Espiritismo para o Século XXI - O que queremos
“ Eu não tenho talento especial; eu sou apenas
um curioso apaixonado” – Albert Einstein
Objetivo desta
coluna
Iniciamos este mês
esta coluna destinada a registrar contribuições feitas por espíritas
livre-pensadores que através de seu trabalho de pesquisa, estudo ou elaboração
filosófica produziram material inovador, contribuindo para o desenvolvimento do
Espiritismo Laico.
Jaci Régis estava
muito focado em estimular a atuação de nosso grupo livre-pensador, sua grande
procupação estava ligada à nossa capacidade de produzir conhecimento. Este foi
quem sabe o maior motivador da criação do Simpósio Brasileiro do Pensamento
Espírita, que neste momento está na fase de preparação para a sua 15ª edição.
Jaci assim se
referia à questão da produção de novas ideias:
“ A resistência às
novas ideias é um fato real, porque as pessoas tendem a se acomodar com o que
aceitam como verdade. Embora a dinâmica da cultura, a tendência é manter e
cristalizar as verdades conhecidas, o que sugere conforto e tranquilidade.” (
Resistência às novas ideias – Jaci Régis, Abertura Outubro 2007)
Evidentemente que
este jornal, busca permanentemente trabalhar para a consolidação das ideias
renovadoras, buscando agir conforme ensinado por Allan Kardec. Sabemos do
enorme desafio que temos pela frente. Para reforçar a importância e a
dificuldade da tarefa destacamos algumas considerações de Régis:
“Embora
teoricamente o Espiritismo seja uma Doutrina progressiva e progressista, a
tendência é manter o conhecimento atual num patamar estável, senão intocável”.
Todavia, o
Espiritismo foi estruturado para manter-se atualizado, acompanhar o
desenvolvimento das ideias e das alterações das verdades consagradas.
O ponto crucial é
a estrutura mental do espírita.
Ele precisa
mobilizar suas energias, sua inteligência, seu tirocínio para que o Espiritismo
não permaneça à margem do progresso e, simultaneamente, manter seu eixo de
consciência e consistência doutrinária.
Esse perfil do
adepto do Espiritismo foi desenhado por Kardec ao criar uma Doutrina sui
generis que se propõe a se auto revisar, evoluir e crescer”. ( Resistência às
novas ideias – Jaci Régis, Abertura Outubro 2007)
Allan Kardec em
seu livro Obras Póstumas, que como todo sabemos foi editado bem depois de sua
desencarnação, utilizando-se de textos que Kardec haviavinha trabalhando e que
nos deixa tres pontos importantes sobre o futuro do Espiritismo:
O primeiro ponto
não tem a ver com o propósito deste artigo, e trata da formação de seitas ou
dissidências que não considerassem todos os princípios espíritas.
O segundo trata de
não sairmos, no processo de atualização, do campo das ideias práticas e em
terceiro, trata do caráter essencialmente progressista da Doutrina.
Resumindo:
“ Se é certo que a
utopia da véspera se torna muitas vezes a verdade do dia seguinte, deixemos que
o dia seguinte realize a utopia da véspera” ou seja um pouco de prudencia não
faz mal.
“Apoiada tão só
nas leis da Natureza, não pode variar mais do que estas leis; mas, se uma nova
lei for descoberta, tem ela que se por de acordo com essa lei, não lhe cabe
fechar a porta ao progresso, sob pena de suicidar-se. Assimilando todas as
ideias reconhecidamente justas, de qualquer ordem que sejam, físicas ou
metafísicas, ela jamais será ultrapassada, constituíndo isso uma das principais
garantias da sua perpetuidade.”(Obras Póstumas – páginas 348 e 349).
Complementamos com
as palavras de Jaci Régis, ressaltando o trabalho que temos seria conveniente que
realizássemos:
“Diante desse
quadro, a pretensão de Kardec de criar uma mentalidade capaz de mudar, de
aceitar o novo, de reconstruir, a cada momento específico, o conjunto de
verdades aceitas parece cada vez mais distante”. ( Resistência às novas ideias
– Jaci Régis, Abertura Out/ 2007)
Sobre como fazer
isto, nos deixou um caminho que buscamos caminhar nesta coluna.
“ Os espíritas que
se consideram progressistas, leigos, precisam pensar em pesquisas, releituras,
descobertas de novos caminhos, novas linguagens.”
A inserção dos
conceitos espíritas na discussão e solução dos problemas humanos atuais é uma
necessidade crescente.
Porque, caso
contrário, a Doutrina ficará à margem como uma religião estática, tendendo a
seguir os passos da Igreja, como tem acontecido.
O trabalho é
urgente, porque a cultura adotou uma visão do Espiritismo que o aproxima dos
cultos religiosos mais atrasados. O Centro Espírita, tomado como pronto
socorro, hospital, etc. Não consegue, de modo geral, adeptos, mas clientes”. (
Produzindo ideias – Jaci Régis, Abertura Abril 2009)
“Estamos carentes
de produções com conteúdo, com respaldo em investigações e conexão com os temas
da ciência, da política, da filosofia.
Mergulhar na
reflexão, na investigação, na busca de respostas e apresentar suas descobertas,
suas posições, provocando o debate, o questionamento”. ( Produzindo ideias –
Jaci Régis, Abertura Abril 2009)
Portanto, o papel
dos laicos em resumo é:
“ O grupo de
espíritas que se auto-denomina de laico, compões uma fração pequena do
movimento espírita.
Ser laico exige
uma renovação mental para que não se
patine no mesmo refrão anti-religioso, mas avance no sentido de penetrar no pensamento
de Allan Kardec e torná-lo atual, capaz de revolucionar o entendimento humano.
O dinamismo do
pensamento espírita precisa ser acelerado e explorado pelos laicos de maneira
muito mais agressiva e produtiva do que tem sido”. ( O papel dos Laicos – Jaci
Régis, Abertura Agosto 2009)
Nesta coluna
portanto estaremos trazendo uma releitura do vasto material produzido nas
diversas edições dos Simpósios Brasileiros do Pensamento Espírita, que tiveram
a capacidade de resignificar e avançar no conhecimento espírita.
Alexandre Cardia Machado
NR: Publicado originalmente no Jornal Abertura - novembro de 2016
Alexandre Cardia
Machado
extremamente relevante, mesmo 6 anos depois.
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