Sobre a Morte e o Morrer
Durante muitos
anos o ICKS, através de Jaci Régis, promoveu seminários com este tema, sempre
muito concorridos. A principal razão disto é que mesmo sendo a morte uma
certeza, temos todos medo da mesma.
Como espíritas,
não deveríamos temer a morte e filosoficamente não tememos. Mas no dia a dia é
que a coisa pega.
Os médicos,
enfermeiros, profissionais da saúde e socorristas são treinados para enfrentar
o inevitável, fazem tudo o que é possível para evitar, mas ao mesmo tempo,
precisam estar preparados para o pior.
Veja que ao nos
referirmos à morte, falamos em pior, certeza, preparação. Como
reencarnacionistas, sabemos que a vida física é apenas uma metade de nossa
existência, sabemos que sobrevivemos à morte física e seguimos vivendo como espíritos
imortais que somos.
Pela intensidade
da vida cotidiana, muitas vezes nos esquecemos disto e pensamos igual aos não
espíritas. Pode ser que seja pelo instinto, ou por amarmos muito a vida e os
que aqui estão conosco, mas deveríamos nos esforçar para viver bem,
considerando que a morte sempre é uma possibilidade presente. Valorizar o
presente sem descuidar do preparo espiritual, sempre focados no fazer o bem,
amar e ajudar nossos filhos e amigos.
Jaci Régis sempre
repetia uma frase que incorporou em sua bagagem, durante sua proveitosa vida, “o
que se leva desta vida é a vida que a gente leva”. Jaci nos deixou de forma
inesperada, sem preparação... tudo em que trabalhava intensamente, de um dia
para o outro, ficou órfão. Acredito que Jaci não ficou muito preocupado, pois
sempre dizia que enquanto estivesse vivo, faria o máximo esforço para levar
suas ideias e projetos em frente.
Todos os projetos
seguiram em frente, outros ocuparam o seu lugar. Ninguém é insubstituível, por
melhor que sejamos. O que for importante seguirá, se o mestre for bom, os
alunos saberão o que fazer.
Jaci, sabemos hoje,
está integrado em várias atividades no mundo dos espíritos. Os sucessores aqui
estão no ICKS, na Lar Veneranda, já antes de sua desencarnação. O CEAK, onde
foi presidente por muitos anos, seguia
seu caminho sem precisar dele. Me refiro
a Jaci por ser um exemplo à todos em nosso grupo livre pensador, de alguma
forma ao citá-lo todos nós de certa forma nos sentiremos tocado. Mas muitos
outros passaram por aqui e deixaram também as suas marcas. Esta é a lei da vida,
é o projeto Divino, através da lei de progresso, da reencarnação e da evolução
infinita.
Não precisamos
morrer antes do tempo, com excessivos cuidados, não tomando vento, não comendo
isto, não bebendo aquilo. Vivamos com equilíbrio encarando sempre novos
desafios, esta é a melhor maneira de um dia morrer e reacordar no lado de lá, percebendo que a encarnação valeu muito e foi
gratificante.
Chorar, bem esta é
a primeira coisa que fazemos ao reencarnar, nosso primeiro respiro vem
acompanhado de choro. Portanto vamos sim
chorar os mortos, mas não vamos morrer antes da hora, pois a vida é
infinitamente bela!
NR: Publicado originalmente no jornal ABERTURA em junho de 2016
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