A REVOLUÇÃO DO AMOR.
“O amor
sempre foi para mim o maior dos negócios, ou melhor,o único”. ( Stendhal ) ;
“Doar-se é
a atitude-chave para qualquer programa de vida, que pretenda desenvolver os
potenciais do Espírito”( Jaci Regis ).
Sob o sugestivo título de “A Revolução do Amor - Por
uma espiritualidade laica”, o filósofo Luc Ferry escreveu um livro muito
interessante de ser lido e com uma conclusão ou constatação que merece ser
analisada. Indo contra a maré pessimista oriunda desde a segunda metade
do século XX, Luc Ferry visualiza o surgimento de uma nova humanidade. Pelo
menos no mundo Ocidental. Seria como Jaci Regis escreveu no seu estupendo livro”Comportamento
Espírita”um novo personagem em transição.
Partindo da história da evolução da família, com destaque à conquista do
casamento por amor, por escolha (algo recente na vida dos casais), Luc Ferry vê
desde aí o embrião de uma nova dimensão do humano, o que ele chama de
espiritualidade laica. Muito pouca gente hoje, e concordo com ele, quer arriscar
a vida para defender um deus, uma pátria ou um ideal revolucionário. Mas vale a
pena se arriscar para defender aqueles que amamos ou respeitamos, não importa
em que local do planeta. Diz ele então que estamos vivendo a revolução do amor,
e essa seria a melhor notícia do novo milênio.
Se não fala em espiritualidade laica, mesmo porque acreditava numa
inteligência primeira com um grande projeto consubstanciado na Lei Natural,
Jaci Regis em 1981 (há exatos 35 anos) no seu livro citado acima afirma que”considerando
que a grande maioria dos Espíritos que vivem no Planeta Terra aqui vêm
evolucionando há muito, formando uma humanidade mais ou menos permanente,
compreende-se, pela História, que atingimos uma etapa do processo de
crescimento individual e coletivo, em que os valores deverão definir-se”.
Para Luc Ferry esses valores são chegados pois uma nova
espiritualidade laica nasce da sacralização do ser humano por meio do amor. É o
amor que dá sentido a nossa existência. Luc Ferry aponta que “no passado,
princípios bem diferentes ditaram a ética de nossos ancestrais : o Cosmos
dos gregos, o Deus judaico-cristão, a Razão do humanismo
moderno e o Ideal Revolucionário”. Ele aponta que ainda bem
que os motivos tradicionais do sacrifício coletivo estão sendo literalmente
eliminados pela grande destruição dos valores e das autoridades tradicionais
que tanto marcou o século XX até Maio de 1968. Realmente, vamos parar para
pensar e imaginemos os milhões de seres humanos assassinados em nome de Deus,
do nacionalismo fanático e dos ideais revolucionários comunistas/socialistas.
No entanto esse lento, porém invencível processo de secularização dos
valores, requer como nos ensina Jaci Regis que “agora,é necessário que o homem
assuma sua natureza espiritual e desenvolva, no plano da vida terrena,novas
formas de relacionamento e revolucione seu projeto de vida, a partir das
premissas espirituais dinâmicas".
Luc Ferry explica que essa nova”espiritualidade laica”, significa uma
concepção de filosofia que atribui ao homem uma tarefa essencial de refletir
sobre o que seria uma via boa sem passar por um deus ou pela fé, mas com
os meios disponíveis, os de um ser humano que se sabe mortal, entregue a si
mesmo e às exigências de sua lucidez. Há de surgir um novo humanismo. O Espiritismo
pode ajudar e muito nesse novo humanismo, pois é da natureza da Doutrina
Espírita motivar o indivíduo a transformações morais, nas sábias palavras de
Jaci Regis.
Roberto Rufo.
NR: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Julho de 2016, seja nosso assinante, valor da assinatura anual R$ 55,00 - mande um email para ickardecista1@terra.com.br e ajude-nos a manter viva a ideia de um Espiritismo Moderno e Livre-pensador.
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