatos.

A importância dada ao conhecimento no oriente contrastava com o que ocorria na Europa no mesmo período, pensar sobre isto hoje, nos demonstra que o livre-pensamento é importantíssimo e que a religião como forma de opressão do pensamento é também capaz de produzir uma inversão cultural entre ocidente o oriente, hoje na área dominada pelo Islã, em muitos países, livros são queimados, por serem considerados impúros, tremenda ironia.

Biblioteca da Cidade do Nova Iorque


É verdade que quase ninguém quer ter, nos dias de hoje enciclopédias, pois a velocidade do crescimento do conhecimento, torna uma obra destas obsoleta muito rapidamente. Para aqueles que cresceram ao lado delas e que gostavam de ler, ou pesquisar nas enciclopédias, sabem bem como era legal descobrir as coisas, ficar maravilhado. Isto, é verdade, não acabou, podemos fazer isto usando os navegadores da internet, apenas precisamos tomar o devido cuidado de verificar as fontes pois dizem que 50% do que está publicado na web é de conteúdo duvidoso.

O mesmo acontece com jornais e revistas que sofrem ao competir com o conteúdo “online”. Nosso jornal necessita buscar o tempo todo por novos leitores, para se manter viável, sites de grandes jornais limitam o acesso ao seu conteúdo online como forma de buscar mais assinantes, ou alguma forma de compensação. Agora qualidade tem preço, bons conteúdos, científicos, para serem acionados é preciso que as pessoas se inscrevam e paguem por isto. As bibliotecas virtuais, profissionais, custam muito dinheiro, pois precisam funcionar 24 horas por dia, 7 dias por semana, com velocidade de busca, ocupando grandes espaços virtuais, que custam dinheiro.

A elaboração de trabalhos científicos, obriga a leitura e referência de artigos confiáveis, recentes, isto seria impossível, nos dias de hoje, se eles não fossem de acesso virtual, no entanto grandes cidades como Nova Iorque, Paris ou São Paulo, possuem grandes bibliotecas reais, com acervos e coleções importantes de livros originais, registros históricos importantíssimos e que não puderam ser digitalizados.

Institutos como o Instituto Cultural Kardecista de Santos, por exemplo, possuem acervo de trabalhos e obras produzidas por seus sócios, bem como uma pequena biblioteca espírita e de assuntos correlatos, para suas pesquisas, possuímos também o acervo completo dos jornais publicados pelos periódicos espíritas Espiritismo e Unificação e Abertura. Pequisadores podem acessar com hora marcada, bastando entrar em contato pelo email do ICKS. Mesmo entre nós, muitos se perguntam, mas por que guardar tudo isto?

A resposta é simples, para que não cometamos os mesmos erros do passado, para manter acesa a chama da busca permanente do conhecimento e do desenvolvimento do livre-pensar.

Artigos importantes de nosso jornal, são publicaos em nosso blog, assim em qualquer lugar do planeta, podem ser lidos, mas não temos recursos suficientes para digitalizar tudo, de uma forma que permita uma consulta por palavras como por exemplo podemos fazer no “google”, mas quem sabe, não possamos um dia vir a ter isto também. Quem sabe usando resumos dos textos que sim poderiam ser encontrados por navegadores e desta forma asceder a uma cópia digital mais simples do artigo.
Na pesquisa que estamos realizando para o trabalho do ICKS no 15° SBPE, coletamos muito material, digitalizamos e em algum momento poderemos disponibilizar. São artigos relativos a assuntos onde nosso grupo de pensadores tem demonstrado serem progressistas.

Jornais são também marcadores do tempo. Pensem nisso. Só não se esqueçam de um pequeno detalhe, para que tudo isso seja viável, há que ter gente que o faça.

Nota: Artigo publicado no Jornal Abertura - Agosto de 2017


sexta-feira, 15 de setembro de 2017

O Futuro do Movimento que Queremos Construir - por Alexandre Cardia Machado

Na edição de Junho de 2017, publicamos na página 8 do jornal um artigo chamado “ O Futuro do Espiritismo” que tratava do dilema que sempre ocorre, quando estamos envolvidos num trabalho intensamente e paramos para pensar, se o mesmo terá continuidade.

Repito abaixo o último parágrafo do artigo, lembrando ao leitor que já não possui mais o jornal do mês passado que poderá econtrar o texto completo no blog do ICKS.

“... Também temos receio do que acontecerá com nosso movimento livre-pensador, não vemos muitos jovens. Tememos que termine em 20, 30 anos. Mas a análise da história nos permite dizer que prosperará, encontraremos formas de chegar aos mais jovens, certamente aparecerão muitas coisas diferentes, novas mideas, novas formas de atingí-los.

Este é o grande desafio do momento, penetrar na mente e no coração dos mais jovens, trazê-los para as ações espíritas, em nosso grupo, em especial,  para o pensar espírita.”

Buscando algumas respostas a como fazer com que aparecem coisas diferentes e que motivem o ingresso de novos pensadores na nossa cadeia produtora de ideias, chegamos a alguns pontos que precisam ser explorados:

- Como penetrar na mente e nos corações dos jovens para trazê-los para dentro do movimento?

- Como seria um Centro Espírita moderno, reinventado? - Na década de 90 do século passado, mudamos muitas de nossas casa de Centros Espíritas para Centros de Cultura Espírita, este modêlo pode ser considerado um modêlo de sucesso?

- O ICKS durante 10 anos, por ter tido uma localização favorável, em uma avenida de grande movimento, na cidade de Santos, buscou disseminar a ideia Espírita laica, através de cursos voltados para simpatizantes espíritas, foram mais de 500 pessoas que passaram por nossas salas. Qual o resultado prático disto no fortalecimento de nosso grupo?

- Desde 1995, quando no IV SBPE um grupo gaúcho apresentou uma metodologia nova, chamada Estudo Problematizador” uma onda de reuniões de estudos centradas em grupos similares a este se espalhou por casas espíritas livre-pensadoras, passou-se a discutir tudo, questionar tudo, aprofundar tudo, mas não obtivemos uma maior participação jóvem neste modêlo, por que?

Mais recentemente o ICKS demonstrou que é possível desenvolver trabalhos de pesquisa, profundos, bem elaborados por grupos formados com pessoas acima de 70 anos, destacamos dois trabalhos importantes produzidos: Um caderno Cultural - Análise da evolução do conceito de Reencarnação ao longo das obras de Allan Kardec, apresentado inicialmente no XXI Congresso da CEPA em Santos e que viorou Caderno Cultural. A seguir produzimos “Pode o Espiritismo ser considerado Ciência da Alma? Uma análise epistemológica da  proposta do pensador espírita Jaci Régis “ apresentado no 13° SBPE. Se conseguimos fazer isto com um grupo de maior idade, o que nos limita, por que não temos a mesma produção dos jóvens de mocidades?

Vou arriscar um pouco de conceitos gerencias aqui, nosso movimento livre-pensador é eminentemente livre, desconectado, feito à partir de inicitivas isoladas e em muitos casos individuais, nos falta coordenação e planejamento estratégico.

Os Centros Espíritas são realmente células autônomas e pertanto não se engajam muito em atividades municipais ou estaduais, não tem um cronograma de ações conjuntas, entende-se isto pois saímos exatamente de entidades federativas, para termos mais liberdade, portanto este movimento um tanto caótico é uma característica deste tipo de grupo semi-autônomo.

Consequência imediata do modêlo atual é a falta de incentivos aos jóvens para que troquem experiências entre grupos, a exemplo das antigas confreternizações como a COMELESPs, no caso do leste do estado de São Paulo. Onde os jóvens iam apresentar temas e discutir as ideias então em moda. Foram anos de abertura mental no Brasil. Nosso momento atual não é menos provocador, mas nos faltam mecanismos de concentração e discussão para jóvens.

Nos anos 80 e 90 do século passado, nasceram os debates sobre aborto, homosexualismo, liberdade da mulher, ser ou não ser religião, divórcio, toda uma gama de assuntos de vanguarda hoje totalmente incorporados nas leis e nas práticas cotidianas, quais são as discussões atuais que motivarão os jóvens?

A CEPA, em sua gestão passada fez um grande exercício de Planejamento Estratégico que terminou por implantar apenas um capítulo – destinado a descentralização, o que permitiria uma maior velocidade de tomada de decisão, mas acreditamos que questões centrais como a que propomos aqui, de como seremos em 10, 20 ou 30 anos não tem um forum de discussão e por conseguinte, nenhuma ação coordenada é tomada. A CEPA hoje se concentra na realização de eventos, o que é importante para despertar as pessoas e fazê-las pensar mas não é sufuciente para disseminar ações novas e/ou para gerar novos pensadores.


O 15° Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita irá propor esta discussão, através de uma Mesa Redonda. Você leitor que comparecerá ao evento, traga as suas questões e propostas.

Artigo publicado no Jornal ABERTURA agosto de 2017

domingo, 6 de agosto de 2017

O Futuro do Espiritismo - por Alexandre Cardia Machado

Esta questão preocupou muito Allan Kardec, em seu caso, como ficaria o Espirtismo após a sua desencarnação. Também foi alvo e ação de Amélie Gabrielle Boudet, sua esposa que guardou, enquanto viveu, a coerência do espiritismo àquela época, mantendo o rigor na publicação da revista Espírita que já corria grande risco de miscigenação com outras práticas espiritualistas.

Mas embora preocupado, Karde possiuía uma sensação clara de que o Espiritismo prosperaria, muito pelo grande avanço e penetração que havia tido nos primeiros 10 anos. Se por um lado havia a certeza de que cresceria, por outro havia a dúvida de como manter a Doutrina dentro dos parâmetros, como controlar o seu avanço, além da vida encarnada de seus criadores?

A preocupação com o porvir, com as novas gerações não é novo. Vejam esta frase: “ Os jovens de hoje gostam do luxo. São mal comportados, desprezam a autoridade. Não tem respeito pelos mais velhos, passam o tempo a falar em vez de trabalhar. Não se levantam quando um adulto chega. Contradizem os pais, apresentam-se em sociedade com enfeites estranhos”. Bem, nada animador, não é verdade? Esta frase é atribuída a Socrates o filósofo grego que a teria proferido há 2400 anos atrás. Portanto a dúvida é permanente, dá-se a isto o nome de anacronismo. Todos sabemos que as gerações que sucederam os gregos do quarto século antes de Cristo foram mais bem sucedidos que os da época de Socrates. Socrates foi professor de Platão, este de Aristóteles e Aristóteles de Alexandre o grande, que criou o primeiro grande Império no mundo ocidental.

Existe uma grande verdade no universo, é que tudo muda o tempo todo, gostemos ou não. Agora é possível pensar e agir para que uma ideia boa, uma doutrina importante não desapareça, foi assim que pensou Allan Kardec e o deixou por escrito. Tendo sido publicado, muito depois de sua morte no livro Obras Póstumas. Kardec dedica um capítulo   “ Meu Sucessor”. Trata-se que uma conversa com um espírito ocorrida na casa de Kardec.

“22 de dezembro de 1861 -  médium: Sr. d’A
Tendo uma conversação com os Espíritos levado a falar do meu sucessor na direção do Espiritismo, formulei a questão seguinte:

Pergunta — Entre os adeptos, muitos há que se preocupam com o que virá a ser do Espiritismo depois de mim e perguntam quem me substituirá quando eu partir, uma vez que não se vê aparecer ninguém, de modo notório, para lhe tomar as rédeas. Respondo que não nutro a pretensão de ser indispensável; que Deus é extremamente sábio para não fazer que uma doutrina destinada a regenerar o mundo assente sobre a vida de um homem; que, ao demais, sempre me avisaram que a minha tarefa é a de constituir a Doutrina e que para isso tempo necessário me será concedido. A do meu sucessor será, pois, mais fácil, porquanto já achará traçado o caminho, bastando que o siga. Entretanto, se os Espíritos julgassem oportuno dizer-me a respeito alguma coisa de mais positivo, eu muito grato lhes ficaria.

Resposta — Tudo isso é rigorosamente exato — eis o que se nos permite dizer-te a mais. Tens razão em afirmar que não és indispensável; só o és ao ver dos homens, porque era necessário que o trabalho de organização se concentrasse nas mãos de um só, para que houvesse unidade; não o és, porém, aos olhos de Deus. Foste escolhido e por isso é que te vês só; mas, não és, como, aliás, bem o sabes, a única entidade capaz de desempenhar essa missão. Se o seu desempenho se interrompesse por uma causa qualquer, não faltariam a Deus outros que te substituíssem. Assim, aconteça o que acontecer, o Espiritismo não periclitará. Enquanto o trabalho de elaboração não estiver concluído, é, pois, necessário sejas o único em evidência: fazia-se mister uma bandeira em torno da qual pudessem as gentes agrupar-se. Era preciso que te considerassem indispensável, para que a obra que te sair das mãos tenha mais autoridade no presente e no futuro; era preciso mesmo que temessem pelas conseqüências da tua partida. Se aquele que te há de substituir fosse designado de antemão, a obra, ainda não acabada, poderia sofrer entraves; formar-se-iam contra ti oposições suscitadas pelo ciúme; discuti-lo-iam, antes que ele desse provas de si; os inimigos da Doutrina procurariam barrar-lhe o caminho, resultando daí cismas e separações. Ele, portanto, se revelará, quando chegar o momento. Sua tarefa será assim facilitada, porque, como dizes, o caminho estará todo traçado ...

Pergunta — Poderás dizer-me se a escolha do meu sucessor já está feita?

Resposta — Está, sem o estar, dado que o homem, dispondo do livre-arbítrio, pode no último momento recuar diante da tarefa que ele próprio elegeu. É também indispensável que dê provas de si, de capacidade, de devotamento, de desinteresse e de abnegação. Se se deixasse levar apenas pela ambição e pelo desejo de primar, seria certamente posto de lado.

Pergunta — Freqüentemente se há dito que muitos Espíritos encarnariam para ajudar o movimento.
Resposta — Sem dúvida, muitos Espíritos terão essa missão, mas cada um na sua especialidade, para agir, pela sua posição, sobre tal ou tal parte na sociedade. Todos se revelarão por suas obras e nenhum por qualquer pretensão à supremacia.”

O Espiritismo seguiu, modificou-se uma corrente ficou mais religiosa, outra mais filosófica.
Também temos receio do que acontecerá com nosso movimento livre-pensador, não vemos muitos jovens. Tememos que termine em 20, 30 anos. Mas a análise da história nos permite dizer que prosperará, encontraremos formas de chegar aos mais jovens, certamente aparecerão muitas coisas diferentes, novas mideas, novas formas de atingí-los.

Este é o grande desafio do momento, penetrar na mente e no coração dos mais jovens, trazê-los para as ações espíritas, em nosso grupo, em especial,  para o pensar espírita.

Alexandre Cardia Machado é engenheiro, Chefe de Redação do jornal Abertura e reside em Santos, SP.

texto originariamente publicado no Jornal Abertura de Julho de 2017.


sexta-feira, 7 de julho de 2017

É possível ser livre-pensador espírita? por Alexandre Cardia Machado

É possível ser livre-pensador espírita?

Muitos de nós já nos fizemos esta pergunta, seria possível ser livre-pensador espírita? O fato de nos auto denominarmos espíritas, já não trás consigo uma série de restrições ao pensamento?
Tentando responder esta inquietação, poderíamos pensar que ter o pensamento livre nos permite ir além dos conceitos originais da Kardequiana, comparar o que foi dito e pesquisado, ao tempo de Kardec, com os avanços das diversas áreas do conhecimento humano atuais. Podemos também incoporar novos ensinamentos espirituais, desde que façam sentido.

Ser livre-pensador é não aceitar amarras, outras que não sejam as do limite da razão, é questionar o até então considerado verdade, buscando sempre um novo aprofundamento, uma nova abordagem, ou mesmo uma nova aplicação para um determinado conhecimento.

Trazer novos conhecimentos, para o âmbito do Espiritismo, nos torna Livre-Pensadores Espíritas. A espiral do saber não para nunca, quando algo novo é descoberto, volta-se ao que sabíamos antes e por obrigação, devemos repensá-lo, este é o método científico. A cada evolução de instrumentos de medição, de métodos de estudos, de novos estudos publicados, outras pessoas podem apoiar-se sobre este conhecimento e fazer novas perguntas, novos testes, enfim aprimorar o conhecimento até então dominado sobre uma área de saber.

Esta sistema de perguntar e testar as respostas é o que produz o conhecimento, as perguntas movem o mundo, através de novas respostas. Isto acontece em todas as áreas. Esta é a razão principal de Allan Kardec escrever, no livro a Gênese que: “Assimilará as idéias reconhecidamente justas, de qualquer ordem que sejam físicas ou metafísicas. Pois não quer ser jamais ultrapassada, constituindo isso uma das principais garantias de credibilidade”.

Ser livre-pensador é ser questionador, inconformado, ser culto, integrado, atualizado, ser livre-pensador é ser progressista por natureza, pois estaremos sempre pensando em coisas novas, novas perspectivas, um novo olhar.

Estas considerações, não se restringem apenas ao aspecto científico, vale para tudo, para uma análise social, para uma abordagem poética, não importa. O mundo muda o tempo todo, os conceitos evoluem, novos problemas éticos surgem e merecem uma nova observação e um novo pensamento sobre eles.

Aqui está a beleza, a estética de uma Doutrina em permanente mutação. Mudanças estas que devem ser feitas observadas algumas condições que permitam a formulação deste pensamento livre e isto seria através do método científico. Recorro a Reinaldo di Lucia, em seu trabalho “ EPISTEMOLOGIA E CIÊNCIA ESPÍRITA - Contribuição para Debate” donde extraio:

“Assim, podemos definir os princípios do moderno método científico:

- A experimentação, através da qual se pode comprovar ou não a teoria, e que permite a repetição por qualquer cientista convenientemente aparelhado.

- A universalidade, isto é, a confirmação dos experimentos em diversos locais por diversos cientistas.

- O critério de falseabilidade, que permite que uma teoria possa ser falseável, para que possa, também, ser convenientemente demonstrada.

- A quantificação, que permite uma delimitação precisa do "até onde" podemos considerar válida a teoria. A partir da definição do princípio da incerteza, esta quantificação passou a incluir, necessariamente, critérios estatísticos.

Seguir estes passos, garantem ao menos uma ordem, um processo facilmente reproduzível, explicável, e vale, como já mencionamos, para todos os aspectos do conhecimento.

Assim voltando à questão de ser Livre-pensador Espírita, sim, temos limites metodológicos e de princípios. Pois se ao estudarmos, refletirmos, venhamos a mudar algum ponto central do Espiritismo, alteraremos tanto a Doutrina que ela necessariamente passaria a ser outra coisa. Agora se este princípio central se demonstrar errado, não haveria outro caminho a seguir senão denunciá-lo, pois não poderíamos admitir um erro central no Espiritismo, pelo medo de balançar as estruturas. Este risco tem que estar presente sempre, pelo bem do progresso do conhecimento. Este seria quem sabe exatamente este ponto que diferencia o Espiritismo de uma religião.

Este risco é intrínseco ao Espiritismo, desde a sua fundação, pois Kardec o considerava progressivo: do trabalho do ICKS - Pode o Espiritismo ser considerado Ciência da Alma?  Uma análise epistemológica da  proposta do pensador espírita Jaci Régis


“Porque já dizia que o Espiritismo terá que estar alinhado ao desenvolvimento das ideias que contribuem para o melhor entendimento do homem.
É progressista porque atendendo os anseios da alma que está em evolução acompanhará as mudanças e crescimento para atender os seus conflitos, problemas, respondendo as suas inquietações.

As regras de moralidade e as relações sociais e interpessoais progridem e a ciência da alma terá que interagir com estas mudanças, influindo e sendo influenciada para que siga progredindo.”
Este caráter de progresso atende a lei de progresso e é sustentado por Kardec na criação da Doutrina Espírita num de seus postulados como coloca Jaci no livro Doutrina Kardecista “é capaz de superar os entraves contextuais e projetar-se para o futuro, porque teve a sabedoria de abrir o caminho para o progresso, de tal forma que seria capaz de reciclar-se, aceitando as novas idéias e mudar o que fosse necessário para não imobilizar-se, que seria, disse, o suicídio da doutrina”.

Reafirmado no livro A Gênese “Um último caráter da revelação espírita, a ressaltar das condições mesmas em que ela se produz, é que se apoiando em fatos, tem que ser, e não pode deixar de ser, essencialmente progressiva, como todas as ciências de observação...”

Portanto, ser Livre-Pensador Espírita obriga a pensar com responsabilidade, visando o aprimoramento e atualização de uma Doutrina que tem a capacidade de abrir um caminho para o engrandecimento da sociedade, de uma maior compreensão da sua imoratalidade dinâmica.
O jornal Opinião de Porto Alegre publicou em sua última edição de Janeiro/Fevereiro um artigo denominado “Os Espíritas são Livres-Pensadores” de onde extraio uma frase muito interessante de Allan Kardec “ O Livre-pensamento eleva a dignidade do homem, dele fazendo um ser ativo, inteligente, em vez de uma máquina de crer”.

Recorro a Allan Kardec, que na revista Espírita no ano de 1867 escreve um artigo denominado “ Livre Pensamento e Livre Consciência” que foi analisado aqui no ABERTURA na coluna Revista Espírita em Foco de Julho de 2016, lá Kardec assim se refere “ é o Espiritismo, como pensam alguns, uma nova fé cega substituíndo a outra fé cega? Por outras palavras, uma nova escravidão do pensamento sob nova forma? Para o crer, é preciso ignorar os seus primeiros elementos. Com efeito o Espiritismo estabelece como princípio que antes de crer é preciso compreender. Ora, para compreender há que usar o raciocínio ... Não se impõe a ninguém; diz a todos: Vede, observai, comparai e vinde a nós livremente, se vos convier”. Acredito que o que precisa ser dito está mais do que exposto.

Alexandre Cardia Machado




segunda-feira, 1 de maio de 2017

Uma dor que parece não ter fim por Roberto Rufo

Uma dor que parece não ter fim 



" O Maior é o que serve " . ( Jesus de Nazaré ) .


                                                       " Não é tudo dizer ao homem que ele deve trabalhar , é preciso ainda que aquele que espera do seu labor encontre em que se ocupar, e é o que nem sempre ocorre " ( comentário de Allan Kardec à pergunta 685 ).

                                              O Brasil já tem 14,2 milhões de seres humanos à procura de uma vaga de emprego , praticamente o equivalente à população dos Estados de Pernambuco, Sergipe e Piauí juntos . A taxa de desemprego alcançou a marca recorde de 13,7% no trimestre encerrado em Março/2017.

                                              Isso se deve à péssima gestão econômica de bandidos travestidos de políticos que assaltaram o poder nas esferas municipal , estadual e federal e que hoje se traduz em dor e sofrimento para milhares de famílias.

                                            " Quando a suspensão do trabalho se generaliza, toma as proporções de um flagelo como a miséria " . ( comentário de Allan Kardec à pergunta 685 ) . Agora assistimos na televisão os delinquentes culpando uns aos outros pela grave situação . Assumir responsabilidades nunca foi o forte deles . Falta-lhes a educação que consiste na arte de formar caracteres e com isso adquirir hábitos de pensar no próximo como um ser que merece atenção e respeito.

                                                                                                                                           Roberto Rufo .
                                            

sábado, 29 de abril de 2017

Os três anos que mudaram o Brasil - por Alexandre Cardia Machado

Os três anos que mudaram o Brasil

Não há como parar de pensar em como a operação da Polícia Federal denominada Lava-Jato mudou o país, e refletir no porquê chegamos a este ponto e no que mudará após o seu término?

Começaríamos listando uma série de acontecimentos relacionados à operação Lava-Jato:
Escândalo envolvendo altos escalões do governo, mostrando um descontrole proposital ou não na gerência das empresas do governo. Não foi a causa básica mas contribuiu para o impedimento  da Presidente da República.

Os ex-presidentes do Senado e da Câmara foram removidos do cargo, sendo que o ex-presidente da Câmara dos Deputados já foi condenado em primeira instância.
Dois ex-governadores do mesmo estado, presos no mesmo dia.
Muitos empresários de sucesso e as diretorias de grandes construtoras foram presos e condenados.
Dezenas de políticos acusados, em delações premiadas.
Foro previlegiado de parlamentares em discussão.
Vários parlamentares que já perderam o mandato.
Incontáveis Ministros de Estado precisaram deixar o cargo por serem acusados ou por tramarem contra a operação Lava-Jato são alguns exemplos disto.

Mas o que isto afeta o cidadão comum. Como nós leitores do ABERTURA reagimos a tudo isto, e o país de uma forma geral?

É evidente que nem todos reagem da mesma forma, uns acham que a legislação existente hoje é ainda muito frouxa, permitindo brechas para os que buscam vantagem ilegal, outros entretanto, pensam que foi dado poder demais para a Polícia. Tudo isto porque a avalanche de corrupção nos deixa atordoados, culpar a polícia seria equivalente a culpar o guarda por nos multar, quando estamos com excesso de velocidade. A origem da multa está no egoísmo e não no controle exercido pelas autoridades.

Estamos todos mais atentos e isto nos fortalece como sociedade. Todas as grandes coorporações se já não dispunham de um sistema de “compliance” ou integridade passaram a adotá-los. Esta é uma mudança importante.

Poderá acontecer uma mini reforma do legislativo, alterando as regras de formação de chapas de candidatos  ao parlamento e a forma de  financiar campanhas, mas nada disso funcionará se não passarmos a acreditar que realmente temos vóz, que somos ouvidos e respeitados.

Acreditamos que pouco a pouco é maior a percepção de que o crime, pode não compensar. 

Especialmente esta classe de crime de colarinho branco que quase nunca se dava mal. Isto mudou.
Como tudo terminará, quantos anos mais teremos de conviver com estas notícias é uma resposta que não saberíamos dar, mas fica a convicção de que ao passarmos por isto geraremos uma Nação.

Tomando as palavras de Allan Kardec, nossas esperanças estão depositadas nas novas gerações que estão encarnando na Terra,  sejam elas “ compostas de Espíritos melhores, ou Espíritos antigos que se melhoraram, o resultado é o mesmo. Desde que tragam disposições melhores, há sempre uma renovação ... “. Que nossos jovens absorvam tudo o que está acontecendo e tirem disto uma lição,  conseguindo a partir desta vivência seguir um caminho mais positivo. Tornando  sua vida mais proveitosa e mais focada no bem comum, menos imediatista e egoísta.


As novas gerações trazem este potencial renovador, com mais disposição, pois a velha guarda de hoje, fracassou, esqueceu os seus sonhos de juventude na amargura da busca do luxo, sem ética.

NR - texto originalmente publicado no Editorial do Jornal Abertura de Março de 2017

domingo, 9 de abril de 2017

Recuperação Econômica - por Roberto Rufo "dialogando" com Domenico De Masi

Domenico De Masi .

Entrevistado pelo reporter Ubiratan Brasil do Estadão o sociólogo italiano Domenico De Masi falou de seu novo livro " Alfabeto da Sociedade Desorientada " , onde analisa a desorientação do mundo, a queda das ideologias e o impacto dos avanços tecnológicos na sociedade atual . Cabe uma análise levando-se em consideração os conceitos espíritas da resposta dada à seguinte pergunta :

. Por que o senhor acredita que a expressão " recuperação econômica " não passa de uma invenção da elite governante ?

" Em nenhuma nação do mundo a elite governante demonstra ter a inteligência adequada para resolver os problemas que estão à sua porta . O comunismo perdeu, mas o capitalismo não ganhou . O comunismo sabia distribuir a riqueza, mas não sabia produzí-la, enquanto o capitalismo sabe produzir a riqueza, sem saber distribuir . São gastos bilhões na publicidade da comida de gatos , mas faltam financiamentos mínimos para garantir a nossas crianças o direito ao estudo ou à saúde .

O PIB do planeta cresce de 3% a 5% . Apesar disso , o Brasil, como em grande parte do mundo, não se consegue acabar com a pobreza, a violência, a corrupção e o analfabetismo . Sobretudo, as elites governantes não conseguem considerar a felicidade dos cidadãos como principal objetivo de todo bom governo " .

  Minha contribuição ( Roberto Rufo) : partindo da moral de Jesus de Nazaré , o Espiritismo defende o amor ao próximo e a busca de concialiação entre todas as classes sociais . No campo da educação , por exemplo , em se tratando do Brasil ,a busca de nossas elites pelo ensino particular e caro , afastou o contato das crianças de todas as classes . É notório o " temor " de certas pessoas em colocar seus filhos numa escola pública . É como se estivessem " diminuindo " a categoria de seus filhos .

A partir daí seria ingênuo imaginar que os " winners " (os vencedores )  olhariam frontalmente para os problemas dos " loosers " ( os perdedores ) . Tanto isso é verdade , que no ranking da educação o Brasil aparece num lugar humilhante . As consequências são do conhecimento de todos . 

A doutrina espírita é rica no impulso ao avanço social . A presença dos dirigentes espíritas no debate nacional é paupérrimo .


                                                                                                                                                 Roberto Rufo .

domingo, 5 de março de 2017

Livre Pensamento e Livre Consciência - por Egydio Régis

Revista Espírita em foco (LXXV)

Livre pensamento e livre consciência


Abrindo o exemplar de fevereiro de 1867, Kardec escreve um longo e denso artigo com o título acima. Trata-se de uma análise crítica à posição de dois jornais parisienses denominados:  Libre conscience e La libre penseé. Assim começa o mestre: “ Num artigo do nosso último número, sob o título de Olhar retrospectivo sobre o movimento espírita, fizemos duas classes distintas de livres pensadores: os incrédulos e os crentes e dissemos que, para os primeiros, ser livre pensador não é apenas crer no que se quer, mas não crer em nada; é libertar-se de todo o freio, mesmo do temor a Deus e do futuro; para os segundos, é subordinar a crença à razão e libertar-se do jugo da fé cega”. Obviamente o cerne dessas publicações era desacreditar toda e qualquer crença de ordem metafísica ou espiritual, pois sua orientação é absolutamente materialista. Claro que o Espiritismo e suas ideias era um dos alvos preferidos. Kardec argumenta com muita propriedade que não existe livre pensamento quando se pretende limitar seu campo a aspectos puramente materiais e simplesmente ignorar tudo o que está fora da possibilidade de comprovação científica. Diz Kardec: “ Desde que o pensamento é detido por uma convicção qualquer, não é mais livre. Para ser consequente com vossa teoria, a liberdade absoluta consistiria em nada crer, nem mesmo em sua própria existência, porque isto seria ainda uma restrição... Encarado deste ponto de vista, o livre pensamento seria uma insensatez”  E dá uma noção mais ampla do que seria o livre pensamento: “ Em sua concepção mais larga, o livre pensamento significa: livre exame, liberdade de consciência, fé raciocinada: simboliza a emancipação intelectual, a independência moral, complemento da independência física...” Kardec reforça a impossibilidade de livre pensamento quando se restringe sua atividade, escravisando-o  à matéria. Significa dizer: “ Tu és o mais livre dos homens, com a condição de   mais longe do que a ponta da corda a que amarramos”. E em relação ao Espiritismo, o que dizer quanto à sua filosofia de livre pensar e de livre escolha, vejamos o que ensina o mestre: ” É o Espiritismo, como pensam alguns, uma nova fé cega substituída a outra fé cega? Por outras palavras, uma nova escravidão do pensamento sob nova forma? Para o crer, é preciso ignorar os seus primeiros elementos. Com efeito o Espiritismo estabelece como princípio que antes de crer é preciso compreender. Ora, para compreender há que usar o raciocínio... Não se impõe a ninguém; diz a todos: Vede, observai, comparai e vinde a nós livremente, se vos convier”.

Egydio Régis

Artigo publicado no Jornal Abertura de Julho de 2016 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

O MITO DO PROGRESSO por Roberto Rufo e Silva

O MITO DO PROGRESSO

“O progresso roda constantemente sobre duas engrenagens. Faz andar uma coisa esmagando sempre alguém”. (Vitor Hugo).

“O progresso, sendo uma condição da natureza humana, não está ao alcance de ninguém a ele se opor”(Allan Kardec).
 Andrew Jackson foi um advogado e político americano. Foi o sétimo presidente dos Estados Unidos, de 1829 a 1837.  Jackson foi uma figura polarizadora, que dominou a política americana dos anos 1820 aos anos 1830. Sua ambição política, combinada com a ampliação da participação política por mais pessoas moldaram o moderno Partido Democrata. Famoso pela sua dureza, ele era apelidado de”Old Hickory”(Velha Nogueira).Talvez o aspecto mais controverso da presidência de Jackson tenha sido a sua política em relação aos índios americanos. Jackson foi um líder defensor de uma política conhecida como Indian Removal (Remoção Indígena). Enfim, Jackson imprimiu um grande progresso material aos EUA, todavia a um custo elevado de vidas indígenas, cujas terras possuíam riquezas minerais que precisavam ser exploradas.

Há palavras que adquiriram com o tempo um significado totalmente positivo, colocando suas palavras antônimas em situação de desprestígio. Progresso é uma delas. Quando se diz que um sujeito é progressista, logo definimos que”lá vai um cara bom ajudando o mundo”. Quanto ao seu contrário, o sujeito dito conservador, logo afirmamos que “lá vai um cara que não deseja um mundo melhor”. Isso acontece também na relação otimista/pessimista. Dizia um professor que o pessimista só é otimista quanto ao futuro do pessimismo.

Mas será mesmo que todo”progresso”( científico, social ou material ) é realmente um passo a mais na evolução espiritual, ou temos comido muito gato por lebre? 

 A Doutrina Espírita na sua Lei do Progresso nos oferece um balizador interessante quando os espíritos em resposta à pergunta 779 nos falam que o progresso tem que se fazer pelo contato social e que todo progresso intelectual tem que estar embasado num progresso moral, que infelizmente nem sempre o segue imediatamente. É isso que nos interessa conceituar quanto à Lei do Progresso. Outras afirmações, tais como, de que existem povos rebeldes que se colocam contra o progresso (os índios americanos por exemplo) e que por isso serão naturalmente aniquilados de alguma forma são datadas e ultrapassadas. Além disso os espíritos complementam seu pensamento dizendo que nós mesmos, os civilizados, um dia fomos rebeldes. Hoje já não se aceita mais essa relação”civilizados/selvagens”.

Atualmente o ser humano consegue destruir um”campo rebelde”em Alepo na Síria com foguetes teleguiados por satélites com uma margem de erro de aproximadamente três metros do alvo a ser atingido. Será isso um progresso? Mesmo assim às vezes os foguetes erram o alvo e acabam atingindo escolas ou hospitais com consequências dramáticas. Mas não percamos a esperança , novos ”progressos”virão e não erraremos mais o alvo. 

Em seu livro”O Mito do Progresso”, Gilberto Dupas não sem razão nos alerta que esse discurso dominante de que todo progresso é bom, traz também consigo a justificação indevida à exclusão, à concentração de renda e aos graves danos ambientais. A Doutrina Espírita nesse ponto é esclarecedora ao colocar o orgulho e o egoísmo como o maior obstáculo ao progresso. Faço aos leitores a indagação do Professor Gilberto Dupas :”O que significa, afinal, a palavra progresso no imaginário da sociedade global que vive o início do século XXI”?

Para o autor o que definitivamente consolidou a ideia contemporânea de progresso foi a revolução provocada por Darwin com sua Origem das Espécies, publicada em 1859.  A partir daí, nos ensina Dupas, o mundo produziu uma vasta literatura em ciência social em que progresso era sempre suposto como axioma. Ou seja, diz ele, a ideia de progresso permeou a quase totalidade da obra de Hegel, estruturada sobre a dialética, que seria uma fonte propulsora infinita do progresso.
Um dia ainda escreverei um artigo intitulado”O Mito da Dialética”. O Espiritismo dito progressista, a meu ver,abraçou em demasia esse mito como sendo algo intrínseco e inerente ao discurso espírita.  Marx também acreditou profundamente no progresso histórico e inexorável da humanidade.

Faz-se necessário um pouco de descrença nesse mito do progresso como algo essencialmente bom. Vamos voltar a ler Schopenhauer, Kierkegaard, pois um pouquinho de”pessimismo”é salutar. Duvidemos do que nos parece óbvio. Após a queda do socialismo real, passou-se acreditar que só existe um tipo de progresso. Alguém preconizou até que seria o fim da história.  
                                              
Faço uma pergunta a vocês : quem pode se dizer otimista e acreditar piamente de que qualquer sociedade complexa só se viabiliza pela auto-regulação da economia de mercado? Uma fábrica nos EUA pagava 20 dólares a hora aos seus empregados. Seguindo as leis do mercado transferiu-se  para o México, onde pagava 5 dólares a hora. Aperfeiçoando-se ainda mais pelas regras do mercado, agora impostas pela China, mudou-se para lá onde paga agora  2 dólares a hora. Podemos falar em progresso? Se sim, como fica o tal avanço moral? Causou desemprego nos EUA, aumentou o”círculo da ferrugem”em seu país (pesquisem), alimentou o trabalho aviltante na China e por tabela ajudou a eleger o Donald Trump, que soube explorar habilmente essa situação. 

Finalizo passando a vocês uma tarefa. Leiam por favor com atenção a resposta dos espíritos e os comentários de Kardec à pergunta 793. (Por quais sinais se pode reconhecer uma civilização completa?). É ótimo.


                                                                                                                                                   Roberto Rufo.


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

A poética das vidas intinerantes - Por Ciro Pirondi

A Poética das Vidas Itinerantes


Ciro Pirondi*


O olhar estético sobre a existência comumente é associado à dimensão do desnecessário, do supérfluo. Nosso comprometimento com a lógica, com a razão, ensinou-nos a ver na estética, no belo, seus contrários. “Não precisa ser belo, deve funcionar...”, frase comum de ouvirmos no cotidiano das pessoas.

Ciro Pirondi


A “eficiência” toma conta do mundo, do Homem Máquina, razão, capaz de entender tudo, construir máquinas cada vez mais perfeitas, em uma sociedade comprometida com a produção em série, com o desespero pelo consumo priorizando o crescimento econômico. Tratamos cada vez mais a educação como se seu objetivo principal fosse ensinar os alunos a serem economicamente produtivos, ao invés de ensiná-los a raciocinar criticamente e a se tornarem cidadãos instruídos e compreensivos. A perda dessas capacidades básicas põe em risco a saúde das democracias e a esperança de um mundo decente. Somos uma máquina de ansiedade, ligada no automático, em uma sociedade desorientada.
O homem máquina é consequência de um sistema de valores baseado no lucro e no sucesso individual. O trabalho, via de regra, é punitivo e a insegurança consome nossas energias.
Nesse contexto da máquina como espelho, não podemos admitir o erro com um olhar acolhedor, e entender que falhar nos ajuda a crescer e construir um caminho com múltiplas possibilidades. Difícil pensar assim em uma sociedade na qual a palavra de ordem é eficiência. Somos uma engrenagem constituída para produzir sem reflexão, sem questionar. Esquecemos do velho provérbio indiano sobre a transformação: “A nuvem bebe água salgada e chove água doce”.

Livreto distribuído pelo autor no XIV SBPE


Estamos com o botão da reflexão crítica desligado.

Esse estado de cegueira está nos levando a desconfiar do futuro; no entanto, o mundo só melhorou. A média de longevidade ampliou-se muito; as tecnologias diminuíram o trabalho braçal; os meios de comunicação encurtaram a distância entre os homens; pensamos com muita seriedade na possibilidade de construirmos cidades e civilizações em outros planetas.

Habitar o universo.

Contraditoriamente, no entanto, não diminuímos a distância entre ricos e pobres; marginalizamos as mulheres; praticamos chacinas como as de Osasco; discriminamos as minorias; o poder está nas mãos de incapazes...

A aflição de nossa solidão, como descreve o sublime Garcia Márquez, nos faz continuar buscando nossa Macondo ou com Homero, a eterna travessia de Odisseu (o Ulisses romano), em sua jornada pelos mares revoltos. Vezes em lugares mágicos. Vezes em situações terríveis, a nos mostrar ser mais importante na travessia da vida, não onde vamos chegar ao final, mas a maneira como seguimos por ela.

Se optarmos por seguir como máquinas, talvez “a máquina do Mundo”, como no belo poema de Drummond, nos destrua. Mas se amplificarmos as fronteiras do que ainda temos para
descobrir, inventar novas alternativas, com serenidade e sabedoria e entendermos que todo excesso nega o fim proposto, desenhando os caminhos do meio de Buda, não permitindo que o crescimento econômico sirva apenas para destruir a natureza; criar profundas desigualdades, descontentamento e violência entre os desfavorecidos e marginalizados.

O que importa saber é: quais são os ideais políticos, éticos deste homem máquina? Se ele pretende ou ajuda construir uma sociedade justa, humana e compassível?

Penso ser a possibilidade de vidas itinerantes uma alternativa possível.

Fundamento este raciocínio na dimensão de tempo que esta alternativa possibilita. Tempo onde todo o universo flui e se insere; incluso a vida, as fragilidades e sua rapidez.

Como é possível apenas 80 ou 90 anos para aprendermos os conhecimentos já descobertos? Como podemos educar nossos ouvidos e vistas às belezas da música e das artes em apenas 80 anos?

O Espiritismo, como é natural para o período no qual ele surgiu; apostou todas suas reflexões na lei de causa e efeito de maneira cartesiana, ou seja, a toda ação corresponde uma relação direta e imutável, muito ainda influenciada pelo conceito de punição e pecado. E, em um segundo preceito, o da supremacia da razão. Razão pura, Kantiana, crítica e único caminho possível para evoluirmos e encontrarmos a plenitude da vida.

O século XX e XXI nos inundou de outras possibilidades.

Pierre Lévy em seu texto “Inteligência coletiva” afirma: ‘Hoje, o Homo sapiens enfrenta a rápida modificação de seu meio, da qual ele é o agente coletivo, involuntário’. Sugere a via da inteligência coletiva. Tenho a intuição ser este o caminho capaz de produzir novos sistemas de signos, nova forma de organização social, e regulação que nos permitiriam pensar em conjunto.

Nossas forças intelectuais e espirituais multiplicaram nossas imaginações e experiências.

Aprenderíamos, aos poucos, diz o filósofo, a “nos orientar num cosmo em mutação”.

A razão, por si, como pensávamos no século XIX, não basta. A vida é mais bela e complexa. Não cabe em uma lei que pretendia ser totalitária e completa.

Arthur Conan Doyle, por exemplo, um escritor de inteligência iluminada e com uma imaginação invejável, com seu principal personagem - Sherlock Holmes -, chega a afirmar em seu livro “A História do Espiritismo”, que se a reencarnação não fosse uma verdade, precisaria ser inventada para satisfazer a razão. Mesmo um homem de brilho raro como ele, joga tudo na razão.

As reflexões apresentadas aqui no Simpósio Brasileiro do Pensamento Espirita visam compartilhar e apontar a possibilidade de acrescermos a dimensão poética da existência, conjuntamente à razão, à lógica tão valorizada nos meios acadêmicos e espíritas.

Compreendermos e valorizarmos, de verdade, as descobertas artísticas; educarmos nossos ouvidos para percebermos nas sonatas de Mozart tanto valor para o desenvolvimento humano, quanto nas descobertas de Newton ou Einstein; ele mesmo um exímio violinista que afirmava serem elas, as sonatas de Mozart, a expressão mais próxima de sua concepção de desenho do universo.

Se em alguns milênios o Homo habilis tornou-se sapiens, rompeu uma barreira, lançou-se no desconhecido, inventou a Terra, os deuses e o mundo infinito de significação, o que proponho aqui é inventarmos, uma inteligência coletiva, capaz de associar Razão e poética à dimensão das vidas itinerantes. Criarmos uma nova linguagem para o Espiritismo. Este é o nosso principal desafio para este século, cujo resultado não veremos, pois as mudanças de linguagens são obras de gerações.
Mas devemos intuir algo novo. Podemos e desejamos, por pura alegria, contar aos “outros” o quanto é bom e leve sabermos sermos seres projetados no tempo, termos o Universo como nossa casa, e não apenas este pedaço de Terra.

Entendermos de maneira dialética, sabedores desde futuro, ser o presente, tudo o que temos, o mais importante a ser vivido, experimentado. A felicidade não está fora de nós e eu um outro tempo. Com a dimensão poética das vidas itinerantes nos educaremos, onde, com quem e com o que temos hoje.
Em “Emílio ou da Educação”, Rousseau escreve: ‘Cada um perceberá que a própria felicidade realmente não está em si, mas depende de tudo aquilo que o circunda’. Mais tarde, a propósito da felicidade, Marx irá mais longe: ‘A experiência define como felicíssimo o homem que tornou feliz o maior número de outros homens... Se escolhemos na vida uma posição em que possamos melhor operar pela humanidade, nenhum peso nos pode envergar, porque os sacrifícios são para o benefício da humanidade; então, não provaremos uma alegria mesquinha, limitada, egoísta, mas a nossa felicidade pertencerá a milhões de pessoas, as nossas ações viverão silenciosamente, mas para sempre’. (DE MASI, 2014).

Em uma passagem de Fedro, na qual Platão descreve Sócrates que, já ancião e cansado, durante uma abafada tarde de verão se protege num lugar sombreado e aprecia toda a simples fruição que o local oferece: “Ah! Por Hera, que lugar magnífico para se fazer uma pausa! O plátano oferecendo uma sombra maravilhosa! Em plena floração, como está, o lugar não poderia ser mais perfumado. E o fascínio ímpar desta fonte que corre sob o plátano, a frescura da sua água: basta pôr o pé para me assegurar... E diga-me, por gentileza, se o ar puro por aqui se respira não é desejável e extraordinariamente agradável! Clara melodia do versão que faz eco ao coro das cigarras. Mas a mais saborosa dentre essas belezas é este prado, com a natural doçura da sua inclinação, a qual permite, quando nele se deita, que a cabeça fique numa posição perfeitamente confortável” (DE MASI, 2003).
Não concluo, pois é impossível concluir, apenas intuo ser urgente pensarmos associar à tese das vidas itinerantes, além da necessária exploração científica da razão e dos relacionamentos com novas descobertas da neurociência, das pesquisas sobre o cosmo, a educação com os aspectos da poética na construção do Homem espiritual e eterno.

BIBLIOGRAFIA

 DE MASI, Domenico. O futuro chegou – Modelos de vida para uma sociedade desorientada. [tradução Marcelo Costa Sievers]. 1ed. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2014.
 DE MASI, Domenico. Criatividade e grupos criativos. [tradução Léa Manzi e Yadyr Figueiredo]. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.


* Ciro Pirondi é Arquiteto e Urbanista. Graduado em Arquitetura e Urbanismo (1980), possui doutorado (1980/1982), pela Escola Técnica Superior de Arquitetura – Universidade Politécnica de Catalunya – Barcelona – Espanha. Diretor da Escola da Cidade – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (SP), desde 2002 até o momento. Conselheiro da Fundação Oscar Niemeyer, Casa de Lúcio Costa, Instituto de Arquitetos do Brasil e do IBAC (Instituto Brasileiro de Arte e Cultura). Escritório próprio desde 1983 (Ciro Pirondi Arquitetos Associados).

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

O Processo de Mudanças do Espiritismo - por Roberto Rufo

O Processo de Mudanças do Espiritismo.

" Sua excelência atingiu o cume da ignorância, e no entanto prosseguiu ". ( Millôr Fernandes ).

" Aos vinte anos de idade eu achava o meu pai um completo idiota. Hoje aos 40 vejo como o velho evoluiu nos últimos 20 anos". ( Mark Twain ).

" O progresso moral é uma consequência do progresso intelectual, todavia não o segue imediatamente " ( Resposta dos espíritos à pergunta 780 do Livro dos Espíritos ).l

 Não sei se por falta de assunto, ou se devido a um tempo muito grande dedicado à organização do XIV SBPE, ou até mesmo a indisponibilidade momentânea de palestrantes, eu como Diretor de Estudos do ICKS, num momento de saudades inexplicável, resolvi que estudaríamos  três capítulos do Livro Segundo do Livro dos Espíritos, denominado " Mundo Espírita ou dos Espíritos ". Seriam eles o VII - Retorno à vida corporal, VIII - Emancipação da alma e o IX – Intervenção dos espíritos no mundo corporal . Depois desses estudos chegamos à conclusão que uma grande parte do que está nesses capítulos já não corresponde mais  ao progresso intelectual de que fomos participantes nos últimos 26 anos, com o consequente avanço moral apreendido. 

O que deveríamos fazer então? Não estudar mais esses capítulos?.Assim decidimos. Até o momento em que alguém, com capacidade para isso, faça uma revisão modernista dos mesmos. Ou deixá-los como está, mas informando aos participantes da Doutrina Espírita que existem modernas atualizações das situações ali abordadas. Lembrei-me então do V Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita de 1997 em Cajamar/SP, onde o pensador espírita Reinaldo di Lucia apresentou o trabalho de nome " O Processo de Mudanças do Espiritismo ", nome esse que me apropriei no título deste artigo.

Reparem que falamos de 18 anos atrás, período em que a juventude ainda corria em nossas veias. O Reinaldo di Lucia certamente ainda não havia chegado aos 40 anos e no entanto já se preocupava com o necessário processo contínuo de renovação do pensar espírita. Logo na Introdução, no seu primeiro parágrafo, ele alertava que " um dos principais problemas, senão o maior, com que o Espiritismo defronta-se hoje é a recusa por parte dos componentes do movimento espírita, seja no âmbito pessoal, seja no organizacional, em encetar uma busca por novos conhecimentos que culminasse com necessárias atualizações na estrutura doutrinária, em seus aspectos científico e filosófico ". Qual consequência desse tipo de comportamento? O próprio Reinaldo nos responde: " essa recusa em aceitar um processo de mudanças para a doutrina espírita, mesmo tendo este processo sido preconizado pelo próprio Allan Kardec, faz com que, cada vez mais, o Espiritismo esteja afastando-se da posição de ciência ou filosofia moral, com a qual ele próprio se define ". 

Nos capítulos seguintes do seu brilhante trabalho de 1997, Reinaldo trata da questão religiosa, do questionamento e atualização, da verdade espírita, do controle universal dos espíritos e nos três últimos capítulos aborda a questão das mudanças. Por quê mudar ; Para que mudar? Como mudar?
Hoje relendo este trabalho, vejo que andamos muito para frente. Os alertas e estudos avançados dos intelectuais espíritas surtiram efeito num bom número de pessoas e na criação de organizações com um pensar produtivo e avançado. Falta muito. Não importa. Os seis passos ensinados pelo pensador e autor espírita Jaci Régis têm servido de alicerce e horizonte a muitas pessoas: não fechar as portas a nenhum progresso ; não sair do círculo das ideias práticas ; apoiar a descoberta de novas leis ; assimilar todas as ideias reconhecidamente justas ; seguir o movimento progressista com prudência e não imobilizar-se.

Releiam o trabalho do pensador Reinaldo de 1997, e façam um balanço dos últimos 18 anos em suas, nas nossas vidas. Verão que avançamos bastante na mudança de comportamento o que facilitou a assimilação de novos conhecimentos. Até mesmo a nossa nova vida moral mudou para melhor. Aliás nesse sentido o mundo caminhou para melhor, principalmente na superação de tantos preconceitos.
Finalizo dizendo, apropriando-me de uma conclusão do Reinaldo, que os seis passos propostos pelo Jaci são importantes, mas prestem atenção que eles se referem à postura que o espírita deve ter para permitir a existência das mudanças. O Livro dos Espíritos é um marco importante. Seu conteúdo deve atualizar-se.      

NR: Artigo publicado originalmente no Jornal ABERTURA de novembro de 2015.