quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Se envelhecer é o normal, por que ficamos triste com nosso envelhecimento? - por Alexandre Cardia Machado

Se envelhecer é o normal, por que ficamos triste com nosso envelhecimento?

Antigamente envelhecíamos e todos viam isso como natural, mas as coisas mudam, hoje temos procedimentos estéticos, comprimidos, cremes anti-age,  conscientização de que devemos nos exercitar, ou seja várias ações que prolongam a sensação de bem estar e adiam o envelhecimento.
Então viveremos mais, na média, com melhor qualidade e com aspecto menos transparente à nossa idade cronológica, muito bom, mas além do bem estar, em que isso muda a nossa visão de mundo?
Iniciaríamos dizendo que sentir-se bem, sem resentir-se da idade seria uma grande oportunidade de continuarmos criando, fazendo coisas novas, buscando novos desafios e novas paixões.

Jaci Régis, no seu excelente livro – Caminhos da Liberdade – no capítulo “ Por que as pessoas desistem?” assim se refere a uma das razões, pelas quais vemos com bons olhos todo este movimento:

“Porque a vida é paixão. Sim, é um patrimônio de cada um, para mim, imortal, imperecível, pois viveremos para sempre. Mas, é como a terra incultivada, mas rica de possibilidades, que precisa ser arada, tratada com denodo (desenvoltura e agilidade com que se realiza algo), perseverança e paixão.”

Repito sempre o trecho da música eternizada por Elis Regina, “viver é melhor que sonhar” então se nos sentirmos bem, sentirnos mais jovens, ajuda a produzir um impulso, renova a paixão pela vida, pelo conhecimento, pelo realizar, é certamente uma grande ideia.

É claro que existe por trás disso uma série de indústrias que estimulam este comportamento, revistas, programas de televisão, companhias de turismo, companhias de seguro de saúde. Sendo elas causa ou efeito, a verdade é que isto já é uma realidade na sociedade do século XXI.

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O seguimento de consumo dos grupos de Terceira Idade hoje no Brasil vem crescendo à taxas maiores do que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e o mesmo se repete mundo afora.
Os últimos dados do IBGE ( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) baseados no último censo, 13,5% da população brasileira tem mais de 60 anos e a previsão é que em 2027 sejam 17,4%.

Ser feliz é o que se busca, mas não dá para ser feliz sozinho, assim é extremamente recomendado que tenhamos uma vida mais produtiva possível e mais participativa. Há diversos caminhos que podemos escolher, mas que nunca seja o egoísmo que nos guie, que aproveitemos este tempo extra para que nosso espírito evolua antes que o Alzheimer nos pegue na esquina.

Voltando ao texto de Régis “ A lição que devemos aprender é a de abrir o coração e o Espírito para o bem, aos ideais, à construção de relações de amor, de simpatia, nos caminhos da existência física.
Não se trata de mero expediente para garantir um lugar além da sepultura. Mas de uma condição necessária para que a vida seja exuberante e agradável, terna e sensível, aqui, agora, hoje, amanhã e depois.”.

Viver é melhor que sonhar, portanto vivamos melhor!

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Abrindo a mente - Sonda espacial New Horizon se aproximou de Última Thule por Alexandre Cardia Machado


Abrindo a mente – agosto 2019
Sonda espacial New Horizon se aproximou de Última Thule.

Acho que pouca gente já ouviu falar deste mini-planeta, asteróide ou planeta anão que orbita o nosso Sol, muito depois da órbita do rebaixado Plutão. Mas no dia primeiro deste ano esta nave espacial americana, lançada em 2006 e que já foi responsável por um razante sobre Plutão em dezembro de 2014, noticiada aqui, passou na sua proximidade.


Considero extraordinário o esforço humano pelo conhecimento, o empenho necessário, para planejar, corrigir a rota  a esta ditância enorme e aproveitar ao máximo as oportunidades de observação destes pequenos navegantes espaciais.

A Última Thule, é o corpo celeste mais distante e mais primitivo da Terra que foi visitado por uma sonda espacial. New horizon passou a 3,5 mil quilômetros de distância do planetinha.

Vejam como isso aconteceu, após sua passagem por Plutão, a sonda foi direcionada para um este asteroide, chamado então de 2014 MU69 e apelidado de “Última Thule” (nome de origem grega e latina que significa "além do universo conhecido"). Este objeto vinha intrigando os astrônomos desde sua descoberta em 2014 pelo telescópio espacial Hubble. Depois de mais de 4 anos de viagem (afinal, o objeto está a mais de 6,5 bilhões de quilômetros da Terra), no dia 1 de janeiro de 2019, pouco depois da virada do ano, a sonda atingiu o alvo.  

Esta foi uma grande demonstração da capacidade da mente humana, de aproveitar oportunidades, o Hubble havia recem fotografado  a Última Thule e a NASA reprogramou a tragetória para que este encontro fosse possível.

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Última Thule pertence ao cinturão de Kuiper, formado por asteróides além da órbita de Netuno. Ele é parte da classe de asteróides chamada "Clássico Frio", de objetos com órbita quase circular e com baixa inclinação, indicando que sofreram pouca perturbação desde sua formação (que se acredita ter sido na mesma época da formação do Sistema Solar). 
Evidentemente, não é um objeto onde se possa esperar encontrar nenhum sinal de vida. 
Ultima Thule é um binário de contato de tamanho total aproximado de 30km, com uma superfície com crateras de impacto de corpos menores e com os dois lóbulos quase idênticos de cor bastante avermelhada (lembra um amendoim). Os dados completos enviados pela sonda demorarão mais de 15 meses para chegar até nós e serem completamente analisados.
Mais uma clara evidência de que nem todos os “planetas” são habitados.

Para abrir a sua mente: https://www.on.br/index.php/pt-br/ultimas-noticias/525-new-horizons-ultima-thule.html - Nos limites do Sistema Solar: a passagem da sonda New Horizons pelo asteroide "Última Thule"

 Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.
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quarta-feira, 28 de agosto de 2019

O maior desafio do Espiritismo é o próprio Espírita por Carol e Reinaldo di Lucia


O maior desafio do Espiritismo é o próprio Espírita - por Carol Regis di Lucia



Rodando pelos posts do Facebook pouco antes de dormir, apareceu uma atualização do perfil da Associação Espirita Mensageiros da Luz que não pude ignorar: era a escultura de um homem puxando uma carroça com dificuldade, tendo em cima sua própria cabeça, desproporcionalmente imensa. A legenda dizia: Nosso Ego é Nosso Fardo.



Fiquei pensando em tudo o que aquilo significava, especialmente vindo de um meio de comunicação Espírita. Me veio a sentença: o maior desafio do Espiritismo atual é o próprio Espirita e suas questões consigo mesmo. Antes de pensarmos em como resolver a falta de quórum, a questão da sucessão nas casas, os temas a abordar em grades de estudos (atualizar ou não), os modelos de comunicação para as novas gerações, precisamos re-conhecer os Espíritas.

Que algo aconteceu, e continua acontecendo, não há como negar. São depoimentos, observações, textos, impressões de diversos locais e culturas diferentes, no sentido de que o Espírita e a dinâmica doutrinária aplicada à prática já não é mais a mesma de antigamente. Obviamente, e não poderia ser uma vez que tudo muda, os tempos são outros, o mundo é absolutamente diferente da geração dos pais e avós Espíritas que fundaram os centros. O preocupante é que a conclusão de que essas mudanças não foram as ideais, como eram esperadas, não geraram os frutos pretendidos pelas gerações anteriores, reflete uma angústia quase paralisante nos frequentadores e dirigentes.

Cabem aqui as questões há tempos levantadas: evasão de frequentadores, politização do movimento, temas esgotados pela não atualização, ausência de núcleos jovens e infantis, baixo quórum de trabalhadores, sobrecarga dos atuais gestores, entre outras. Planos de melhoria, discussões, boas intenções não faltam no sentido de sanar grande parte desses entraves. Porém, todos se originam de análises externas, olhos que veem para fora e enxergam no outro e em ações programadas a solução do futuro do Espiritismo que queremos. Mas qual é o Espiritismo que queremos?  Quem são os Espiritas que queremos? Quem somos como Espiritas em 2019?
Filosofia que cuida do Ser, da alma, do Ente, o Espiritismo tem como ponto focal o Espírita. E este não sabe quem ele é. Está perdido na rotina do trabalho, do dia a dia, dos afazeres infinitos.

O Espirita não está conseguindo posicionar-se, encontrar o meio para ser Espirita e tudo o que isso implica: estudo, participação, dedicação, tempo. E o cenário onde ele vive impacta diretamente nessa condição indefinida em que se encontra, especialmente aqui no Brasil.

O país vive à flor da pele, uma epidemia de malemolência ética, onde hoje tudo pode, amanhã tudo é vetado. Os brasileiros sofrem de uma frouxidão moral momentânea, resultado de uma tomada de consciência politica e social inédita em um país historicamente paternalista. E como adolescentes no auge das mudanças, não sabem exatamente como agir, burlam regras, falam o que querem, experimentam novidades inconsequentemente. E nesse momento aparecem as fragilidades de cada um: falta de respeito ao próximo, ausência de sentimento de pertencimento, individualização exacerbada, busca pelo sucesso social atrelada à paradoxal falta de comprometimento geral. Impossível estar imerso nessa realidade e não ser abalado de alguma forma.  E o grande desafio é esse: tocar as pessoas de forma que elas reencontrem a si mesmas, refaçam o link da importância do Espiritismo em suas vidas.
E é nesse momento que o Espiritismo e os centros devem focar no retorno ao objeto principal: o Espírita. É papel deles trazer as origens de volta, de forma adaptada à cultura atual. Olhar para cada um, envolver-se genuinamente com cada participante, ajudar ao outro efetivamente, essencialmente. Talvez por isso as casas com cunho assistencialista ou com atividades relacionadas ao tratamento físico/espiritual tenham muito mais gente engajada, doando seu tempo à causa, ao estudo, ao próximo.  O grande desafio é ajudar os Espiritas a reposicionarem a cabeça no corpo, tirarem o ego da carroça, retomarem e inserirem a doutrina em suas rotinas, para que efetivamente torne-se prática nas demais instâncias do Ser.

Se o ego é nosso fardo, o Espiritismo deve ser nossa bússola. O Espirita precisa ver na doutrina o instrumento orientador nesse tumulto existencial momentâneo. E será a partir desse guia que poderemos retomar o curso, aprofundar os ensinamentos, retornar às origens repaginados.

Artigo publicado no Jornal Abertura de Julho de 2019 

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Refletindo sobre: o maior desafio do espírita é o próprio Espiritismo - por Reinaldo di Lucia

Na coluna do mês passado, Carol lançou-nos um desafio: como ressignificar o Espiritismo de modo a torná-lo, em suas palavras, “o instrumento orientador nesse tumulto existencial momentâneo”.
O grande desafio é como fazer isso, isto é, como, a partir de uma doutrina cuidadosamente construída há 150 anos, transformá-la para atender aos anseios e necessidades de uma sociedade que já se diferencia bastante daquela na qual o Espiritismo surgiu.

Ao analisarmos a história do surgimento dessa filosofia que vem, por todo este tempo, ajudando as pessoas com uma concepção de Universo positiva, humanista e progressista, percebemos que ela surgiu devido a uma necessidade social ou, pelo menos, de uma parte daquela sociedade. Naquele tempo, a Igreja desmoronava com os estertores da Inquisição e, assim, perdia cada vez mais tanto o poder temporal  quanto o religioso, já não conseguindo ser a bússola que as pessoas necessitavam. Por outro lado, a ciência, fonte legítima do conhecimento, não se preocupava com problemas que escapassem de suas rígidas limitações de objeto e método. Havia uma lacuna, bem grande por sinal.

Nesse campo, fértil de oportunidades, surgiu uma filosofia que se propunha a oferecer uma nova visão de homem e de mundo. Cresceu porque respondia àquelas necessidades humanas de conhecimento e consolação. Naquele tempo, o futuro parecia promissor, e a filosofia positivista, tanto quanto a espírita, previam que a evolução traria ao homem a felicidade e tranquilidade tão desejadas.
Infelizmente, isto não ocorreu. De lá para cá, tivemos duas guerras mundiais, vários conflitos locais e o retorno, 150 anos depois, de ideologias extremistas, como o neofascismo. A sociedade está cada vez mais polarizada, maniqueísta. Vivemos a época do “nós contra eles”, do 8 ou 80. Parecemos crianças que perguntam se tal pessoa é “do bem ou do mal”, ignorando a enorme complexidade e as múltiplas gradações que existem. Pensamos no preto ou branco, fechando os olhos ao fato que a vida é um composto de inumeráveis tons de cinza.

O que se observa na sociedade em geral repete-se no meio espírita. É triste vermos que, mesmo em nosso meio laico, livre pensador e humanista, não conseguimos nos livrar desta polarização. Não seguimos pelo caminho do meio, não primamos pelo equilíbrio, não praticamos a alteridade – seguramente um dos maiores pilares da ética espírita. Ao contrário, nos atacamos mutuamente, com uma dose de violência absolutamente contrária aos princípios espíritas.

Temos agora que realizar o processo inverso da época da criação da Doutrina Espírita, isto é, partir de uma visão de mundo já consolidada, visão esta que nos mostra o caminho de uma atuação ética no mundo em que vivemos, para retomarmos a importância do Espiritismo em nossas vidas. E isto numa sociedade em que a valorização do capital é maior que a do homem, em que o consumismo alcança patamares estratosféricos (mas em consonância com o estilo neoliberalista de viver), enfim, uma sociedade que valoriza muito mais a informação rasa das redes sociais ao conhecimento aprofundado do estudo sério e consistente.

O Espiritismo precisa voltar a ser a bússola ética do espírita. É imprescindível que nós espíritas compreendamos que precisamos viver como espíritas, praticando a alteridade, compreendendo as nuances do nosso cotidiano e nunca esquecermos que não somos donos da verdade, que podemos estar errados e que só crescemos no confronto respeitoso de ideias.

Artigo publicado no Jornal Abertura de agosto de 2019

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Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

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quinta-feira, 18 de julho de 2019

Livro - Novo Pensar Sobre Deus, Homem e Mundo: Livro de Jaci Régis


Livro - Novo Pensar Sobre  Deus, Homem e Mundo:

Em 2009 no 11° Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, Jaci Régis apresentou e lançou, aquele que seria seu último livro.



Em 2013 o grupo de estudos do ICKS que desenvolveu um trabalho chamado: Exposição – SBPE 26 anos abrindo espaço para novas idieas - sobre o impacto do SBPE no Movimento Espirita. Neste evento escrevemos em nosso trabalho o seguinte: “ Como reconhecimento especial e também como uma homenagem, destacamos os trabalhos de Jaci Régis o criador do SBPE, pelo brilhantismo, inovação das ideias e pela incansável persistência no trabalho de renovação e grande amor ao Espiritismo”. Jaci Régis teve a sua desencarnação no dia13 de Dezembro de 2010.

Novo Pensar Sobre  Deus, Homem e Mundo:

Este livro que trata de pontos tão sensíveis aos seres humanos, nas palavras do autor extraída do primeiro capítulo assim discorre: “  Um novo pensar sobre Deus começará por deixar de lado o Deus Jeová, as afirmativas bíblicas e, de modo geral, as teorias  que fazem dele uma pessoa.
As palavras do louco de Nietzsche sobre a morte de Deus não devem ser tomadas como blasfêmia mas como a exclamação maior da decepção com o amor de Deus.

Este livro também está disponível em pdf, grátis:


O Deus que Nietzsche matou é esse criado à semelhança das pessoas e cultuado, imposto pelas teologias de todos os tempos.

Isso não significa  a completa e satisfatória resolução da questão divina. Nem elimina a crença em Deus.

O que colocar em nossa mente a respeito de Deus. em substituição ao modelo rejeitado? É difícil fugir da realidade sensorial. Quando pensamos criamos imagens. Atendendo a essa necessidade do ser humano, todas as crenças criaram imagens concretas dos entes invisíveis.

Pensamos em Deus como “alguém”. Mas um “alguém” transcendendo o  delineamento corporal que nos dá o sentido das coisas. Deus continua invisível. O silêncio é a resposta das preces e imprecações. Há até um ditado “uma imagem vale mais do que mil palavras”. Daí a dificuldade de pensar num Deus sem face, sem corpo, sem imagem.

Mas Deus é o que é, não o que queremos que seja.

Isso nos autoriza a pensar em Deus sem imagem, limitações e sem ser uma pessoa.
O que seria então?

Não temos como saber, atualmente.

Todavia, a sua presença se faz na visão macro da vida, no encaminhamento através do tempo, que resulta invariavelmente no benefício da pessoa. Tudo começa no nível microscópico  num desenrolar dinâmico, atemporal dos elementos envolvidos para surgir, depois, um corpo, um animal, um primata, um homem, como conseqüência da seleção das espécies, da sobrevivência dos modelos mais resistentes transmitindo DNA que cria a cadeia genética.

O novo pensar vê nesse extraordinário poder de  desenvolvimento seqüencial dos seres a presença da inteligência divina. Na semente, como no embrião, existem códigos perfeitos que no ambiente adequado produzem a árvore e os frutos, o feto, a criança, a pessoa humana.

Assim como a ciência não sabe como esses fatores começaram a interagir, assim também não sabemos como a inteligência divina intervém para  dotar a natureza de princípios básicos, genéticos, que redundaram no panorama atual da Terra.

Entretanto, o novo pensar sobre Deus refaz o entendimento da relação divina com o ser humano.
Liberta-nos das cadeias de pecado, punição, morte e castigo que definem o Deus Jeová travestido no Deus cristão de amor, misericórdia e justiça.

O crente pergunta, onde está o Deus onipotente que não atua para eliminar o mal, punir os que praticam crimes e não salva e cura livrando-nos da morte?

A decepção provém do que se fala e diz sobre o amor de Deus.

A natureza não é lírica, mas objetiva, eficiente. Todavia não é perfeita. Esse paradoxo  precisa ser entendido:  a imperfeição dentro da perfeição.

Ou seja,  a perfeição absoluta atribuída à divindade comporta a imperfeição dinâmica dos processos evolutivos.

Um novo pensar sobre Deus nos conduz à compreensão de que a dinâmica da vida, em qualquer dos setores em que se manifesta, prima pela criação de  ambientes de oportunidade, seleção e superação.
Podemos questionar porque as coisas são assim. Todavia elas são assim.

O novo pensar sobre Deus pensa que o objetivo da vida é a felicidade.

A inteligência divina proporciona meios para isso, no tempo, através da lei da evolução.

A singularidade individual se envolve no processo para adquirir a sua própria identidade como ser único, imortal, progressivo, atemporal. O novo pensar sobre Deus tenta harmonizar a presença divina com  as necessidades do ser humano, oferecendo um conjunto de leis e sistemas vivenciais que abrem oportunidade de resolução dos problemas.

Dar atributos morais a Deus e sua transformação numa pessoa é fruto da criação da divindade à nossa imagem. Neste modelo não existe espaço para a personalização do Ser Supremo, nem cabe o estabelecimento de atributos, que o humanizariam, porque o paradigma disponível para pensar as virtudes é o humano.

O novo pensar começará por estabelecer que o universo não é estruturado, mas delineado. Seria, metaforicamente talvez, uma projeção da intenção divina, inteligência suprema e causa primária, centro ordenador e controlador, manifestado através da Lei Natural. Porque onde há Lei existe necessariamente controle.

A Lei Divina ou Natural está na base do universo, regulando a vida. Ela exprime a sabedoria divina na condução da humanidade, só apreciada ao longo do tempo.

A Lei divina ou natural, não cogita de julgar, condenar. Ou seja, Lei Natural não é uma lei moral. Ela controla a vida universal estabelecendo uma diretriz positiva que sobrevive e se impõe no aparente caos e nos limites do livre arbítrio.

E a Lei Natural está inscrita no Espírito através do processo evolutivo.

A existência da Lei Natural como centro irradiador do pensamento divino, é fundamental para compreender como o universo pode ser simultaneamente controlador e caótico. Para argumentar sobre essa polarização, poderíamos  aplicar a definição do elétron que pode ser substância e onda, sem alterar a estabilidade universal.

A Lei Natural exprime a sabedoria divina, com mecanismos extremamente competentes, estabelecendo o ritmo e a sucessão dos fatores com o fim de equacionar, no universo energético, tanto quanto no universo inteligente, o princípio do equilíbrio. Atuando através da lei de causa e efeito ou ação e reação, ferramenta de busca do equilíbrio, pela reciprocidade dos fatores.

Reside no campo moral, no campo das inteligências menores que somos nós, nos nossos anseios e esperanças, medos e expectativas, o principal problema.

Quem somos e porque somos. Eis a questão.


Se você se interessou e quiser saber o final desta reflexão poderá ler o trabalho completo. O nosso estoque está acabando, temos somente  15 unidades do livro  NOVO PENSAR SOBRE DEUS, H0MEM E O MUNDO de Jaci Régis. Para adquirir o livro diretamente com o ICKS., compre aqui mesmo, basta enviar um email para ickardecista1@terra.com.br com os os seus dados que entreremos em contato. Você poderá depositar R$ 20,00 na conta do Instituto. O ICKS se encarregará do frete.






segunda-feira, 15 de julho de 2019

Entrevista com Deus - Reinaldo di Lucia


Entrevista com Deus

O título acima é de um filme que, ao que me concerne, passou sem grandes burburinhos pelos cinemas. Filmado em 2018, conta a história do jornalista Paul Asher, que volta para os Estados Unidos após cobrir a guerra do Afeganistão. Apesar de cristão, as visões da guerra abalaram seriamente sua fé; isto, aliado a problemas de ordem pessoal, deixaram Paul completamente desesperançado.

Em meio a todo este drama, ele tem uma oportunidade ímpar: entrevistar um homem que diz ser Deus. E pasmem: apesar de profundamente cristão, ele absolutamente não acredita que o homem seja mesmo Deus. Mas porque não tentar, não é mesmo?

E aí começa o problema: antes de mais nada, o que perguntar a Deus? Que tipo de indagações fazer ao criador de todas as coisas, que não pareçam pueris demais, e ao mesmo tempo não sejam genéricas a ponto de parecerem arrogantes? E mais, como ter certeza que não é uma mistificação, que não estamos na frente de um lunático ou um humorista?

E aí é que o filme entra numa espiral muito interessante. Entre perguntas de verificação de identidade “qual o resultado de uma multiplicação com números muito grandes” e outras bastante lógicas, apesar de óbvias “Porque coisas ruins acontecem a pessoas boas”, o filme trata com leveza e seriedade algumas questões de fundo para a religião e, porque não, para a filosofia: o que é a fé? O que fazer quando a perdemos? O que é a salvação? O que digo às pessoas que acham que você não existe?

Algumas vezes as respostas surpreendem, para um filme que possui um óbvio viés religioso – mais especificamente, cristão. Quando, por exemplo, é dito que o mundo é exatamente o que parece, ou quando exalta o livre arbítrio acima de tudo, inclusive de um eventual “plano de Deus”.

Ao mesmo tempo, bate de frente com as concepções mais comuns das religiões (inclusive a espírita), de que a vida de verdade não é esta, mas a vida no além, seja no paraíso ou em Nosso Lar: “Sua vida não é um teste para a vida pós morte”, diz Deus. Ao fim, o filme enfatiza que a única forma de continuarmos a viver é exercer o perdão – não só para com os outros, mas, principalmente, para conosco.

Enfim, ao quebrar com alguns paradigmas caros às mais diversas religiões do mundo, Entrevista com Deus faz-nos pensar não necessariamente nele, mas na vida, em seu significado e nas necessidades práticas que temos para seguir em frente. Afinal, de que adianta a crença se não conseguimos colocá-la em prática no nosso dia a dia?

A propósito, apenas mantermos a conversa viva: se você tivesse a oportunidade de entrevistar Deus, que perguntas você faria?

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos junho de 2019.

Quer ler o jornal completo:

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/28-jornal-abertura-2019?download=218:jornal-abertura-junho-de-2019


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quarta-feira, 10 de julho de 2019

Kardec o Filme - por Alexandre Cardia Machado


Kardec o filme

Foi assim no Brasil inteiro, o filme Kardec – história por trás do nome - arrastou muita gente para o cinema e todos queriam tirar uma foto junto ao cartaz. Não poderíamos ficar fora desta onda.


Na foto: Carolina e Reinaldo di Lucia; Heloisa e Evaristo da Lopestur amigos e nossos Apoiadores Culturais do ABERTURA, Palmyra Régis e Cláudia e Alexandre Machado um pequeno grupo entre tantos grupos santistas que foram prestigiar o filme.


Kardec: A história por trás do nome - tem a duração de 1hora e 38 minutos, aborda os momentos que antecedem o aparecimento e fundação do Espiritismo. Em sua resenha apresenta “ história do educador francês Hypolite Leon Denizard Rivail, reconhecido mais tarde como Allan Kardec. Além de tradutor e escritor, Kardec é conhecido por ter codificado o espiritismo”
O filme tem a direção de Wagner de Assis e foi lançado em 16 de maio de 2019. O roteiro é uma adpatação do livro Kardec – A Biografia de Marcel Souto Maior que escreveu também a biografia de Chico Xavier.

O filme balanceia bem as dificuldades, dúvidas e o intenso trabalho do professor Rivail e de sua esposa Amelié Boudet. A história é conhecida, mas talvez em função do trabalho biográfico ter sido feito por um jornalista não espírita tenha contribuído para uma edição mais realistas e menos corporativa do filme, comparado aos produzidos anteriormente.

Do site de FEB extraímos para os nossos leitores trechos da entrevista que foi publicada na Revista Reformador, trazemos Marcel Souto Maior o biógrafo, com Wagner de Assis o diretor  e  Leornardo Medeiros que protagonizou Kardec no filme:


Reformador: O que chamou a sua atenção para contar a história de Allan Kardec?
Marcel Souto Maior: Fui movido por uma pergunta-chave:  o que faz um professor cético mudar de vida e de nome, aos 53 anos, para dar voz aos Espíritos? Quis contar a história desta transformação radical – a do pesquisador cético, que se torna um missionário. O que o moveu? Que obstáculos – e preconceitos – ele enfrentou nesta caminhada?
O processo de escrita de uma biografia requer uma grande pesquisa. Nessa pesquisa você se identificou, de alguma forma, com Allan Kardec, no processo de Codificação da Doutrina Espírita?
Marcel Souto Maior: Sim. Eu me identifiquei com Kardec (ou com o professor Rivail) em dois pontos fundamentais: o cuidado com a pesquisa (precisamos estar sempre checando e “rechecando” informações para evitar erros) e o ceticismo (um dos traços marcantes de sua personalidade, como professor e pesquisador, na primeira etapa de sua vida). Moveu-nos um misto de curiosidade e de desconfiança.
Como é adaptar para o cinema a história do responsável por codificar a Doutrina Espírita?
Wagner de Assis: Por um lado, um novo desafio cinematográfico, com grande complexidade de realização, pois é um filme de época, cuja história se passa num outro país. Por outro lado, um respeito absurdo, uma humildade extrema e uma alegria imensurável. Não temos a pretensão de ser definitivos a respeito de Kardec. Há diversos trabalhos e estudos sobre ele e acho que devem ser feitos cada vez mais. Também não temos a pretensão de contar toda a sua vida, embora seja uma cinebiografia como gênero. Nós nos concentramos no que de mais importante aconteceu na vida dele. É um recorte, uma escolha e assim seguimos adiante. Vale lembrar também que não é um documentário, mas sim uma ficção, dramaturgia, que precisa respeitar algumas leis quando se conta uma história. O filme tem como base a forma como o Marcel Souto Maior escreveu a biografia.
Queremos contar um pouco da vida do professor Rivail para os que o conhecem, mas também para os que não o conhecem. Porque os primeiros sempre podem se surpreender com detalhes, aspectos humanos pouco comentados em geral. Os demais, com certeza, vão se surpreender muito ao encontrar um homem de seu tempo, um homem de ciências, um educador e professor à frente de seu tempo, e, acima de tudo, um homem de muita coragem e bom senso.
Está gostando? Quer ler no original? está disponível em pdf.

O que representa para você interpretar Allan Kardec?
Leonardo Medeiros: Sinto-me ao mesmo tempo imensamente agradecido e temeroso. Estou representando um ícone que faz parte da minha vida dentro de uma família espírita.
Como foi a escolha do elenco para este filme?
Wagner de Assis: Costumo dizer que é maravilhoso ver quando o filme tem vida própria e vai “escolhendo” os profissionais que nele tomarão parte. Claro que procuramos artistas que possam estar sintonizados com os personagens, na verdade sintonizados com pessoas que fazem parte de toda a história de Kardec. Mas a escolha em si tem sempre algo “mágico”, que foge aos aspectos puramente “acidentais”.
Um desses casos, por exemplo, foi Leonardo Medeiros. Nós nos conhecemos, falamos do projeto, lemos um pouco o roteiro e vimos claramente que ali havia um profissional absolutamente capaz de defender a história do professor Rivail na tela. Só depois é que, para nossa surpresa, soubemos de sua ligação com o tema, com a família do Eurípedes Barsanulfo. Isso é muito legal, mas de forma alguma representa um peso para a sua escolha. Assim o fizemos com todos do elenco. Os personagens vão se afeiçoando aos seus intérpretes e pronto. Ganham vida.
Rivail mudou de vida e de nome. Tornou-se Allan Kardec para dar voz aos Espíritos… A história de Kardec é a história de uma conversão, citou Marcel Souto Maior. O que podemos esperar desta adaptação nos cinemas?
Wagner de Assis: Uma jornada de transformação, movida por uma busca  incessante pela verdade, com um pano de fundo de uma sociedade muito sofrida, com índices altos de suicídio, qualidade de vida baixíssima e uma guerra de ideologias. Não poderemos jamais entender o passado com os olhos do presente. Mas podemos delinear como era a Paris de 1850, por exemplo. E buscar entender o papel das instituições como a Ciência, a Igreja, o Estado francês, para que os personagens possam vivenciar os dramas, os receios, os sonhos daquela época. Esta é a história de um homem que aceitou recomeçar de certa forma uma nova vida depois dos 50 anos. Costumo pensar metaforicamente que ele descobriu um tesouro e quis compartilhar com o mundo. Mas, claro, tinha um preço muito alto. E ele pagou para ver.
Sem dar muito spoiler, resumimos que o filme é muito bom e vale a pena conferir.


segunda-feira, 24 de junho de 2019

42 Anos da Lei do Divórcio e o que mudou na sociedade brasileira - por Roberto Rufo


42 Anos da Lei do Divórcio e o que mudou na sociedade brasileira

"Há pessoas que se casam em comunhão de male ". Luís Fernando Veríssimo.

      Situação atual

Um em cada três casamentos no Brasil termina em separação, revela o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados são um reflexo das facilidades de dissolução desse tipo de sociedade trazidas pela Lei do Divórcio (nº 6.515/77), que completará 42 anos no país em dezembro de 2019.
As últimas Estatísticas do Registro Civil do IBGE mostram que o Brasil registrou 1.095.535 casamentos civis em 2016. No mesmo período, foram registrados 344.526 divórcios em 1ª instância ou por escrituras extrajudiciais, um aumento de 4,7% em relação a 2015. 
Na comparação com os dados de 1984, quando houve 93.384 pedidos de divórcio, o crescimento do número de separações nesta modalidade é de mais de 30%.
Os dados apontam uma grande mudança em quatro décadas. "Antes da Lei do Divórcio, o casamento era pautado pelo vínculo indissolúvel. As pessoas casavam e ficavam atadas até o fim da vida a essa relação", relata o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família em São Paulo (IBDFAM-SP), João Aguirre, professor e especialista em Direito Processual Civil.
 Aguirre lembra que antes a lei fechava os olhos para a realidade social. "Tem casamento que não chega até o fim da vida, mas a lei só permitia o desquite. A pessoa não podia se casar de novo. O divórcio foi uma luta de muitos anos no Brasil", conta o professor.
Uma análise espírita em 1958
Evolução em Dois Mundos é um livro espírita, psicografado pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, com autoria atribuída ao espírito André Luiz. Publicado pela Federação Espírita Brasileira no ano de 1958.   
Abaixo um texto do citado livro tratando da questão do matrimônio e o divórcio.
  "Quanto ao divórcio, segundo os nossos conhecimentos no Plano Espiritual, somos de parecer não deva ser facilitado ou estimulado entre os homens, porque não  existem na Terra uniões conjugais, legalizadas ou  não, sem vínculos graves no  principio da responsabilidade assumida em comum. Mal saídos do regime poligâmico, os homens e as mulheres sofrem­ ainda as sugestões animalizantes e, por isso mesmo, nas primeiras dificuldades da tarefa a que foram chamados, costumam desertar dos postos de serviço em que a vida os situa, alegando imaginárias incompatibilidades e supostos embaraços, quase sempre simplesmente atribuíveis ao desregrado narcisismo de que são portadores. E com isso  exercem viciosa tirania sobre o sistema psíquico do  companheiro ou da companheira mutilados ou doentes, necessitados ou ignorantes, após explorar-­lhes o  mundo emotivo, quando não se internam pelas aventuras do homicídio ou  do  suicídio espetaculares, com a fuga voluntária de obrigações preciosas. É imperioso, assim, que a sociedade humana estabeleça regulamentos severos a benefício dos nossos irmãos contumazes na infidelidade aos compromissos assumidos consigo próprios, a benefício deles, para que se não agreguem a maior  desgoverno, e a benefício de si mesma, a fim de que não regresse à promiscuidade aviltante das tabas obscuras, em que o princípio e a dignidade da família ainda são  plenamente desconhecidos. Entretanto, é imprescindível que o sentimento de humanidade interfira nos casos especiais, em que o divórcio é o mal menor que possa surgir entre os grandes males pendentes sobre a fronte do casal, sabendo­-se, porém, que os devedores de hoje voltarão amanhã ao acerto das próprias contas" .
O norte teórico da doutrina espírita
No capítulo XXII do livro O Evangelho Segundo o Espiritismo de nome "Não separeis o que Deus juntou"  há um subtítulo dedicado ao divórcio, Allan Kardec é categórico ao afirmar que o divórcio é uma lei humana que tem por objeto separar legalmente o que já, de fato, está separado.
O escritor israelense Amós Oz, recentemente falecido, dizia que o problema maior não são especificamente os livros sagrados, mas os imterpretadores dos livros sagrados. No caso do Espiritismo isso ocorreu, ainda mais com a forte influência católica dos seus "profetas" maiores, dentre eles Chico Xavier.
Kardec tinha muito apreço pelo progresso da legislação humana, e afirma que a lei civil tem por fim regular as relações sociais e os interesses das famílias de acordo com as exigências das civilizações.
Portanto companheiros espíritas, fiquem tranquilos, se necessário podem se divorciar pois não serão devedores que voltarão amanhã ao acerto das próprias contas. Esse pensamento de "devedor/culpa", no caso do divórcio é mais um ato da perseguição religiosa às mulheres. A infeliz teria que prestar contas futuras unindo-se novamente com o chatíssimo marido da encarnação anterior. Ninguém merece.
Roberto Rufo.

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos maio de 2019. Ficou interessado nesta edição? baixe aqui!

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