sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Quer ler o jornal Abertura online?

 

Comunicado aos assinantes do Jornal ABERTURA

O nosso Abertura, colorido, online já é totalmente grátis, claro que somente na versão digital e com acesso livre em qualquer parte do mundo.

Você já pode baixar o Jornal Abertura digital diretamente, basta clicar sobre a foto no Blog do ICKS à direita, conforme mostra o círculo, na foto abaixo, logo ao entrar na página. Você poderá acessar todos os Aberturas de 2021, coloridos. Vá ao nosso Blog: https://icksantos.blogspot.com/

 Se alguém quiser antecipar o recebimento do jornal via e-mail ou whats app no formato pdf no ano de 2021 é fácil, é só entrar em contato pelo e-mail -ickardecista1@terra.com.br. E nós faremos isto por você ou se preferir faça você mesmo acessando no site, conforme as instruções apresentadas acima.

Ou se preferir, basta clicar diretamente no link abaixo e acessar o site da CEPA – Associação Espírita Internacional e ler o Abertura.

https://cepainternacional.org/site/pt/component/phocadownload/category/20-jornal-abertura-2021 

Qualquer pessoa pode baixar o Abertura.

 

 

 

ESPIRITISMO E PANDEMIA - por Ricardo de Morais Nunes

 

ESPIRITISMO E PANDEMIA

TEXTO DE RICARDO NUNES APRESENTADO NA MESA REDONDA “ESPIRITISMO E PANDEMIA” NO XXIII CONGRESSO DA CEPA EM 08 DE OUTUBRO DE 2021

É interessante observar que em uma época de individualismo exacerbado promovido por concepções neoliberais de economia, política e sociedade, um vírus, um simples e invisível vírus, denominado COVID 19, acentuou ainda mais a separação entre as pessoas.

  Na verdade, muitos de nós já vivíamos sob a perspectiva do isolamento introjetando os valores da sociabilidade capitalista, os quais apontam para o ter e não para o ser, para o egoísmo e não para o altruísmo. Infelizmente, temos frequentemente esquecido que o bem-estar e o equilíbrio do grupo social são fundamentais para a existência e felicidade de cada indivíduo e que os laços sociais são uma espécie de oxigênio da vida.

Durante a pandemia do vírus não pudemos mais nos abraçar, não pudemos nos beijar, não pudemos nos aproximar. Ficamos reclusos em nossas casas tentando organizar os espaços de fora, e nos deparando muitas vezes com os vazios de dentro. O velho ditado “tempo é dinheiro” perdeu o sentido. Aquela sensação de ocupação e pressa nos abandonou por esses longos meses.

Tivemos que exercitar a paciência, a espera, e os dias passaram devagar. Passamos a trabalhar em casa misturando nossos materiais de trabalho com o ambiente doméstico e com os brinquedos de nossos filhos, renunciamos aos lazeres e passeios, nos afastamos de familiares e amigos. Muitos de nós perdemos entes queridos. Familiares e amigos partiram para o mundo maior, para o mundo dos Espíritos, enchendo-nos o coração de dor e saudade, sendo a filosofia espírita o mais forte apoio aos nossos pensamentos e emoções nestes graves momentos.

O vírus certamente trará grandes lições. Sairemos melhores desta crise? Aprenderemos alguma coisa? É difícil dizer.

 E o espiritismo, enquanto filosofia espiritualista, o que tem a dizer em um momento tão difícil para a humanidade? A filosofia espírita descortina a todos novos horizontes existenciais. Nos ensina que tudo passa, se transforma e evolui.

 Segundo o espiritismo, das sociedades agrárias às sociedades pós-industriais, estamos submetidos a um complexo processo evolutivo, não uniforme, sem dúvida sujeito a avanços e retrocessos no terreno da história, porém rumo a patamares superiores de civilização, sendo que tal processo evolutivo se dá pelas leis psicofísicas da reencarnação.

O espiritismo ensina que a vida, em si mesma, é imperecível e transcendente. Que acima de tudo somos e que continuaremos a ser mesmo após a morte.   Ensina a confiança na razão, na ciência, na capacidade do ser humano em resolver os seus problemas.   Lembra que a dor e o prazer, a vida e a morte, a tristeza e a felicidade, são fatores inerentes às leis naturais do planeta em que vivemos, sem desconsiderar, é claro, os excessos e equívocos humanos na produção de sofrimentos.

 Nos conscientiza que somos os protagonistas do nosso destino, sem desprezar os determinismos de variada natureza que incidem sobre nossas vidas.  Esclarece a importância do amor e da solidariedade na construção de um ser humano e de um mundo melhor.

Que possamos, a partir das lições deste difícil período, ter clareza da importância de nossa existência terrestre em nosso desenvolvimento individual e coletivo. Que aprendamos a cultivar uma nova sociabilidade não mais centrada apenas no “eu”, mas que considere o “nós”. Que compreendamos a terra como nossa casa comum a ser preservada e que nos conscientizemos da rede invisível que nos entrelaça a todos, em uma trama de ações e reações sob a perspectiva dialética indivíduo-sociedade.

Uma das grandes lições do vírus é a de que ele não é democrático, pois atingiu preferencialmente os pobres e despossuídos, os quais ficaram mais expostos e vulneráveis por viverem em habitações precárias que não permitem os devidos cuidados de afastamento social, e também por terem tido que sair às ruas, em meio à maior crise de saúde pública de nosso século, na busca do pão de cada dia.

 Apesar disso, constatamos, que o aristocrata, o milionário, e o trabalhador são iguais em fragilidade física. Ficou claro para aqueles que tem “olhos de ver” que o dilema economia X saúde é um falso dilema. Sem trabalhadores saudáveis não há possibilidade de se construir uma sociedade economicamente forte.

 A prioridade em qualquer sociedade civilizada deve ser a vida e não o capital, mesmo porque todos sabemos que o problema do mundo não é falta de dinheiro, mas sim a concentração da riqueza nas mãos de minorias privilegiadas.

Outra lição fundamental deste período, foi a que nos ensinou que o risco de morte repentina é uma realidade mais próxima do que imaginávamos, o que nos fez compreender que o amanhã na Terra é apenas uma possibilidade. Compreendemos, efetivamente, a importância do agora.

Esta crise da pandemia também abriu algumas poucas janelas de oportunidade. Parece-me que a maior delas se deu no campo das comunicações. Este congresso virtual da CEPA, reunindo espíritas das Américas e da Europa, sem saírem de suas casas, é um bom exemplo desse novo tempo que se inicia.

Finalmente, gostaria de fazer alguns agradecimentos:

Em primeiro lugar, aos profissionais de saúde, em especial aos médicos e enfermeiros que ficaram na linha de frente no combate ao COVID 19.

Aos cientistas que trabalharam intensamente com vistas a descobrir as vacinas necessárias ao enfrentamento desta doença. Sonho com o dia em que as conquistas da ciência beneficiarão toda a humanidade.

A todos os trabalhadores dos supermercados, farmácias e comércios em geral que mantiveram a economia básica funcionando, com vistas a evitar a escassez de alimentos e produtos fundamentais.

A todos os professores que mantiveram sua tarefa de ensinar mesmo à distância, sem poder contar com a presença física e a alegria de seus alunos.

A todos os governos que promoveram a valorização da ciência e compreenderam a necessidade das estratégias de afastamento social e, por isso, cumpriram com seu dever de cuidado perante seus cidadãos.

A todos os Estados que possuem um sistema de saúde público, universal e gratuíto. Ficou absolutamente claro que os países que tinham sistemas públicos de saúde estavam mais aparelhados para enfrentar essa tremenda crise.

 Em relação ao Brasil, meu país, deixo minha especial homenagem ao SUS (Sistema Único de Saúde), sistema que luta para sobreviver ante a carência de verbas de financiamento, mas que possui em seus quadros verdadeiros heróis na luta contra a pandemia e contra as doenças em geral. Os profissionais e militantes dos SUS têm nos ensinado que medicina e saúde não devem ser compreendidas como mercadorias.

A todos os cidadãos do mundo que não deixaram de acreditar na ciência em tempos de negacionismo científico. Cabe-nos, agora, manter a esperança em dias melhores. E, juntamente com Chico Buarque de Hollanda, cantor, compositor e escritor brasileiro, repetir a frase da canção: “Amanhã vai ser outro dia”.

 


domingo, 3 de outubro de 2021

A voz do coração - por Cláudia Régis Machado

 

A voz do coração

Se perguntarmos para as pessoas o que é ouvir a voz do coração, suponho que a maioria responderia que é ouvir os sentimentos, as emoções que estão no interior de cada ser humano.



A resposta estaria certa.

Mas só temos a voz do coração? Seria incompleto, muito simplificado acreditar que sim, pois somos um espírito complexo composto por emoções, sentimentos e razão, que caminham juntos na dinâmica vivencial.

Antes de discorrermos sobre o assunto devemos colocar que emoção é diferente de sentimento, embora muitas vezes usemos no mesmo sentido. É uma simplificação.

Emoção é uma reação corporal, motora que advém do nosso cérebro que faz parecer em resposta a alguma situação. É inato. Reação emocional que compartilha toda a espécie humana.

Para o neurologista português Antônio Damásio “o sentimento é a forma como a mente vai interpretar essas reações corporais, os movimentos emocionais do corpo”.

Os sentimentos têm forte componente cognitivo. Você pensa através dele, você constrói uma percepção afetiva ou a desconstrói.

No seu livro Uma Nova Visão do Homem e do Mundo Jaci Régis coloca que: “na sua evolução o espírito assumindo as qualidades de discernimento e de escolha, característica do nível racional, começa uma nova fase quando o elemento afetivo quase todo impulso puro começa a submeter-se aos limites que a relação com o outro impõe. Estes componentes vão sendo refinados e melhorados através de milhares de anos, o que ocorre no processo reencarnátorio, onde aprende na vivência, muitas vezes de maneira forçada, as condições que tornam a vida possível tanto na sobrevivência animal quanto nas relações afetivas do homem”.

Não é possível dividir o indivíduo, olhando-o somente por um aspecto quer seja emocional ou racional.  Podemos em situações ter uma atuação mais racional e outra mais emocional. Mas no inconsciente e no consciente há toda uma elaboração, mesmo que rapidamente, dos dois modos de agir.

O estudo sobre a estrutura do cérebro avançou muito e segundo, Damásio “é preciso que o cérebro seja capaz de representar aquilo que se passa no corpo e fora dele de uma forma muito detalhada”. Coloca ainda que: “as decisões mais impulsivas e emocionas são originadas na região do cérebro chamada amigdala. Já aquelas decisões mais racionais vêm do hipotálamo até chegar ao neocortéx. Este trajeto entre hipotálamo e o neocortex é mais longo e segundo o estudioso, talvez por isso temos mais tempo para pensar”.

Muitos separam dizendo: - seu coração é duro, você não tem coração, és um insensível ou você é só razão! Isto é uma observação incompleta, pois esses não são processos excludentes. Nas diversas formas de nos expressar demonstramos esses dois aspectos de forma misturada, mesclada e unitária.

Usar a inteligência, a razão, identificar as emoções primárias e depois aprender a nomear os sentimentos, reconhecê-los em si mesmos e vive-los de forma harmônica é decorrência de muitos fatores, dois deles: a educação e os condicionamentos socioculturais.

A emoção pode moldar o raciocínio.  O raciocínio pode alterar nossas emoções. Conciliar bem a emotividade com a racionalidade demonstra equilíbrio e maturidade espiritual. A medida em que as sociedades evoluem caminhamos para uma maior harmonia entre o lado emocional e o lado racional. Ainda nem sempre é visível essa harmonia, é um trabalho a se avançar.

O estado de desequilíbrio muitas vezes ocorre e para uma melhora é importante primeiramente autoanalisar-se, refletir e verificar com grande pormenor quais as situações que nos trouxeram a este estado e encontrar soluções, sozinho ou com ajuda, para aperfeiçoar a maneira de reagir a estas e ter uma mudança de postura.

A racionalidade e os aspectos afetivos que estão presentes no nosso dia a dia. Quando pensamos em progresso do espírito pensamos sempre no equilíbrio, no meio termo do uso destes elementos. Aprender a administrar, autogerenciar estes itens e vivenciarmos estes aprendizados irão proporcionar um desempenho harmonioso, criativo, produtivo e revelarão compreensão e o entendimento da vida.

Cláudia Régis Machado é psicóloga e reside em Santos -é Vice-Presidente do ICKS.

Este artigo foi publicado originalmente no Jornal Abertura de setembro de 2021, quer ler o jornal todo?

Baixe aqui:

https://cepainternacional.org/site/pt/cepa-downloads/category/20-jornal-abertura-2021?download=117:jornal-abertura-setembro-de-2021


quinta-feira, 30 de setembro de 2021

A liberdade é uma escolha por Roberto Rufo e Silva

 

                                                                A liberdade é uma escolha.

 

"O livre-arbítrio é a capacidade de fazer com alegria aquilo que eu devo fazer". (Carl Gustav Jung).

 

 

Sobrevivente de Auschwitz, a escritora húngara e doutora em psicologia Edith Eva Eger, que em 29 de setembro/2021 fará 94 anos, lançou o livro "A liberdade é uma escolha" , que trata sobre a escolha do ser humano em ser livre. 

Escutemos com atenção este breve relato da Sra. Edith Eva Eger: 

"Na minha primeira noite no campo de concentração em Auschwitz, aos 16 anos de idade, fui forçada a dançar para Josef Mengele, o oficial da SS conhecido como Anjo da Morte. Dance para mim , ele ordenou. Relembrando o conselho dado por minha mãe - Ninguém pode tirar de você o que você colocar na sua mente - , fechei os olhos e me transportei para um mundo interior. Na minha imaginação , eu não era mais a prisioneira morta de frio e de fome e arrasada pela perda. Meus pais foram assassinados na câmara de gás no primeiro dia de prisão. 

Passei então a me imaginar no palco da Ópera de Budapeste interpretando a Julieta do balé de Tchaikovsky. Foi escondida nesse refúgio interior que obriguei meus braços a se erguerem e minhas pernas a girarem. Reuni forças para dançar pela minha vida.

Todo minuto que vivi no campo de concentração de Auschwitz foi como um inferno na Terra. Mas foi também a minha melhor escola. Submetida à perda, à tortura, à fome e sob constante ameaça de morte, descobri as estratégias de sobrevivência e liberdade que uso até hoje, diariamente, em meu consultório e em minha vida.

Quando escrevi A bailarina de Auschwitz, eu não queria que as pessoas lessem minha história e pensassem - Meu sofrimento não é nada em compensação com o dela  - .Queria que as pessoas conhecessem a minha vida e entendessem - Se ela pode fazer isso, eu também posso". 

 Dentre os conceitos fundamentais que compõem o núcleo do Espiritismo, o livre-arbítrio é o aspecto da lei maior que sustenta a evolução do universo inteligente. Livre-arbítrio é a ação do espírito no limite de seu conhecimento, e responsável na medida de seu entendimento. Como mola propulsora desse livre arbítrio surge algo chamado de vontade. Paulo Cesar Fernandes em seu trabalho Livre-arbítrio ou Determinismo apresentado no VI Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita de 1999 assinala que o livre arbítrio é libertação. Todavia o espírito tem em si uma série de leis, escreve Paulo Fernandes, que não pode sobrepujar por estar envolvido na matéria, preso a um organismo,sujeito a leis biológicas e psíquicas, vinculado a um meio social e modelado pela educação da família. Naqueles espíritos que ainda não chegaram a um grau de consciência superior a vontade é quase instintiva, baseando-se nas necessidades de sobrevivência. Continua Paulo Cesar Fernandes, dizendo que à medida que tomamos consciência de nossa existência e sua finalidade, nos convertemos em seres mais reflexivos, inteligentes e racionais, conquistando passo a passo a nossa liberdade , através da vontade de superação, eu acrescentaria. Esse também é o conselho da Sra. Edith Eva Eger em seu livro "A liberdade é uma escolha" . Embora o sofrimento seja universal e inevitável, diz a autora, podemos ajudar as pessoas a valorizar o poder da escolha. A vontade como força motriz do livre-arbítrio.

Meus queridos e com certeza poucos leitores, tentem responder a essa sequência de perguntas propostas pela Sra. Edith Eger : Sou orientado  por problemas ou orientado por soluções? Vivo refém do passado ou estou vivendo no presente? E por último aquela pergunta que ela acha que devemos nos perguntar diariamente : estou evoluindo ou revolvendo o passado?

Voltemos ao pensador Paulo Cesar Fernandes no seu trabalho do VI SBPE de 1999, Livre-arbítrio ou Determinismo, que nos ensina que quanto maior for nosso grau de evolução maior será a nossa liberdade com a consequente maior responsabilidade pelos atos praticados. Eu acredito, e para isso me valho do Espiritismo, que possuímos em todos nós uma capacidade de transcender até mesmo o maior dos horrores e usar o sofrimento para o bem estar de todos como fez a Dra. Edith Eva Eger . 

 Roberto Rufo 

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

Gostou? Você pode encontrar muito mais no Jornal Abertura – digital, totalmente gratuito.

Acesse: CEPA Internacional

terça-feira, 28 de setembro de 2021

As Paralimpíadas e a carta de Yve - por Alexandre Cardia Machado

 

As Paralimpíadas e a carta de Yve

Na segunda metade de agosto, com duas semanas de diferença das Olimpíadas do Japão se realizaram as Paralimpíadas. Enquanto nos Jogos Olímpicos, havia cobertura de uma dezena de canais a cabo vemos uma cobertura importante, mas muito mais modesta das Paralimpíadas.



Estes jogos fazem parte de um processo internacional de quebra de barreiras, de redução de preconceitos que se vê cada vez de forma mais relevante em todas as áreas sociais.

O espiritismo nos ensina que todos nós surgimos simples e ignorantes e que evoluímos pela soma de nossas experiências, somos todos passageiros desta aventura do desenvolvimento do Espírito através da imortalidade dinâmica.

O Brasil foi o 8° colocado nas Paralimpíadas do Rio de Janeiro em 2016, buscávamos nestes jogos igualar ou quem sabe superar a marca anterior, é assim que as coisas acontecem nos esportes e por que não dizer, na própria vida onde em todas as atividades, nós Espíritos Encarnados estamos em busca de superações. Finalmente terminamos os jogos na 7ª posição, igualando este resultado ao dos jogos de Londres em 2002, em matérias de medalhas, igualamos o número conseguido no Rio de Janeiro com 72 medalhas, mas superamos nosso recorde de 2002 que era de 21 ouros e atingimos um total de 22 ouros.

Mas o resultado não é o que realmente importa, nas palavras do criador dos Jogos Olímpicos da Era Moderna Barão de Coubertin – “O importante não é vencer, mas competir. E com dignidade” Pierre de Fredy (1863 -1937).

A carta de YVE

Recentemente nosso Ministro da Educação fez uma declaração infeliz, tendo se desculpado, logo em seguida, tamanha a repercussão, extraio este trecho que vamos analisar: “há crianças com deficiência de impossível convivência “. Esta é claramente uma posição antiga, típica de meados do século XX, a experiência moderna tem demonstrado que a convivência com pessoas de múltiplas capacidades, formações, etnias e quaisquer outras diferenças contribuem para a formação de uma mentalidade de maior tolerância ao mesmo tempo que promove um suporte social a aqueles que foram por muito tempo afastados deste convívio. Isto não exclui a possibilidade de termos escolas especializadas, mas onde elas não existam as escolas precisam estar preparadas.


 

Foto de Yve e Romário

 

Yve é uma menina de 16 anos com Síndrome de Down, filha do artilheiro Romário, hoje Senador. Destaco dois trechos da carta que ela enviou ao Ministro Milton Ribeiro:

"Sabe, eu tenho síndrome de Down, sou uma pessoa com deficiência, e sou estudante. Eu estudo para ter um futuro e ajudar o meu país. Eu não atrapalho ninguém”

“A minha presença e a de outras pessoas com deficiência não é ruim, muito pelo contrário, desde a escola, meus coleguinhas aprendem uma lição que parece que o Sr. não teve a oportunidade de aprender, que a diversidade faz parte da natureza humana e isso é uma riqueza"

Creio que estes dois trechos representam a importância de sua declaração. Os leitores se quiserem ler o texto completo basta pesquisar no Google.

Existe uma interpretação espírita que, nós os chamados Espíritas Livre Pensadores já superamos, que é a de que nós reencarnamos para cumprir provas e expiações, palavras que poderiam ter sentido no século XIX. Hoje vemos os fatos, todos os que se nos cercam e que se nos apresentam como oportunidades de crescimento, esta interpretação é muito melhor porque todos nascem com pontos positivos e negativos se comparados com uma média. Embora seja evidente que num planeta de 7 bilhões de pessoa, não deva existir nenhuma pessoa que se encaixe, perfeitamente, na média, todos somos desiguais. Como já dissemos em parágrafo anterior, estamos aqui para superarmos os obstáculos que se apresentem.

Nas Paralimpíadas, por exemplo, várias categorias de competição são formadas por amputados. Ou seja, pessoas que nasceram com todos os órgãos normais, mas que por um acidente, ou por motivo de alguma doença degenerativa, foram obrigados a passar por uma amputação. Não acreditamos em destino ou predestinação ou mesmo em encarnação programada. O que está escrito nos livros Nosso Lar e Evolução em Dois Mundos, sobre a reencarnação é pura fantasia, ou na melhor das hipóteses estória para “evangelizar”, pensada para acalmar as ansiedades dos “desfavorecidos”. É preciso saber viver, o processo reprodutivo tem riscos, acidentes acontecem o tempo todo, guerras, assaltos, pessoas que levam tiros, tudo isto é impossível de ser programado, acontece por acaso. Ou muitas vezes por desvios morais de uns, por descuidos de outros. A vida como ela é.

Então, as pessoas amputadas passam por um processo de readaptação, reaprende a andar, e também a se divertir, pois não estão punidos, estão sim experimentando uma nova situação. Cada vez mais a medicina, a fisioterapia e a evolução tecnológica trabalham para dar melhores condições de recuperação para que a vida siga. E eu, particularmente, gosto de ver o esforço e a capacidade de superação destes superatletas paralímpicos.

Concluindo, nunca deveríamos abdicar do direito, e da vontade de aprender sempre, tudo muda o tempo todo e temos que nos esforçar para acompanhar estas mudanças!

Artigo publicado no jornal Abertura - setembro 2021

 Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

Gostou? Você pode encontrar muito mais no Jornal Abertura – digital, totalmente gratuito.

Acesse: CEPA Internacional

 

 

 

 

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Abrindo a mente - Como trabalhar com a terceira idade, para desenvolver trabalhos com metodologia científica? por Alexandre Cardia Machado

 


Como trabalhar com a terceira idade, para desenvolver trabalhos com metodologia científica?

 

No ICKS durante 8 anos incentivamos nossos membros a desenvolver trabalhos com metodologia científica, foram quatro estudos que desenvolvemos, conforme pode ser visto abaixo:

 

ü  2011 - XIII – Penetração de nossas ideias.

ü  2012 - XXI Congresso CEPA - Análise da evolução do conceito de Reencarnação ao longo das obras de Allan Kardec.

ü  2013 - XIII SBPE - Pode o Espiritismo ser considerado Ciência da Alma? Uma análise epistemológica da proposta do pensador espírita Jaci Régis;

ü  2015 - XV SBPE - Somos Progressistas?

 

O primeiro obstáculo, já que a média etária, durante estes anos variou de 65 e 72 anos, onde muitos de nossos sócios não tinham experiência anterior no desenvolvimento de trabalhos com estas característica, com segurança foi vencer o medo. Fazê-los acreditar que com métodos e coordenação isto seria possível.

 


O primeiro trabalho foi muito especial para todo o grupo, pois foi desenvolvido para o primeiro SBPE sem a presença de Jaci Régis, tamanha responsabilidade exigiu muito de nosso grupo, fizemos diversas exposições, relatos, cronologia e vídeo – sobre a penetração das ideias apresentadas nos 10 SBPEs anteriores e uma exposição sobre o papel deste jornal neste objetivo de ampliar os temas espíritas.

 


O segundo experimento foi preparar um trabalho para o XXI Congresso da CEPA, não houve tempo de ensinar metodologia científica, então contamos com os mais novos para coordenar e fazer a redação do trabalho, de todo modo foi um trabalho de pesquisa bibliográfica, de comparação de textos e de traduções, bastante complexo.

Resultou no V Caderno Cultural do ICKS, lançado em 2013, o fato de já ter sido publicado acreditamos, deva ter sido uma das razões de não ser incluído no livro “Perspectivas Contemporâneas da Reencarnação”.

 


Para o XIII SBPE buscamos apoio para aumentar o conhecimento do grupo sobre epistemologia decidimos convidar a professora Doutora em Filosofia Conceição Neves Gmeiner da Universidade Católica de Santos, para nos dar um curso sobre Teoria do Conhecimento e Ontologia. Com isto nos foi possível enfrentar a proposta de análise epistemológica.

 

Já para a empreitada de 2015, onde decidimos como objeto de pesquisas, rever todas as edições anteriores dos jornais Espiritismo e Unificação e Abertura, resolvemos começar com um treinamento em metodologia científica, apresentado em duas reuniões por mim.

 

Os resultados falam por nós mesmos, estão nos anais dos simpósios, no Caderno Cultural, mas principalmente os maiores vencedores foram nós mesmos que nos divertimos e trabalhamos juntos como uma grande equipe.





 

Para abrir mais a sua mente: V Caderno Cultural – ICKS, pedidos pela cópia eletrônica pelo e-mail – ickardecista1@terra.com.br.

 Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

Gostou? Você pode encontrar muito mais no Jornal Abertura – digital, totalmente gratuito.

Acesse: CEPA Internacional

 

 

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Homenagem a Jaci Régis – Pensamento e ação - youtube

 

Homenagem a Jaci Régis – Pensamento e ação

No dia 12 de dezembro do ano passado,  às 16 horas ocorreu esta homenagem da CEPA Brasil e ICKS, com o apoio do CPdoc e da CEPA Internacional – via zoom.

Jaci Régis


A abertura do evento coube ao Presidente da Cepa Brasil Jaílson Mendonça seguido de vídeos de familiares de Jaci, dona Palmyra Régis, viúva, e suas filhas Valéria e Rosana além de seu irmão mais velho Ivon Regis. A seguir alguns espíritas importantes fizeram declarações: o Ex-Presidente da CEPA Internacional Jon Aizpúrua, seguido de Ciro Pirondi e Ricardo Nunes. Finalizando esta primeira parte, Alexandre Machado, presidente do ICKS  apresentou slides sobre a obra de Jaci Régis.

Após estas apresentações programadas, Jaílson chamou alguns dos presentes a adicionar algumas considerações sobre Jaci Régis, foram eles , Salomão Benchaya,  Jacira Jacinto da Rocha, Wilson Garcia, Ademar Arthur Chioro dos Reis, Milton Medran e Mauro Spínola.

Terminada esta fase coordenada, foi aberto o microfone a quem quisesse falar, quando Dona Palmyra agradeceu a homenagem e mandou um grande beijo a todos, se seguiram: Marcelo Henrique, Marcelo Régis e Geraldo Pires.

Através do chat: Saulo Albach de Curitiba, Beatriz Régis de Campinas, Bruna Régis, David Santamaria de Barcelona, Gerson Yamin, Fernando Régis, Maria Calvo da Espanha, Julio Regis de Cincinati, Cavour Chrispim, Mariângela Machado de Porto Alegre, Sandra Regis, Camila Regis, Amely, Luiz Fernando Mokwa, Maria Cristina Zaina de Curitiba, João Conde Régis de Santa Catarina e Magda Zago de São Paulo deixaram o seu recado.

Durante esta última parte em fundo de tela ficou rolando centenas de fotos de eventos relacionados com o homenageado.

Vejam o evento pelo youtube : https://www.youtube.com/watch?v=hvaWAIhPhzY


Gostou? Você pode encontrar muito mais no Jornal Abertura – digital, totalmente gratuito.

Acesse: CEPA Internacional


segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Papel da imprensa espírita no mundo digital - por Alexandre Cardia Machado

 

Papel da imprensa espírita no mundo digital

 

O que a gente lê e vê molda o nosso pensamento e o nosso modo de viver – vide O dilema das redes socias e o espiritismo – editorial de outubro de 2020 disponível no blog do ICKS – 

link: https://www.blogger.com/blog/post/edit/8190435979242028935/2737864431208555629

Esta afirmativa já era válida antes da existência dos grandes algoritmos que se baseiam em nossas informações divulgadas como ou sem o nosso consentimento nas redes sociais.

O documentário “O dilema das redes” disponível na NETFLIX nos mostra que só dois tipos de atividades chamam seus clientes de usuários – o de informática e o de drogas ilícitas é uma frase de efeito, mas cada vez mais passamos mais tempo na frente das telinhas: TV a Cabo, Netflix, Celular, tablet, computador, notebook. Nos elevadores de prédios comerciais, nas salas de espera, nas padarias da moda, sempre tem alguém expondo um produto, uma ideia, uma notícia nas telinhas.

Estar informado, tudo bem, temos mesmo diversos interesses, o problema e daí o nome dilema é que os algoritmos sabem o que nos interessa e o que não nos interessa, o documentário é excelente em mostrar como isto é feito, e então acontece a mágica, ou melhor o ilusionismo, você gostaria de comprar um carro, pesquisa nos sites de classificados e de repente, começa a receber ofertas nas suas telas.

Prestar um serviço de qualidade aos nossos leitores deve ser a meta de qualquer órgão de imprensa, em nosso caso, nosso público-alvo eram os nossos assinantes, mas agora, com o Abertura digital isto ganha uma nova amplitude, estamos teoricamente sendo acessados por qualquer pessoa com um smartfone em qualquer parte do mundo que fale português.

Nosso coirmão o jornal Opinião do CCEPA, que já a algum tempo disponibilizava uma cópia eletrônica de seu jornal pela internet, tomou a decisão de ser 100% digital, também a partir de 2022.

Se fizermos sempre a mesma coisa, do mesmo jeito, no máximo obteremos o mesmo resultado, não melhoraremos, ainda que muitos prefiram o jornal impresso, já demonstramos que ecologicamente é vantajoso tê-lo digital, de qualquer forma aqueles que o desejarem, sempre poderão imprimir a sua cópia, faça um teste.  Siga a orientação disponível no jornal, baixe o jornal digital – colorido e imprima.

Aqui o grande passo que estamos dando de melhora é a maior penetração de nossas ideias. Nosso jornal sempre distribuiu cerca de 300 exemplares aos nossos maravilhosos assinantes. Disponibilizamos o acesso digital há dois meses, no momento via site da CEPA e já dobramos o número de leitores. Sem quase nenhuma ação de marketing.


Página da CEPA - Associação Espírita Internacional -onde é possível baixar o Abertura


As edições digitais, já nascem com esta facilidade de acesso, podemos armazenar e disponibilizar aos nossos leitores e ainda mais podemos saber quantas pessoas estão, por ação própria acessando o site e abrindo o jornal.

Voltando ao nosso papel como imprensa espírita:

O jornal em papel ou digital tem o papel importante de ser um marcador de tempo, um registro histórico, em nosso caso de uma visão espírita de algum fato de um acontecimento ou de uma movimentação social. Se alguém quiser saber como os espíritas se posicionaram com respeito a fatos como: Tsunami e tragédia nuclear de Fukushima, no Japão; sobre a invasão do Iraque no governo de Bush Filho; Crise econômica de 2008 e mais próxima a pandemia do Covid-19 como exemplos. O jornal sempre se posicionou.

Busco aqui um exemplo, entre os diversos que poderíamos escolher como um marcador de tempo: A crise econômica de 2008: ela começa à partir do estouro da bolha imobiliária nos EUA e afeta todo o mundo globalizado, nas palavras de Jaci Régis:

 “... O fato é que o capitalismo, o livre mercado, a auto regulação caíram e urgem novas medidas para garantir o equilíbrio necessário ao comércio internacional. Não apenas a competência, mas a moralidade continua sendo básica no trato das questões humanas e, inclusive, financeiras. A competência parece resolvida pelo menos em parte. A moralidade, contudo, sucumbe diante da ambição desmedida. ... Allan Kardec referindo-se à crise econômica de 1857, que assolou a França, reclamou da necessidade de emprego para que a dignidade humana fosse garantida pelo trabalho ...” Abertura janeiro /fevereiro 2009 – Coluna Problemas Sociais e Políticos.

Uma abordagem clara, referenciada em exemplos espíritas, sem emoção excessiva, faz parte do DNA deste jornal.

Fazer a observações das diversas tensões sociais porque o mundo e o Brasil passam sob a ótica espírita livre-pensadora como demonstrado acima é nosso papel como imprensa espírita.

Todos sabendo que um artigo sempre será um recorte, uma visão individual, no entanto confiamos que a pluralidade de visões que nossos articulistas possuem é o que nos permite ter a necessária abrangência, apresentando visões muitas vezes distintas para estes fatos.

Entre nós, os articulistas, existe uma grande amizade, consideração e respeito, somos amigos, mesmo que em muitos momentos tenhamos visões diferentes de um mesmo fato. Este é o grande mérito do Abertura. Podemos chamar isto de pluralidade visionária.

Não devemos usar o Abertura para doutrinar as pessoas a pensarem apenas de uma forma, nunca foi esta a proposta do Jornal.

Um jornal espírita tem ainda o papel de informar e divulgar eventos importantes, marcando e impulsionando a sua execução. É claro que agora outras mídias são mais efetivas, tais como Face book, LinkedIn, WhatsApp, mas o velho e conhecido cartaz e a divulgação nos meios tradicionais também tem o seu valor.

Nota: Artigo originalmente publicado na edição de agosto de 2021 do Jornal Abertura de Santos.

Gostou? Você pode encontrar muito mais no Jornal Abertura – digital, totalmente gratuito.

Acesse: CEPA Internacional

 

 

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Abrindo a mente - Maurice Herbert Jones por Alexandre Cardia Machado

 

Abrindo a mente - Maurice Herbert Jones

 

Tive o privilégio de conhecer e principalmente conviver por 2 anos no CCEPA com esta referência no Espiritismo Livre-Pensador. Foram anos ricos de participação duas vezes por semana, nos dias de reunião de estudos e nas reuniões abertas.

Seu Jones como carinhosamente nos referíamos a ele, é aquela pessoa que mesmo discordando da gente, sabia fazer sempre de forma agradável, educada, acolhedor um verdadeiro cavalheiro. Tivemos a oportunidade de viver em Porto Alegre com toda a minha família em 2002 e 2003. Eu nasci naquela cidade de onde saí para morar em Santos em 1984. Voltar a Porto Alegre era uma incógnita, tínhamos a minha família lá que claro nos recebeu de braços abertos, pelo lado profissional também não houve nenhum problema, agora para a Cláudia minha esposa, que deixaria para trás suas atividades profissionais como psicóloga e minhas filhas pré-adolescentes a mudança de estado era um baque.

O calor de nossa família e a enorme e excelente recepção que tivemos no CCEPA, onde já conhecíamos pessoalmente vários de seus componentes foi fundamental para que nos sentíssemos em casa.

Cláudia reativou a mocidade no CCEPA e a coordenou por dois anos com a participação de nossas filhas.

Creio que Cláudia e eu atuamos bastante tanto das reuniões de estudo como nas reuniões abertas onde, claro, ocorriam os maiores debates. Seu Jones capitaneava esta reunião, com toda a sua inteligência e modo de ser que a todos encorajava a explorar mais e aprofundar os estudos e reflexões mais e mais a cada dia.

Maurice Herbert Jones

Jones era casado com a Elba, nosso amigo Jones cuidou dela quase sozinho, não que não pudesse dispor de ajuda, mas por amor e carinho. Elba era uma pessoa encantadora, delicada, em comum comigo, ela também trabalhou na General Electric, ela gostava de contar seus tempos na GE. Ainda sobre a Elba que era um pouco mais nova que minha mãe, coincidentemente tinha uma residência de veraneio na praia do Ipanema em Porto alegre bem perto de minha mãe, na mesma rua. Acho que dona Elba tinha mediunidade, pois me relatou ter visto meu avo Mário algumas vezes sentado na cadeira de balanço no alpendre da casa, que minha avó vendeu após o seu desencarne, coincidências de nossas vidas entrelaçadas.

Em 2019, estivemos Jailson Mendonça – Presidente da CEPA Brasil, Ana sua esposa, Cláudia e eu no CCEPA e esta foi a última vez que estive com o Jones.

O sr. Maurice nos deixa em 20 de junho de 2021, ele assim como Jaci Régis teveram um papel importantíssimo no desenvolvimento deste segmento laico e livre-pensador que hoje fazemos parte. Fica aqui o convite a leitura de sua biografia publicada no site do CPDoc que referencio abaixo.

 Para abrir mais a sua mente: https://www.cpdocespirita.com.br/portal/destaques/personalidades-em-destaque/160-maurice-herbert-jones

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

Gostou? Você pode encontrar muito mais no Jornal Abertura – digital, totalmente gratuito.

Acesse: CEPA Internacional


sexta-feira, 23 de julho de 2021

60 anos de Espiritismo: - Jaci Régis ao completar 60 anos dedicados ao Espiritismo

 

60 anos de Espiritismo:

Jaci Régis ao completar 60 anos dedicados ao Espiritismo

Este texto foi extraído da edição de novembro de 2007, Jaci Régis viria a desencarnar em dezembro de 2010, podemos perceber a tranquilidade e consciência que Jaci Régis tinha de seu papel e vida. Republicamos o texto, pois para muitos leitores, alguns detalhes da vida deste grande pensador podem ter passado despercebidos. O texto é escrito de próprio punho por Jaci Régis, vale a pena recordar.

Jaci Régis e Palmyra Coimbra Régis em Paris no túmulo de Allan Kardec – Cemitério Père-Lachaise.

“Neste mês de novembro completo 60 anos de atividades ininterruptas, diárias, no movimento espírita. Foi neste mês, em 1947, que comecei a participar da então Juventude Espírita de Santos, transformada em Mocidade Espírita Estudantes da Verdade. Sessenta anos é um tempo bastante expressivo na vida de cada um. Nesse longo período a existência se corporificou no casamento, nos 6 filhos, 11 netos e, agora, na primeira bisneta. O mundo em que reencarnei, era totalmente diferente do atual. Acompanhar a febril transformação política, social e tecnológica, foi tarefa de inteligência e flexibilidade. Penso que consegui. De um simples aparelho de rádio às poderosas transmissões via satélite, estabelecendo novas formas de comunicação. Do automóvel desprovido e raro, aos carrões que circulam e se tornaram o sonho de consumo da maioria, da máquina de escrever ao computador. Do telefone precário de então ao celular e, finalmente, à internet, deixamos a aldeia circunscrita de meus primeiros dias neste mundo, à aldeias globais, na qual, a despeito de nosso desejo, estamos imersos até as orelhas. Li a República de Platão, aos treze anos, na Biblioteca Pública de Florianópolis, onde reencarnei. Desde sempre estive com livros embora só tardiamente frequentasse a Universidade, obtendo três títulos, a partir dos 39 anos de idade. Dentro do movimento espírita as coisas também mudaram. Na mesma década de trinta do século passado em que reencarnei, começou a missão de Francisco Cândido Xavier, mudando o perfil do Espiritismo que, todavia, fortaleceu-se como uma religião menor. Primeiramente a iniciação num Espiritismo crítico, mas, sem dúvida, religioso, cristão.

Embora a influência do líder naqueles primeiros dias, sempre segui um caminho próprio e nunca fiquei atrelado a um ídolo ou ícone. Essa independência me rendeu, no tempo, muitos dissabores, se assim posso referir-me aos entraves, incompreensões e agressões que recebi. Todavia, jamais me tiraram o ânimo. Tinha algo a fazer e fiz. Sem missão ou coisa parecida. Os desafios marcaram os passos. O ideal, a inovação, a criatividade estabeleceram novos caminhos. Mas o que mais me satisfaz, em termos de doutrina espírita, foi a liberdade de pensar fora do esquema religioso. Só quem libertou-se dos estritos caminhos do pensar religioso pode avaliar o que significa essa liberdade. Não é ser antirreligioso, maldizer as crenças. Nada disso. É ser livre para analisar os fatos sem preconceitos, aceitar ou rejeitar, duvidar e prosseguir. Um jogo fascinante na busca de um centro de referência e reflexão. O fato de ser kardecista, de ter em Kardec a base do pensar, nunca me tolheu, nem me cerceou. A crença é um direito e deve ser respeitada. Só que, na minha visão, não cabe no Espiritismo, se ele quiser ser livre pensador, aberto, progressista.

Na verdade, minha existência terrena se pautou pelo trabalho no movimento espírita. Por ele, aderi ao Lar Veneranda, onde permaneço há 47 anos e que, posso dizer sem vaidade, solidifiquei sua estrutura, seu trabalho assistencial, sua destinação. Uma obra de minha vida. Formatei, também, o pensamento da Mocidade Espírita Estudantes da Verdade e, consequentemente, do Centro Espírita Allan Kardec em cuja direção trabalhei muitos anos, estabelecendo seu rumo doutrinário. Há também o desenvolvimento do gosto de escrever. Dirigi o jornal Espiritismo e Unificação, da União Municipal Espírita, por mais de 20 anos. Depois, devido a ruptura, fundei o ABERTURA, em 1987 e continua. Embora, tenha publicado folhetos e pequeno livreto, foi a partir de 1975, que me tornei um escritor, publicando oito livros que tiveram, a princípio, muita boa saída, contabilizando mais de 100 mil livros vendidos.

Desde 1986, o movimento espírita bloqueou-me. Fiquei na lista dos indesejáveis, as vendas tiveram uma queda muito grande e milhares de livros estão estocados. No meio das confusões da ruptura com o movimento religioso, fundei a LICESPE, - Livraria Cultural Espírita Editora, dentro do Lar Veneranda, em substituição à Dicesp que criei e presidi no esquema unificador.

E, enfim o ICKS - Instituto Cultural Kardecista de Santos, uma iniciativa que se encaminha vitoriosa, abrigando o SBPE, Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, iniciado em 1989, como ousada reação ao fechamento imposto pelo sistema unificado do movimento. Um balanço bastante positivo pelo que vejo.

Na vida econômica ganho o suficiente para ter uma vida tranquila. Não dependo de ninguém, casa vazia, só eu e a esposa, enquanto filhos e netos seguem suas vidas dentro de padrões moralmente muito bons e economicamente satisfatórios. Não sei quanto tempo ainda estarei por aqui, mas reconheço um grande ganho para minha alma ao longo de setenta e cinco anos vividos com cardiopatia crônica, duas cirurgias para colocar pontes de safena, edema pulmonar, angioplastias, cateterismo, alguns pólipos na bexiga, gastrite crônica, mas assim mesmo relativamente sadio, pois permaneço ativo.

Essa pequena síntese que faço ao sabor da memória me remete a todo um caminho no qual perfilei com pessoas de variadas expressões emotivas e intelectuais, com as quais aprendi a conviver, a superar impulsos e perdoar atritos. A maioria foi. Eu fiquei. Ao completar sessenta anos de trabalho doutrinário me sinto feliz. Meu olhar prossegue atento e mantenho alto meu estandarte de trabalho. Tenho objetivos. É o que vale”.

Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

Gostou? Você pode encontrar muito mais no Jornal Abertura – digital, totalmente gratuito.

Acesse: CEPA Internacional