terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Revisitando o Caderno Cultural Espírita - Outubro 2002 - por Reinaldo di Lucia

Revisitando o Caderno Cultural Espírita - Outubro 2002

O Perispírito
Uma abordagem do século XX

Reinaldo Di Lucia

Proposta: uma nova visão do perispírito

                       
                         Mas, se o modelo teórico do perispírito tal como apontado acima já não satifaz as modernas concepções científicas, é necessária, a proposição de um novo modelo, ainda que como uma hipótese, mais coerente. É o que se procurará fazer.
                         Este novo modelo baseia-se, cientificamente, nos conceitos físicos anteriormente explicados. Filosoficamente, parte do dualismo espírito-matéria, e da contínua inter-relação existente entre eles.
                         As essências dos principios material e espiritual, criados por Deus para formar o Universo, são apenas conceitos fundamentais, sem existência física real. Ocorre que essas essências individualizam-se, formando os diversos entes que compõem o Universo real. Estas individualizações é que formam os espíritos imortais a que nos referimos quando tratamos com os desencarnados.




                         As individualizações do princípio inteligente (que aqui chamamos de Espíritos, com maiúscula, seguindo a nomenclatura de Kardec) estão sempre e incessantemente interagindo com diversas formas de matéria. Isto ocorre graças a peculiar constituição do Universo (segundo os fundamentos da filosofia espírita), em que só pode haver evolução a partir dessa interação.
                         É exatamente isto que o espiritismo quer dizer quando afirma que o Espírito tem experiências em todos os reinos da criação. Esta afirmação costuma ser entendida como se o Espírito "encarnasse" numa rocha ou numa montanha, com todas as dificuldades lógicas que daí resultam. Na verdade, o que ocorre é que o Espírito, em contato íntimo com diversos tipos de matéria, aprende com todas essas interações.
                         Mas, se a matéria é essencialmente uma só (aquilo que Kardec chama de fluido cosmico ou fluido universal ), convenientemente modificada para adquirir as diversas propriedades funcionais nos diversos graus em que ela apresenta-se, então deve ocorrer um continuum material que vai da matéria mais "bruta" aquela mais "sutil". Alguma das propriedades da matéria (como, somente a título de exemplo, a frequência) deve apresentar um gradiente que diferencie estes diversos tipos de matéria.
                         O perispírito pode ser, então, formado por esta mesma matéria numa dada condição de frequência, que, atualmente, não conseguimos captar com nossos equipamentos nem nossos sentidos. Quanto mais evoluído o Espírito, tanto mais elevada a frequência desta matéria, e mais depurado é o perispírito.
                         Neste modelo, a matéria que compõe o perispírito (na verdade, um tipo de energia) é perfeitamente integrada com a matéria "densa", podendo, assim, interagir com partes dela. Da mesma forma, por ser muito mais sutil, é perfeitamente suscetível de ação direta pelo Espírito, que pode moldá-la segundo sua vontade.
                         O Espírito age como se fosse (numa analogia grosseira) uma carga. Tal como uma carga elétrica cria em torno de si um campo eletromagnético,  , o Espírito em torno de si um campo, que, a falta de nome melhor, pode ser chamado de campo espiritual.
                         Este campo espiritual é o lugar geométrico onde aglutinam-se as energias que constituem o perispírito. Este não seria, então, um corpo, um organismo propriamente falando, mas um aglomerado energétic-material com constante interação com o espírito.
                         Encarado sob este novo modelo, o perispírito passa a ter propriedades e funções mais adequadas aos conceitos atualmente aceitos pela ciência, sem descaracterizar as funções principais que lhes foram atribuídas por Kardec:

  • Permite ao Espírito adquirir experiências que lhe são absolutamente necessárias para seu progresso intelectual.
  • Age como individualizador dos Espíritos desencarnados, dando-lhes uma forma que lhes permita, especialmente em estágios menos avançados do processo evolutivo, seguir aprendendo e atuando. Pode ser modificado segundo a vontade do Espírito.
  • Age durante a encarnação, permitindo que o espírito consiga uma união perfeita com a matéria mais densa que compõe o corpo físico. Poder-se-ia dizer que, de certa forma, é intermediário entre o corpo físico e o espírito. A diferença é ser um intermediário estruturado como um continuum da própria matéria corporal, sob a forma energética, e não algo completamente distinto dela.
  • Tem papel importante nas manifestações mediúnicas de efeitos físicos, tais como a materialização. Sua atuação nas manifestações inteligentes ainda precisa ser estudada.
  • Recebe a influencia de energias externas, vindas normalmente de outros Espíritos, sejam elas benéficas ou não.
  • Não possui a função de transmissor de sensações do corpo para o Espírito ou de ordens no sentido inverso. Da mesma forma, não tem nenhuma atuação sobre a memória ou a inteligência. Não possui órgãos nem nenhuma constituição semelhante, que são exclusivas do corpo físico.
  • Modifica-se de acordo com as necessidades e capacidades do Espírito, mas não obrigatoriamente em mundos distintos (há de se verificar a questão da isotropia material do Universo).





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