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segunda-feira, 28 de maio de 2018

O que é fazer a diferença? por Alexandre Cardia Machado


O que é fazer a diferença?

Pesquisando sobre o tema fazendo a diferença encontrei um texto que gostaria de compartilhar com vocês, o título é “Atitudes Que Fazem A Diferença!” escrito por Gustavo G. Boog para o Jornal “Novo Emprego – O Amarelinho”, voltado para o mercado de trabalho. No texto podemos encontrar reflexões sobre o que realmente importa, nas diversas áreas de atuação humana.

“ Fazer a diferença é uma atitude normal nas pessoas, pois cada um de nós deseja de alguma forma deixar a marca de sua atuação, o registro de sua competência, mostrar o quanto pode contribuir numa determinada situação. As pessoas que estão ao nosso redor simplesmente adoram que cada um de nós faça a diferença, sejam elas nossos colegas de trabalho, chefe, parceiros ou parceiras, família, amigos, etc. Fazer a diferença é sair do lugar comum, é fazer diferente, é dar o melhor de nós; quando não queremos ou podemos fazer a diferença, quando nos sentimos desmotivados, impotentes, quando existe a postura do “tanto faz”, quando nos sentimos vítimas, com certeza há algo errado, é como se houvesse uma doença.

Fazer a diferença é surpreender positivamente as pessoas, fazendo “algo mais” que não era esperado, e de alguma forma superando as expectativas. Fazer a diferença significa “encantar” as pessoas, criando aquele ambiente mágico em que as pessoas podem dizer: “para mim, naquele momento, naquele local, você fez a diferença!”. Nós reconhecemos instantâneamente alguém que faz a diferença: pode ser um vendedor na loja, um garçon, um cobrador de onibus, um guarda de estacionamento, um colega de trabalho, um líder inspirador.

Para fazermos a diferença é preciso desenvolver nossa maestria pessoal e profissional: precisamos ser competentes e termos poder pessoal.

• precisamos ser competentes para fazermos a diferença. Isso quer dizer que devemos ter conhecimentos e habilidades, adquiridas pela prática, pelos estudos, pelo treino, pela experiência de vida; e também motivação, ou seja, o estímulo, a vontade de fazer a diferença. A competência é a filha do conhecimento e da motivação. Num desfile de Escolas de Samba, é preciso de muita competência para preparar as alegorias, os carros, os passos. Veja quantos conhecimentos e quanta motivação estão presentes. E como diz o provérbio: quem não tem competência que não se estabeleça!

• o poder pessoal é assumir as rédeas da próprioa vida, é termos auto-estima elevada, é gostarmos de nós mesmos, é estarmos de bem com a vida, é a decisão de não ser mais vítima. O poder pessoal significa num primeiro momento aceitarmos as coisas como elas são (e não ficar brigando contra), e imediatamente agir em cima disso. Por exemplo, meu chefe no trabalho é um pequeno ditador. Aceitar isso significa não ficar desejando que ele seja diferente, mas sim reconhecer que ele é assim. A questão que se coloca é o que eu devo e posso fazer com isso? qual será meu próximo passo?
Para fazermos a diferença, é fundamental nos conhecermos, quais são nossos potenciais e os pontos que precisamos desenvolver e melhorar. …

Gente que faz a diferença tem algumas características. Procure identificar se você tem algumas, muitas ou todas e saberá se você pode e quer fazer a diferença. São elas: se importa com os outros, conhece as necessidades dos outros; coloca sua energia na busca de soluções e não tanto nos problemas; dá um carinhoso “empurrão” nos outros, fazendo-os ver novas possibilidades e caminhos ;  está de bem com a vida, é entusiasmado e não descarrega suas frustrações nos outros e  tem cortesia e alegria nos relacionamentos; tem competência e te ajuda a alcançar os teus objetivos;  tem poder pessoal;  tem um sentido de finalização. Não fica dando desculpas porque alguma coisa não aconteceu. Faz as coisas acontecerem;  não se exime das responsabilidades, vai além do “eu fiz a minha parte”;  assume a liderança e os riscos ; Fazer a diferença está ao alcance de todos nós.
Fazer a diferença é uma atitude, é um estado de espírito e decorre de uma decisão pessoal: eu quero fazer uma positiva diferença para mim mesmo e para as pessoas.”

No Livro dos Espíritos temos um caminho proposto, está na resposta à questão 918 , Caracteres do homem de bem. “ Verdadeiramente, homem de bem é o que pratica a lei de justiça, amor e caridade, na sua maior pureza. Se interrogar a própria consciência sobre os atos que praticou, perguntará se não transgrediu essa lei, se não fez o mal, se fez todo o bem que podia, se ninguém tem motivos para dele se queixar, enfim se fez aos outros o que desejara que lhe fizessem.

Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem contar com qualquer retribuição, e sacrifica seus interesses à justiça. É bondoso, humanitário e benevolente para com todos, porque vê irmãos em todos os homens, sem distinção de raças, nem de crenças. Se Deus lhe outorgou o poder e a riqueza, considera essas coisas como um depósito, de que lhe cumpre usar para o bem. Delas não se envaidece, por saber que Deus, que lhas deu, também lhas pode retirar.
Se sob a sua dependência a ordem social colocou outros homens, trata-os com bondade e complacência, porque são seus iguais perante Deus. Usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com seu orgulho. É indulgente para com as fraquezas alheias, porque sabe que também precisa da indulgência dos outros e se lembra destas palavras do Cristo: Atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecado.

Não é vingativo. A exemplo de Jesus, perdoa as ofensas, para só se lembrar dos benefícios, pois não ignora que, como houver perdoado, assim perdoado lhe será. Respeita, enfim, em seus semelhantes, todos os direitos que as leis da Natureza lhes concedem, como quer que os mesmos direitos lhe sejam respeitados.”

Esta coluna busca exemplos espíritas ou não que sejam capazes de demonstrar nossa perseverança em ajudar a sociedade em seu processo de desenvolvimento conjunto.

Nota: Publicada no Jornal Abertura em Março de 2018




quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Gente que faz - O grave problema do suícidio e Jacques Conchon - por Roberto Rufo

Gente que faz - O grave problema do suícidio e Jacques Conchon ( Português e em Espanhol)

" Não desista. Geralmente é a última chave no chaveiro que abre a porta " ( Paulo Coelho )..

Suicídio, um transtorno que vem afetando cada vez mais os jovens brasileiros, de acordo com pesquisas realizadas pela (SIM), Sistema de Informações de Mortalidade. A taxa de mortalidade aumentou 10% de 2002 para 2014, e a maior causa é a depressão com os traumas sofridos ao longo da vida. 

Repetimos que a depressão está ligada diretamente com algum trauma  vivido que leva à não aceitação de si mesmo e do próximo. Isso  acaba alavancando o número de suicídios. Segundo os especialistas nessa área, quando uma pessoa é querida e tem uma boa interação com a sociedade isso causa um bem estar social que é o fator primordial para a vida. Traz tranquilidade no ato de viver. Para essa interação é essencial o afeto dos familiares e uma boa convivência com amigos. Dessa busca o caminho para a felicidade é mais fácil de ser trilhado.

Em artigo da escritora Dora Incontri de nome Suicídio - a visão espírita revisitada, cita a preocupação de Kardec com esse tema assim explanado no referido artigo:

" O suicídio é tema recorrente na maioria dos 12 volumes da Revista Espírita, demonstrando que Kardec tinha uma grande preocupação com o assunto. Em julho de 1862, escreve um artigo intitulado Estatística dos Suicídios, fazendo uma análise sobre o aumento dos suicídios na França, e procurando apontar as causas, lamentando que não existam pesquisas a respeito. Hoje, há essas pesquisas em todo mundo. Entre as que Kardec reconhece em seu tempo estavam as doenças mentais, problemas sociais, e sobretudo, o avanço do materialismo e a falta de perspectiva existencial. O artigo continua muito atual e revela bem como Kardec procurava abordar as questões, abrangendo todos os seus aspectos e procurando soluções educativas e preventivas. Para ele, a maior prevenção possível para o suicídio seria o conhecimento seguro e com contornos mais precisos da vida pós-morte, que o Espiritismo nos dá. Demonstrada a imortalidade, de maneira clara e racional, o suicídio perde sua razão de ser ". Sucinto e genial.

O engenheiro Jacques Conchon, 75 anos,  deu uma entrevista ao jornal " A Tribuna ", dizendo que no ínício dos anos 60 as estatísticas o incomodavam: quatro suicídios por dia em São Paulo. Com essa preocupação ele ajudou a fundar em março de 1962 (aos 20 anos), o Centro de Valorização da Vida ( CVV ) que este ano completou 55 anos de existência. Tudo começou quando entrou em contato com um material da Inglaterra, de um grupo chamado Samaritanos.

O trabalho de prevenção do suicídio teve início em 1.953 quando o jovem sacerdote anglicano, Chad Varah estava em sua primeira paróquia. Uma jovem havia se suicidado, julgando-se portadora de doenças venéreas (na verdade, apresentava sua primeira menstruação). Enquanto cavava a sepultura com as próprias mãos, num campo profano, fora da cidade, pois os tabus não permitiam que os suicidas fossem sepultados em cemitérios comuns, o jovem Varah, mostrava-se abatido e visivelmente perturbado, não tanto pelo suicídio, mas sim pelo motivo que teria levado essa jovem se matar. Não teve dúvida: o problema era desinformação, tabu, solidão. Publicou imediatamente no jornal Picture Post o número do telefone da igreja onde atuava para “ouvir, seriamente, pessoas falar de assuntos sérios”. E, a partir daquele momento não mais descansou. No outro dia, já recebia a visita de alguém que atravessou o Canal da Mancha somente para conversar.

Indagado por que ser voluntário do CVV, Jacques Conchon respondeu: " Porque é uma valorização do tempo. É um tempo qualitativo de excelente nível, nunca esquecendo que relação de ajuda é um processo a dois. Eu não posso dizer " eu ajudo ", mas eu posso dizer " nós nos ajudamos ". Nesse processo a dois, o crescimento é mútuo. E isso não tem preço ". Começar a trabalhar para o próximo tão intensamente aos 20 anos de idade merece muito respeito.



                                                                                               Por Roberto Rufo

Texto publicado em Dezembro de 2017 no Jornal Abertura - seja nosso assinante!

Abaixo publicamos a edição do mesmo no Jornal Catalão – Flama espírita – tradução e adaptação de Pura Argelich

Suicidio, un trastorno que viene afectando cada vez más a los jóvenes brasileños4, según investigaciones realizadas por el Sistema de Informaciones de Mortalidad (SIM)…, y la mayor causa es la depresión con los traumas sufridos a lo largo de la vida.

 Insistimos que la depresión está ligada directamente con algún trauma vivido que lleva a la no aceptación de sí mismo y del prójimo. Ello termina por impulsar el número de suicidios. Según los especialistas en esa área, cuando una persona es querida y su interacción con la sociedad es buena ello le produce una sensación de bienestar social que es el factor primordial para la vida. Trae tranquilidad en el acto de vivir. Para esa interacción, es esencial el afecto de los familiares y    una buena convivencia con los amigos. De esa búsqueda resulta que el camino hacia la felicidad es más fácil de ser recorrido.

 En un artículo de la escritora Dora Incontri titulado Suicidio – la visión espírita revisada, hace mención a la preocupación de Kardec con ese tema explicado como sigue en el referido artículo:

 “El suicidio es un tema recurrente en la mayoría de los 12 volúmenes de la Revista Espirita, demostrando que Kardec tenía una gran preocupación con dicha cuestión. En julio de 1862, escribió un artículo titulado Estadística de los Suicidios, haciendo un análisis sobre el aumento de los mismos en Francia, e intentando señalar las causas, así como lamentando que no hubiesen investigaciones al respecto. Actualmente, existen esas investigaciones en todo el mundo. Entre las que Kardec reconoce en su época estaban las enfermedades mentales, problemas sociales, y sobre todo, el avance del materialismo y la falta de perspectiva existencial. El artículo sigue siendo muy actual y revela muy bien cómo Kardec intentaba abordar los temas, abarcando todos sus aspectos y buscando soluciones educativas y preventivas. Para él, la mayor prevención posible para el suicidio sería el conocimiento más preciso y seguro de la vida futura, que el Espiritismo nos da. Demostrada la inmortalidad, de manera clara y racional, el suicidio pierde su razón de ser”.  ¡Sucinto y genial!
  El ingeniero Jacques Conchon,5 a los 75 años, concedió una entrevista al periódico “A Tribuna”, explicando que en el inicio de los años 60 las estadísticas le incomodaban: cuatro suicidios por día en São Paulo. Fue tanta su preocupación que, en marzo de 1962 (con 20 años), ayudó a fundar el Centro de Valorización de la Vida (CVV), que este 2019 cumplió 57 años de existencia. Todo empezó cuando entró en contacto con un material de un grupo de Inglaterra, llamado Samaritanos.

 El trabajo de prevención del suicidio se inició en 1953 cuando el joven sacerdote anglicano, Chad Varah estaba en su primera parroquia. Una joven se había suicidado, convencida de que era portadora de enfermedades venéreas (cuando en verdad, presentaba su primera menstruación). Mientras el joven Varah cavaba la sepultura con sus propias manos, en un cementerio civil, fuera de la ciudad, pues los tabúes no permitían que los suicidas fuesen enterrados en cementerios comunes, estaba abatido y visiblemente perturbado, no tanto por el suicidio, sino por el motivo que habría llevado a  esa joven a matarse. No tuvo duda: el problema era desinformación, tabú, soledad. Inmediatamente publicó en el periódico Picture Post el número de teléfono de la iglesia donde trabajaba para “escuchar, seriamente, a personas hablar sobre asuntos serios”. Y, a partir de aquel momento, ya no descansó más. Al día siguiente, ya recibía la visita de alguien que cruzó el Canal de la Mancha solamente para hablar.

 Preguntado Jacques Conchon sobre el porqué ser voluntario del CVV, éste respondió: “Porque es una valorización del tiempo. Es un tiempo cualitativo de excelente nivel, no olvidando nunca que la relación de ayuda es un proceso de doble sentido. Yo no puedo decir: “yo ayudo”, pero sí puedo decir: “nosotros nos ayudamos”. En ese proceso de dos, el crecimiento es mutuo. Y eso no tiene precio”.

 Empezar a trabajar a favor del prójimo tan intensamente, a los 20 años de edad, merece mucho respeto.




terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Espiritismo e Política - por Ciro Pirondi

espiritismo e política

Quais motivos nos levam a pensar ser possível influir na dimensão pública das leis e instituições da sociedade ?

Bem, provavelmente  por reconhecermos a beleza e a dimensão itinerante e permanente da vida, como a possibilidade mais oportuna de construirmos uma sociedade mais justa e fraterna. No entanto, ainda não encontramos ao longo de quase dois séculos a forma mais adequada de gestão da tese reeencarnacionista participar de maneira objetiva do cotidiano dos povos.

Me aventuro a pensar que as razões históricas do fato estejam na equivocada e injusta visão hindu das vidas sucessivas. Nas reflexões místicas e oníricas da espiritualidade chinesa. No sincretismo mágico dos deuses africanos, e mais recentemente no cientificismo primário do século XIX, mixado com o cristianismo e sua moral punitiva e salvacionista, assumida pelo espiritismo.

Entender estas causas no entanto não nos basta.

Criticar suas ações não ilumina o futuro.

Em uma sociedade com tantas carências materiais e espirituais, somente faz diferença o fazer. E o fazer nunca está desconectado do pensar e o pensar do sentir.

Em todas as dimensões humanas vejo ações nesta direção. Grupos humanitários nas áreas da saúde, dos direitos humanos, da arquitetura e das artes. Na dedicação missionária de cientistas solitários décadas em seus laboratórios tentando novas fórmulas para amenizar as dores da alma e do corpo. Juristas refletindo sobre novas leis mais humanas e justas. Médicos sem fronteiras. Anônimos dedicados ao trabalho voluntário.

Campos de refugiados, quase 50 milhões em todo mundo, inquietando nossas consciências na busca de soluções.

Músicos e religiosos. Ateus e místicos a todos nos incomoda a miséria, a carência extrema.
Talvez esteja nestas urgências o caminho para influirmos nas leis e instituições primeiramente por meio dos conceitos, que sejam de permanência comuns a todos como solidariedade, gratidão, temperança, generosidade,  não mais como gestos salvacionistas ou de condição elevada espiritualmente, mas como um gesto da inteligência refletido em ações objetivas no cotidiano de tal maneira seja a qualidade

do nosso fazer a diferença que se fará notar. Provavelmente aí está nossa oportunidade de esclarecermos quais conceitos possuimos para agirmos assim.

É uma estratégia diferente do assistencialismo caritativo, que nos tem identificado como Movimento.
É uma ação política, social e efetiva, não restrita aos Centros, mas coletiva, multidisciplinar. Nos aproximaria dos sociólogos, dos ativistas sociais, dos pedagogos, enfim de todos que velam pela alegria, paz e justiça do mundo. 
                                  
Intuo ser este um caminho possível, mais leve, menos rancoroso. Fazemos muito já com a libertação do pensamento espírita dos vínculos religiosos, do pensamento mágico.

Temos agora de alçar um novo vôo , precisamos ser mais vela e menos âncora.

Deixemos os bons ventos nos levarem , tenhamos confiança e esperança no Universo.


Ciro Pirondi

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

As mulheres continuam morrendo. Deixam filhos. Alguém está preocupado? por Roberto Rufo

As mulheres continuam morrendo. Deixam filhos. Alguém está preocupado?


Em Reportagem Especial do Jornal O Estado de São Paulo de nome "Os Órfãos do Feminicídio"  somos informados que em pelo menos dois terços dos casos de feminicídio, a mulher assassinada é mãe. Na maioria das vezes deixa dois filhos e em 34% dos casos , pelo menos três. Os dados são de um estudo da Universidade Federal do Ceará que acompanha um grupo de 10 mil famílias vítimas de violência em nove Estados do Nordeste. O trabalho está sendo ampliado para mais quatro Estados : Rio Grande do Sul , Goiás, Pará e São Paulo. O número de órfãos , vítimas do feminicídio, deve aumentar significativamente quando esses dados tiverem sido coletados. Pode-se afirmar isso com uma certeza quase absoluta, pois o número de mulheres mortas em São Paulo bateu recorde em Agosto/2017.

Alguém está preocupado? O Judiciário está preocupado? Os nossos legisladores, em sua maioria homens , estão preocupados ou no momento o importante é salvar suas cabeças?

O Espiritismo jamais aceitará qualquer tipo de teoria que coloque a mulher em situação de inferioridade em relação ao homem. Como dizem os espíritos, somente entre homens pouco avançados do ponto de vista moral a força faz o direito. A instituições tais como a FEESP, a FEB, a USE e a CEPA estão preocupadas com esse quadro assustador do feminicídio? Já se manifestaram oficialmente em defesa da mulher? Se não o fizeram correm o risco de serem confundidas com as religiões neopentecostais, representadas por um pastor que ouvi um dia desses na televisão dizendo que a mulher não foi feita do pé do homem para estar debaixo dos seus calcanhares, contudo não foi feita da cabeça do homem para terem posição de mando no matrimônio . Foram feitas da costela do homem, diz o pastor, para ficarem numa posição subalterna a do homem . Aí fica difícil lutarem contra o feminicídio , que ao mais da vezes são consequência de posições independentes assumidas por algumas mulheres corajosas. Muitas pagam caro por isso. 


                                                                                                                                           Roberto Rufo .

                                        

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Pau que nasce torto as vezes se endireita - por Alexandre Cardia Machado

Pau  que nasce torto as vezes se endireita

Gostaríamos de falar de uma iniciatva que já conta com 10 anos, trata-se do Prêmio Trip Transformadores – realizado pela Revista Trip, neste ano padrocinada pelo Grupo Boticário junto com outros onze co-patrocinadores. A ideia do prêmio veio de Paulo Lima, Editor – Presidente da revista.

Este Prêmio tem por objetivo identificar, brasileiros capazes de recriar a noção de desenvolvimento humano, transformando a realidade. Isto tem tudo a ver com o Jornal Abertura, onde sempre que possível buscamos chamar a atenção para aqueles que fazem algo de bom pela sociedade, aqules que demonstram o Caráter do Homem (ou Mulher) de Bem.

A revista, em edição especial, impressa em papel reciclado, em seu editorial escreve o que buscamos destacar aqui: “Você acredita no Brasil? Deveria. Por alguns minutos desapegue-se das imagens mal construídas do país que você vive. Esqueça a corrupção de colarinho branco que parece minimizar a honestidade de um povo. Acredite que há mesmo quem tira dinheiro do bolso para ajudar os outros. Conteste com veemência a máxima de que pau que nasce torto nunca se endireita. Quem contou isso para você mentiu.”

Li a revista, num voô entre Porto Alegre e São Paulo, leitura fácil, as pessoas que lá foram reconhecidas são muito diferentes umas das outras, o que elas tem em comum é o fazer acontecer as mudanças, no campo social, na cultura ou na transformação para melhor do mundo ao seu redor.
Escolhi um caso que bem representa o que no Espiritismo chamamos do progresso que o Espírito experimenta em sua encarnação, nunca é tarde para mudar. Ainda que mais raro, é possível sim mudar alguém que está em um presídio, ou que caminhou no mau, por muito tempo, não há uma solução única, mas se oferecermos alternativas, alguns conseguirão melhorar. Jacira Jacinto da Silva, Presidente da CEPA, em seu livro Criminalidade: Educar ou Punir, assim se refere à situações semelhantes a que busco mostrar aqui: “ As lições do espiritismo nos ensinam a enxergar que todas as pessoas, incluíndo as que nasceram e cresceram sem oportunidade, e até mesmo as que cometeram infrações graves à ordem social, têm perspectiva de sucesso, pois fomos criados para aprender e crescer indefinidamente”.

Escreveremos sobre Luiz Alberto Mendes, escritor e colunista da revista Trip, autor de 6 livros, esteve preso por 31 anos no presídio do Carandirú, na cidade de São Paulo, tendo o peso sobre si de pelo menos dois assassinatos. Saiu de casa aos 12 anos, para fugir de um pai alcólatra que batia na esposa e nos filhos, vivendo nas ruas até os 19 anos quando foi preso. Não se importava com nada, não via perspectiva na vida. Assim passou um bom tempo na cadeia, até que veio a epidemia de AIDS, nos anos 80 do século passado, que infestou os presídios.

Luiz relata que não havia profissionais de saúde em número suficiente no Carandirú e por um impulso ele resolveu se importar com aquilo e fazer algo no presídio, foi ajudar no cuidado aos pacientes. Foi quando uma conheceu uma enfermeira travesti que gostava muito de ler. Ali surgiu uma amizade.Ela foi a primeira a lhe mostrar a importância da leitura. 

A transformação foi imediata, do não fazer nada o dia inteiro, passou a ser um leitor voraz, passou a ler 10 horas por dia. Em meio a dor e a agonia do presídio conheceu a obra de Jean Paul Sarte, a quem admira, mas a quem se propõe  discordar, Sarte disse “ O inferno são os outros” ele contesta “ O inferno é a ausência dos outros”. Esta reflexão demonstra que ele foi capaz de perceber que a importância da relação com o outro, perceber a importância da outra pessoa nos humaniza.

O conhecimento melhora a vida, desde que não seja ornamental, ou seja apenas para distração. A leitura tem o potencial de ser um transformador de estrutura mental e por consequência fazer com que passemos da ideia à ação.

Pesquisando um pouco mais encontramos uma entrevista de Luiz Mendes, onde ele explica um pouco melhor como iniciou o interesse pela leitura e a explicação para a frase colocada acima.

O contato começa com uma mulher que trocava conversa comigo por cartas. Essa história tem início bem antes, pois quando fui preso eu não sabia escrever carta direito e um amigo me ensinou a escrevê-la, com rascunho e eu passava a limpo para enviar à minha mãe. Então chegou um momento em que comecei a modificar a carta, porque eram relatos íntimos com minha mãe, até que num ponto comecei a escrever sozinho. Fui escrevendo para outras pessoas também até chegar nessa professora, que morava no Rio de Janeiro, estava se formando em Letras, gostava de literatura e me mandava os livros importantes para eu ler. Os primeiros livros que eu me apaixonei foram os de Érico Veríssimo.”
Este relato, lembra um pouco o que descrevem os romances espíritas, onde as palavras de amor, e de esclarecimento, abrem um espaço na mente do espírito, por onde o amor penetra. Não foi bem assim com Luiz, demorou um bom tempo, em suas próprias palavras, já bem mais maduro afirma, “não foram os livros que me salvaram, mas as pessoas que me enviram os livros”. Esta frase denota toda uma perspectiva filosófica e não mítica de Luiz. 

Em algum momento a ação transformadora da leitura, transformou Luiz em um ser moral que se preocupa com o bem estar e os direitos dos outros.

Luiz Mendes hoje dá palestras, ajuda com seus livros outras pessoas a sair da marginalidade, ele não é espírita, o texto não tem nenhuma referência a religião, pela proximidade com Sarte, tudo leva a crer que seja materialista. Mas seja como for o Espírito tem em si mesmo o impulso do progresso e mais uma vez parafrasiando Sarte “ Liberdade é o que você faz com aquilo que aconteceu com você”.

 A lei do progresso é de ação permanente pois sempre queremos, ou almejamos algo a mais para nós mesmos ou para a nossa sociedade.


terça-feira, 28 de junho de 2016

REFLEXÕES SOBRE O PENSAMENTO SOCIAL ESPÍRITA - por Ricardo de Morais Nunes

REFLEXÕES SOBRE O PENSAMENTO SOCIAL ESPÍRITA

Em época de polêmicas políticas nada melhor do que revisitarmos o pensamento social espírita, a fim de que possamos colher algumas orientações com vistas a nos posicionarmos da melhor forma ante os atuais  problemas políticos, sociais e econômicos brasileiros e também do mundo contemporâneo.O espiritismo nos traz três princípios fundamentais para a orientação de nossa vida social .Segundo o espiritismo o espírita deve prezar a ética, a liberdade e a justiça social.
Passaremos a fazer uma breve reflexão sobre estes princípios espíritas fundamentais. No que diz respeito à ética espírita podemos dizer que ela é rigorosa. O espiritismo nos convida a viver sem prejudicar moral ou fisicamente qualquer pessoa. Na verdade, o espiritismo vai além no sentido de ensinar que devemos querer para os outros aquilo que queremos para nós, conforme os ensinamentos de Jesus de Nazaré.
Kardec explica de forma magistral este tema em seu comentário à questão 876 de O Livro dos Espíritos: “ O critério da verdadeira justiça é de fato o de se querer para outros aquilo que se quer para si mesmo, e não de querer para si o que se deseja para os outros, o que não é a mesma coisa. Como não é natural que se queira o próprio mal, se tomarmos o desejo pessoal por norma ou ponto de partida, podemos estar certos de jamais desejar para o próximo senão o bem. Desde todos os tempos e em todas crenças o homem procurou sempre fazer prevalecer o seu direito pessoal. O sublime da religião cristã foi tomar o direito pessoal por base do direito do próximo.”
Este princípio nos convida à empatia, ou seja, à capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, de pensar e sentir a realidade do outro por um processo de abstração. Na prática, é muito difícil a aplicação deste principio à vida, pois os homens, em geral, pensam exclusivamente em seu interesse pessoal, para depois pensar, quando pensam, no outro. Kant com seu imperativo categórico nos faz lembrar esta máxima cristã quando diz: “Age de tal forma que tua conduta tenha caráter de norma universal”.
O espiritismo é uma doutrina da liberdade. Liberdade de pensamento, crença, expressão e ação. São valores fundamentais defendidos pelo espiritismo. O espiritismo estimula o livre-pensar e não procura violentar consciências. Cada um de nós está em um grau de maturidade pessoal e isto deve ser respeitado. Portanto, o espiritismo é democrático, pois busca respeitar cada individualidade. Certamente que esta liberdade postulada pelo espiritismo vem acompanhada da ideia de responsabilidade, pois o espiritismo não aprova que usemos a liberdade para prejudicarmos o outro. O uso de nossa liberdade deve ser norteada pela ética espírita.
E, finalmente, a questão da justiça social. A questão da justiça social toca em vários temas, entre eles o direito de propriedade. O direito de propriedade tem sido discutido por vários pensadores ao longo da história da filosofia. Alguns pensadores como Rousseau e Marx enxergam a propriedade privada de forma negativa, como origem dos males e desigualdades sociais. Outros pensadores, como Locke, possuem sua filosofia política assentada na garantia ao direito de propriedade.
O espiritismo é favorável ao direito de propriedade. Segundo Kardec na questão 882 de O livro dos Espíritos: “ Aquilo que o homem ajunta por um trabalho honesto é uma propriedade legítima, que ele tem o direito de defender, porque a propriedade que é fruto do trabalho constitui um direito natural, tão sagrado como o de trabalhar e viver”.No entanto, quanto a indagação de Kardec sobre o caráter da propriedade legítima os espíritos respondem de forma radical na questão 884: “Só há uma propriedade legítima, a que foi adquirida  sem prejuízo para os outros”.Se por um lado, o espiritismo afirma (questão 811) que a igualdade absoluta das riquezas “não é possível”, por outro (questão 808) afirma que as desigualdades das riquezas também podem ser produto da “astúcia e do roubo”.
Tais considerações nos levam a pensar sobre o melhor sistema econômico- político para um país. Muitas das discussões que estamos vivendo atualmente no Brasil e no mundo passam por esta questão. Entendemos, nesta linha de raciocínio dos princípios espíritas acima expostos, que o melhor sistema econômico-político para nós espíritas é aquele que privilegia a liberdade com justiça social. Pensamos que não é possível para nós espíritas, portanto, advogarmos um sistema que apenas privilegiasse a democracia formal, meramente legal, da igualdade de todos perante a lei, desconsiderando o problema das injustiças sociais.
 Desta forma, pensamos que é inaceitável a existência de espíritas que ignorem a fome, a miséria e o desamparo de milhões de pessoas e que apenas se preocupem com as facetas da liberdade. Neste caso, tais espíritas, desconhecedores das estruturas sociais injustas e dos mecanismos históricos de dominação, poderiam ser chamados, com propriedade, de alienados em termos ideológicos ou, na pior das hipóteses, reacionários.
Por outro lado, entendemos igualmente inaceitável a existência de espíritas que desejam a justiça social à custa da supressão da liberdade individual, seja a liberdade de crença, expressão ou qualquer tipo. Como ensina a própria filosofia espírita, o efeito da supressão da liberdade é tornar os homens hipócritas. Neste caso, podemos conjecturar que tais espíritas seriam pessoas dotadas de uma vocação autocrática, que se iludem com perigosos projetos de caráter ditatorial, em razão de ignorarem ou desprezarem os males que o ataque a liberdade ocasionou e ocasiona ao longo do processo histórico.

Ao apreciar os sistemas políticos e econômicos na história entendemos, portanto, que o socialismo real, tal qual existiu nos chamados países socialistas, mal chamados de comunistas, não seria o ideal para nós espíritas, pois tais países atingiram um certo grau de igualdade, porém com supressão da liberdade individual em vários níveis.Ao mesmo tempo, somos de opinião que o sistema  neoliberal, defensor do Estado mínimo, também não seria a saída para um mundo melhor, pois este sistema privilegia a riqueza, mas não leva em conta a exclusão de milhões de seres humanos do acesso aos bens fundamentais da vida.
Imaginamos como mais compatível com o ideário de liberdade e justiça social, sob o ponto de vista das possibilidades concretas, um sistema muito próximo da chamada social-democracia europeia da segunda metade do século XX e ainda vigente em alguns países na atualidade. Neste sistema, um Estado forte compensa ativamente as desigualdades sociais, sem inibir a liberdade do individuo e  a iniciativa na  produção de riquezas.A concepção social-democrata nasceu de uma circunstância histórica bem específica, das discussões entre marxistas ditos revolucionários e  os chamados revisionistas.
 Alguns certamente dirão, em um espírito neoliberal, que postula uma metafísica “mão invisível” do mercado que pretensamente ou ficticiamente levaria a distribuição de riquezas a toda sociedade, que tal Estado não se sustenta economicamente. Neste caso, podemos responder que a outra opção é a barbárie. E que deveremos em um determinado momento escolher entre o ser humano, na perspectiva de um projeto humanista de sociedade e governo, de caráter inclusivo de todos os cidadãos aos benefícios da saúde, educação, habitação e outros direitos individuais e sociais, e o lucro, sem medida e responsabilidade social da maioria dos grandes grupos econômicos e financeiros.
Finalmente, para que exista um Estado deste tipo, quem tem mais condições financeiras, ou seja, quem é mais rico, deve contribuir mais para a manutenção dos benefícios sociais, sob o principio de uma justiça tributária que trata desigualmente os desiguais. A este sistema ideal não deve faltar, obviamente, uma ética rigorosa na condução dos negócios públicos e uma democratização progressiva dos processos decisórios governamentais, os quais incluiriam, cada vez mais, a participação da sociedade civil. Será isto uma utopia?  Diz Kardec na questão 793 de O Livro dos Espíritos, quando comenta sobre a verdadeira civilização:
 “ De dois povos que tenham chegado ao ápice da escala social, só poderá dizer-se o mais civilizado, na verdadeira acepção do termo, aquele em que se encontre menos egoísmo, cupidez e orgulho; em que os costumes sejam mais intelectuais e morais do que materiais; em que a inteligência possa desenvolver-se com mais liberdade; em que existam mais bondade, boa-fé, benevolência e generosidade recíproca; em que os preconceitos de casta e de nascimento sejam menos enraizados, porque eles são incompatíveis com o verdadeiro amor do próximo; em que as leis não consagrem nenhum privilégio e sejam as mesmas para o último como para o primeiro; em que a justiça se exerça com o mínimo de parcialidade; em que o fraco sempre encontre apoio contra o forte ; em que a vida do homem, suas crenças e suas opiniões sejam melhor respeitadas; em que haja menos desgraça e, por fim, em que todos os homens de boa vontade estejam sempre seguros de não lhes faltar o necessário”. (negritos meus)
Se acreditamos verdadeiramente na lei de evolução, devemos crer que é possível chegar a esta nova sociedade. Não é fácil, mas é possível. É necessário lutar no nível individual combatendo o egoísmo. Porém, é necessário lutar também no nível coletivo e institucional, por meios pacíficos, na busca de uma sociedade mais igualitária, democrática, fraterna e justa. O espírita fala muito no advento do mundo de regeneração. Esta nova fase da humanidade deverá ser conquistada pelos homens, não será obra dos espíritos. Os últimos acontecimentos políticos em nosso país nos fazem refletir se avançamos ou não na direção do projeto de uma sociedade melhor. Que cada um de nós reflita por si mesmo.

P.S.: A presente análise busca um senso de realidade e possibilidade na aplicação dos sistemas políticos e econômicos. Temos grande simpatia pela sociedade ideal imaginada por Marx. No entanto, a compreendemos como utópica, pelo menos em nosso atual estágio evolutivo, apesar de não desconhecermos a importante função das “utopias concretas”, no dizer de Ernst Bloch, como horizonte de dilatação das possibilidades humanas, como o sonho ainda não realizado. Porém, o homem novo de Marx ainda é, para o mundo contemporâneo, um super-homem com capacidade de guiar-se autonomamente na sociedade em harmonia com os outros homens, em verdadeiro espírito de altruísmo e solidariedade na produção da riqueza coletiva, da qual todos seriam construtores e beneficiários. Este novo homem de Marx, portanto, é um ser dotado de uma super consciência social. Infelizmente, não é esse o homem que observamos no cotidiano. Costumamos brincar com os amigos dizendo: quer saber o que é o homem? Seja síndico de seu prédio!


Ricardo Nunes

quarta-feira, 20 de abril de 2016

A delicada questão do equilíbrio editorial - por Alexandre Cardia Machado

A delicada questão do equilíbrio editorial - por Alexandre Cardia Machado

Jaci Régis sempre pautou o Abertura por não esquivar-se das questões mais importantes do país e do mundo. Basta comparar qualquer edição do Abertura com a revista Reformador da FEB para vermos realidades ali representadas totalmente distintas: a FEB não escreveu nenhuma linha sobre os problemas políticos brasileiros ou sobre a primavera árabe, para citar só dois exemplos.

Este é o nosso DNA: tratar dos assuntos importantes para a sociedade, buscando, como nos ensinou Allan Kardec, usar sempre uma linguágem de alto nível, para manter alto o padrão vibratório. Fazendo isso, ajudamos uma parcela da população a pensar e refletir sobre as relações do mundo físico com os conhecimentos do Espiritismo.

Este é, inclusive, o quarto princípio norteador do Instituto Cultural Kardecista de Santos (ICKS) que fundamentalmente edita o Abertura :

“ O ICKS deverá manter-se atualizado com a cultura atual e que possua relevância com a Doutrina Espírita.”
Nos preocupa a maneira como muitos estão protestando. Policiando uns aos outros, desrespeitando as convicções individuais, como se fosse possível que todos pensassem da mesma forma. Recomendo a leitura cuidadosa dos artigos de Ricardo Nunes e do grande pensador espírita e ex-Presidente da CEPA, Milton Medran.
Está ficando claro, para boa parte da população, que a forma de se fazer política no Brasil está errada. Muitos de nós não nos sentimos representados. O número gritante de políticos envolvidos na Operação Lava-Jato e em outas operações em curso no país é alarmante. Claro que nem todos foram formalmente acusados, nem condenados ainda. Mas creio que este fato em si demonstra nossa tese.
Faltam lideranças éticas, sobram aproveitadores. O cuidado com o nosso voto é a única arma  que nos resta, façamos com que este ato cívico seja o momento mais importante do ano, ou teremos de conviver com o resultado por, pelo menos, 4 anos.

Não existe ideologia perfeita. Todas, de alguma maneira, favorecem uns em detrimento de outros.
Kardec era favorável à aristocracia intelecto-moral como uma forma de representação ideal. Certamente esta ideia é utópica e não resistiria aos tempos de “Big Brother” em que vivemos hoje. Qualquer um, com um simples telefone celular, pode facilmente desmascarar uma pessoa até então considerada de bem.

A justiça está aí para retirar de circulação aqueles que abusam do poder neles investido. E sim, sejam eles quem forem, são pessoas como quaisquer outras, tem os mesmos direitos e deveres, ainda que possam dispor de forum privilegiado.

Não há passe de mágica, precisamos votar tomando como base a melhor informação que dispomos e depois, se não agradar a escolha, na próxima oportunidade tentar votar melhor.

Este é um exercício que se enquadra dentro do que Jaci Régis denominou , com muita perspicácia, de Imortalidade Dinâmica:

 “Na Dinâmica do processo, o que, dentro da visão sensorial sugere o caos, o acaso, na verdade caminha para a busca do equilíbrio. A questão, nessa visão sensorial, se complica pela variável do tempo, cronológico ou sensível. A culpa será desenvolvida no nível hominal. Dispondo da capacidade de analisar, comparar e decidir, ele exercerá ou sofrerá a ação recíproca do ato e da resposta. Mas, sobretudo, descobre o outro. É nessa descoberta e nessa relação conflitiva e ao mesmo tempo essencial que ele desenvolve o senso moral, o certo e o errado, o bem e o mal, que por isso mesmo é relativo ao grau evolutivo” Doutrina Kardecista – Modelo conceitual ( reescrevendo o modelo espírita). Portanto, dinâmico como conclusão.

Que este período de atrito em que vivemos termine logo e que possamos encher nossas páginas com boas notícias. Isto é o que desejamos. Até lá, continuaremos atentos.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Imagine, apenas imagine por Alexandre Cardia Machado

Imagine , apenas imagine

O jornal Folha de São Paulo, no dia 24 de janeiro publicou em sua capa a foto abaixo, mostrando o espaço em uma avenida, ocupado, por automóveis, ônibus, metro e bicicleta. Isto nos faz pensar se realmente tomamos as decisões corretas.

Não se trata apenas de substituir o carro pela bicicleta, mas sim em planejarmos uma cidade para que todas as opções estejam disponíveis e que todas elas sejam dignas.

Quando jóvens, nossos meios de transporte são a bicicleta e o ônibus, por que paramos de usá-los cotidianamente? Parar apenas por  termos um automóvel?



Cada ato tem a sua consequente reação, quanto mais consumimos combustíveis fósseis, mais aquecemos o planeta e mais mudanças no meio ambiente e no clima acontecem. Precisamos usar todas as alternativas, ir a pé, pegar um ônibus, usar, no caso de Santos, as bicicletas do Itaú, que são de graça. Se nenhuma destas opções puder ser usada, aí sim, usar o automóvel.

Kardec não teve que passar por este dilema, em sua época recém surgiam os primeiros “ vapores”, navios movidos a vapor e as estradas de ferro com suas locomotivas, estas sem dúvidas um grande progresso, pois permitem uma grande quantidade de carga transportada em pouco tempo, ainda que naquela época, já muito poluente.

Do livro Obras Póstumas, buscamos inspiração em Kardec que discorre sobre o egoísmo.
“O egoísmo, por sua vez, se origina do orgulho. A exaltação da personalidade leva o homem a considerar-se acima dos outros. Julgando-se com direitos superiores, melindra-se com o que quer que, a seu ver, constitua ofensa a seus direitos. A importância que, por orgulho, atribuí à sua pessoa, naturalmente o torna egoísta.

O egoísmo e o orgulho nascem de um sentimento natural: o instinto de conservação. Todos os instintos têm sua razão de ser e sua utilidade, porquanto Deus nada pode ter feito inútil. Ele não criou o mal; o homem é quem o produz, abusando dos dons de Deus, em virtude do seu livre-arbítrio. Contido em justos limites, aquele sentimento é bom em si mesmo. A exageração é o que o torna mau e pernicioso. O mesmo acontece com todas as paixões que o homem  freqüentemente desvia do seu objetivo providencial.

Ele não foi criado egoísta, nem orgulhoso por Deus, que o criou simples e ignorante; o homem é que se fez egoísta e orgulhoso, exagerando o instinto que Deus lhe outorgou para sua conservação.”
Associado ao exagero da utilização do automóvel, está a vontade de possuí-lo e de transformá-lo acima do valor de meio de transporte em uma forma de exercer e demonstrar poder, daí a principal razão de seu uso excessivo, como forma de orgulho e egoísmo. Se investimos consumistas no transporte individual, deixamos governos desobrigados de investir e manter bons serviços de transporte público, ou regular serviços privados de boa qualidade.


Não somos contra o automóvel, mais do que nada o utilizamos aqui como um grande exemplo, para que possa ser possível refletir sobre como imaginamos o mundo que queremos viver.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Educação? Bem... Por Reinaldo di Lucia

Muito se falou, recentemente, sobre a lição que os estudantes do ensino público de São Paulo deram aos governantes de plantão, ao, através de seu posicionamento ativo – incluindo protestos nas ruas e principalmente a ocupação das escolas – fazer valer sua voz contrária à reestruturação do ensino proposta (talvez melhor dizer “imposta”, dada a falta de discussão e comunicação com os envolvidos) pelo Governo paulista.

Esta falta de transparência foi tamanha que, até agora, mesmo interessado, não consegui tomar ciência completa do projeto. De modo geral, gosto de mudanças e acho que modernizações são necessárias em todas as áreas. Mas o que me preocupa de fato nesta proposta é o fechamento de salas e a diminuição de escolas.

Não falo somente de forma teórica. Atuando há mais de 6 anos como professor universitário, venho percebendo a gradual, porém inflexível deterioração da qualidade do aluno que entra na faculdade. Com a facilidade cada vez maior desse acesso, através de programas como o FIES e o PROUNI, um contingente cada vez maior de estudantes vindos do ensino público estão entrando em universidades particulares. Infelizmente, boa parte destes estudantes, mesmo muito esforçados, não têm base suficiente para acompanhar adequadamente as exigências do estudo superior.

Apresentam-se então dois caminhos: ou as universidades diminuem suas exigências, e os profissionais formados não são aqueles que o mercado necessita, aprofundando ainda mais o problema da falta de qualificação da força de trabalho brasileira, com uma desculpa a mais para o achatamento salarial, ou a manutenção destas exigências faz com que, após uma quantidade sensível de dependências e repetências, os alunos abandonem os cursos e resignem-se com subempregos mal pagos, num círculo vicioso perverso.

Reinaldo Di Lucia


É urgente um trabalho imediato para a melhoria do ensino fundamental, para na sequência atuarmos no ensino médio e só então mexer ainda mais no ensino superior. Então, se há, como se alega, salas sobrando, que se coloquem menos alunos – certamente isso melhorará a qualidade do ensino. Dizem que 2 milhões de crianças deixaram o ensino público, seja pela diminuição da natalidade, seja pela migração para as escolas particulares. Ora, porque razão se dá essa migração se não pela própria má qualidade da nossa escola pública?

Até agora, o exemplo de sucesso de alguns países passa notadamente pela melhoria do ensino público. Claro que isso não é uma panaceia: não existe nada que seja uma solução única par tantos problemas que assolam a governabilidade das nações. Mas sem essa base, seguramente, nada se conseguirá. Principalmente porque não criaremos cidadãos pensadores e capazes de criar o futuro como desejam.


E realmente estão de parabéns os estudantes paulistas. Minimamente mostram àqueles que nos governam que, nos dias de hoje, as decisões precisam ser discutidas à exaustão com a sociedade – e não somente tomadas nos obscuros do poder, levados sabe-se lá por quais interesses.

Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Dezembro de 2015 - seja assinante!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Que País é este? Por Alexandre Cardia Machado

Que país é este?

Se já não bastassem todos os escândalos e processos em que estão envolvidos empresários e políticos brasileiros, somos obrigados a assistir os acordos entre partes antagonicas, mas que se apoiam, para permanecer no poder. As manobras do Planalto e da Câmara Federal são um exemplo, conforme amplamente divulgado nas revistas semanais de circulação nacional.

Existe hoje no Congresso Nacional uma aliança denominada BBB, ou seja Bala, Bíblia e Boi, três correntes conservadoras que se uniram, para fazer aprovar uma legislação que visa retirar conquistas como: o Estatuto do Desarmamento; o direito ao aborto em caso de estrupo e o abrandamento das leis contra a escravidão rural. Em troca disto, as manobras legislativas serão feitas para atrasar os processos de quebra de decoro parlamentar de  Eduardo Cunha e para não deixar avançar as tentativas de impeachment da Presidente da República. Até quando todos estes arranjos se manterão firmes, não há como antecipar.

As reações da sociedade já começaram, mulheres no Brasil todo estão protestando, veja a capa da revista Isto é de 11 de Novembro. A bancada evangélica busca acabar com todos os poucos direitos ao aborto que as mulheres brasileiras tem, uma espécie de volta aos tempos feudais, tudo isto alegando o apoio Divino. Como espíritas não somos a favor do aborto como métido anti-conceptivo, mas há que reconhecer os casos de abuso sexual, incestos e outras tantas atrocidades que se cometem Brasil à fora contra a mulher, onde o direito ao aborto existe e devemos nos posicionar, pelo menos a favor da manutenção das prerrogativas atuais.

Ter mais revólveres na mão da população, não diminuirá o número de crimes, ao contrário, aumentará a violência ocasional, aquela que ocorre após uma fechada no trânsito, ou um esbarrão numa festa que, pelo porte de arma, podem terminar em morte. O Espiritismo é a favor da vida, é a favor do livre arbítrio e foi uma das primeiras doutrinas a igualar os direitos humanos, para a mulher e o homem.

Com respeito à escravidão, os Espíritos nos responderam na questão 829 “  - Toda a sujeição absoluta de um homem a outro homem é contrária à lei de Deus. A escravidão é um abuso da força e desaparecerá  com o progresso, como  desaparecerão, pouco a pouco, todos os abusos”. O duro é convivermos com este pouco a pouco. A legislação Brasileira já havia progredido, nas medidas de punição à escravidão rural, pela Emenda Constitucional 81 que disponibiliza os imóveis rurais onde tenha sido constatado o trabalho escravo, destinando-os à reforma agrária. Ora, ao invés dos nossos congressistas atuarem para que a legislação trabalhista seja cumprida, eles preferem lutar, para amenizar as consequências, caso descoberta – que país é este?

Temos o direito de levantar e gritar contra a corrupção, contra  intolerância em todoas as suas formas, sexuais, raciais, religiosas e socias – temos que praticar a alteridade e a empatia, que é o ato de estar no lugar do outro. No XIV SBPE, em uma das palestras foi dita uma grande verdade, “faça ao outro o que gostaria que lhe fizessem, mas principalmente, não deixe o outro lhe fazer aquilo que você não quer que lhe façam”, creio que exatamente na palestra o Jaílson Mendonça.


 Diga não, proteste sem violência, caso concorde com este artigo. Precisamos mostrar a nossa cara.

Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura - Novembro de 2015

domingo, 6 de setembro de 2015

A crise árabe - e o menino que pode mudar tudo - por Carol Régis di Lucia e Roberto Rufo

Dentre os muitos horrores que as guerras trazem, nada mais comove do que uma foto de uma criança inocente, morta em decorrência destas desgraças. Vale a pena ler os artigos abaixo, que estarão no Jornal Abertura de Setembro de 2015, mas que pela importância do momento em que vivemos, não podem esperar e devem ser publicados hoje mesmo.

O conflito chegou ao Brasil, uma corveta brasileira que estava no mediterrâneo, participando de missão humanitária na Líbia, socorreu, atendendo a pedido de socorro da Itália, 220 pessoas que estavam a deriva, sem beber água há 2 dias.



Sobre tudo isto vale ler os artigos abaixo:

A foto e o Menino - Carol Régis di Lucia


 E quando vejo aquele pequeno em posição de plácido sono, lembro de meu filho em seu berço quente e seguro. Dormem de modo semelhante: de bruços, braços relaxados para trás, as pernas levemente apoiadas, erguendo-se “chamando o irmão” como diziam os antigos. Porém,  reparo que a imagem mostra a água batendo em seu rosto e um forte instinto me leva a pensar em retirá-lo antes que ele aspire o mar. Mas ele já o fez, algumas horas atrás, quando do naufrágio. E então entendo que ele parece dormir, mas diferente do meu, esse filho de alguém não irá acordar mais...



É assim que mais uma imagem entra para a História terrível das guerras nesse pretenso planeta de provas e expiações. Assim como em outras fotos, uma criança retrata o horror das famílias que largam tudo (ou nada) para fugir dos conflitos em seus países e perdem suas vidas tentando sobreviver. O menino sírio, como ficou conhecido, foi capa de noticiários e chocou o mundo para o óbvio: os refugiados estão morrendo aos montes, todos os dias, a mercê do Mar, dos Desertos, das Fronteiras. E os governos...

Mas desta vez, eles invadiram nossas casas, pela inevitável e perturbadora semelhança do garoto Aylan com nossos filhos. Nos sacudiu os instintos mais primários de proteção, sobrevivência, dor, revolta. E o que fazer? A unicidade nessa foto é justamente trazer o conflito, tão distante e estranho ao nosso cotidiano, para bem perto, em nosso conforto do lar. A foto conscientizou, provocou discussões, chamou a atenção e formou opiniões. Só por isso já é válida.

Retratou o pai, único sobrevivente, como um vizinho ou parente próximo, que levou sua família para ter um futuro melhor. Futuro esse que “escorregou” de suas mãos quando a travessia não deu certo. Mostrou a dor de se perder filhos, mas também de ser renegado, não ser ouvido, não ser ajudado. Tão longe e tão perto.

Vi muitos depoimentos de Espiritas, nas redes sociais, pedindo orações aos garotos mortos e à família, li citações sobre as guerras, textos de mensagens de Chico Xavier. Tudo válido, mas vago. Por outro lado, vi e participei de manifestos, abaixo assinados, discussões práticas de ONGs que zelam por essas pessoas. Uma oportunidade efetiva de ajudar e participar ativamente para a amenização da questão, cobrando soluções aos governos que negam a entrada dessas pessoas em seus territórios.

Creio que esse é o papel do Espirita que compreende a responsabilidade de cada um sobre àqueles que sofrem a violência das tantas guerras que estão em andamento e precisam de amparo – e incluo aqui as guerras urbanas, como as que vivemos no Brasil, ao lado de nossas casas, com tantos Aylans mortos diariamente. Além das orações, temos a obrigação de praticar o auxílio, promover debates, questionar, posicionar-se.

Que a perturbação dessas imagens nos seja mola propulsora à ação. Que nossa indignação não morra na praia, não perca a validade como as capas de jornais. Temos muito o que fazer, seja pelos sírios, seja pelos brasileiros mesmo. Existem grupos esperando nossa ajuda, pessoas necessitando apoio, ações a serem tomadas. Só nos resta deixar a posição de espectadores e fazer parte da fotografia, para que hajam muitos melhores momentos a retratar.


OS REFUGIADOS E A ETERNA QUESTÃO DA IGUALDADE - por Roberto Rufo


“A igualdade pode ser um direito, mas não há poder sobre a Terra capaz de torná-la um fato”. (Honoré de Balzac).
“Os que comem bem, dormem bem e têm boas casas acham que se gasta demais em política social”. (Pepe Mujica).
                                                                                                                                                                   Tragédias do século XXI, mais especificamente em 2015, envolvem a questão dos refugiados de países árabes e africanos, que no desespero de fugir de governos despóticos e cruéis se lançam na aventura de chegar a um porto seguro nos países da Europa. Infâmias se sucedem:

11.02.2015 – mais de 300 imigrantes desaparecem no mar quando os botes em que viajavam naufragaram perto da costa da Líbia. O acidente gerou críticas contra a União Europeia por tratar o incidente com menosprezo.
19.04.2015 – o naufrágio de um barco com imigrantes da Síria e Líbia pode ter deixado até 700 mortos, segundo órgão para refugiados da ONU.
27.08.2015 – os corpos de 71 pessoas, crianças inclusive, são encontrados em caminhão em rodovia da Áustria. Segundo autoridades, eram imigrantes provavelmente da Síria.

Há alguns meses verificou-se uma mudança radical nos itinerários da imigração. Há um ano, o caminho real começava na Sicília. Hoje, a rota de Lampedusa ainda funciona, mas uma nova rota foi aberta. A dos Bálcãs. A Hungria já está providenciando a construção de uma cerca para impedir a passagem de imigrantes pelo seu país.  É muita dor e sofrimento, onde a tolerância, humanidade e solidariedade estão colocadas á prova da nossa evolução espiritual.

Kardec em comentário à pergunta 803 do Livro dos Espíritos (Todos os homens são iguais diante de Deus?) nos fala que todos os homens nascem com a mesma fraqueza, estão sujeitos às mesmas dores e o corpo do rico se destrói como o do pobre. Portanto, Deus não deu, a nenhum homem superioridade natural, nem pelo nascimento, nem pela morte. Diante dele, todos são iguais.  Eis um momento específico da história da humanidade, onde valores como igualdade devem ser provados quanto à sua eficiência no trato das relações humanas.

O pensador José Rodrigues, no XI Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita em 2009, apresentou um trabalho muito instigante de nome “A Crise da Ambição”.

Neste trabalho ele vai à causa raiz do problema dizendo que “as crises sistêmicas da economia mundial refletem formas de ação individual e coletiva que não deixam dúvida sobre as suas causas: a ambição”. Aliás, nunca é demais repetir, no citado Livro dos Espíritos , quando Kardec indaga aos espíritos quais são as duas maiores chagas da humanidade , estes respondem: o orgulho e o egoísmo.
Em se tratando da Europa, especialmente França, Luxemburgo, Alemanha e Suíça, é bom que se lembre de que grandes fortunas “escondidas” nos grandes bancos desses países são provenientes das ditaduras da África e do Oriente Médio. Nunca houve qualquer pudor ou vergonha ética que impediu a lavagem de dinheiro dessas ditaduras em países da chamada democracia ocidental.

Num gesto que até podemos considerar nobre, a primeira ministra da Alemanha, a Sra. Ângela Merkel, quer que a Europa adote regras de tolerância para os que fogem de países em guerra. Outros tipos de refugiados que queiram somente se beneficiar da pujante economia alemã não serão aceitos.

A Alemanha acolheu refugiados de guerra, mesmo porque as famílias alemãs não têm muitos filhos e a indústria e a agricultura carecem de mais braços. Ou seja, a “caridade” tem como sempre nesses casos um viés econômico. Mesmo assim essa liberalidade ocasionou, nos últimos seis meses, duzentos ataques contra centros de acolhimento de refugiados. A primeira ministra foi vaiada pelos grupos neonazistas. Tempos de crise são tempos de muito preconceito.  Mas também tempos de muita solidariedade e amor ao próximo como demonstram grupos de direitos humanos na Europa que trabalham para o alívio do sofrimento dessas pessoas.

Certas frases colocadas por Kardec em comentário às diversas respostas dadas pelos espíritos podem soar piegas aos ouvidos de pessoas que, isentas de espiritualidade, veem o mundo de uma forma unicamente materialista. Todavia como seriam úteis se habitassem os corações de governantes e do mundo financeiro e fossem colocadas em prática. Digo isso, pois no comentário à pergunta 886 do Livro dos Espíritos Kardec diz que o amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, porque amar ao próximo é fazer-lhe todo o bem que está ao nosso alcance.

Qual a solução? Provavelmente passa pelos ensinamentos do pensador José Rodrigues, no trabalho citado acima , quando afirma que “enquanto uma expressão exagerada da paixão , a ambição, como fator psicológico, não é considerada nas avaliações e previsões dos agentes econômicos, centradas em dados de predomínio quantitativo".

“O Espiritismo, em sua expressão filosófica, ao tratar das causas dos conflitos humanos, oferece elementos capazes de elucidar e ajudar a superação das crises, pela mudança de sus antecedentes”.  Brilhante.