O difícil caminho da democracia
Esta foto
da calçada da Ponta da Praia em Santos, nos ajudará a ilustrar a mensagem que
gostaríamos de passar neste editorial. A calçada, assim como a nossa democracia
é um caminho, para o bem estar.
Santos é
uma cidade que possui 6 quilômetros de praia, na área urbana, na sua maior
parte possui um grande jardim, mas quanto mais nos aproximamos da Ponta da
Praia, bairro mais próximo ao Guarujá, o jardim termina e ficamos apenas com a
calçada.
Andar por
este caminho é exercer a democracia na prática, pois o espaço é justo e é
compartilhado por pescadores, gente carregando canoas, foodtruck para dar um novo nome aos traillers que vendem alimentos, alguns poucos bares nos piers
existentes, turistas, gente correndo, cães com ou sem coleiras, carrinhos de
bebê e muita gente. Todos andando desordenadamente, cada qual exercendo seus
direitos individuais do livre ir e vir.
Ultimamente
estamos sofrendo adversidades externas pois, depois da dragagem do canal do
porto na entrada da barra de Santos, o perfil do fundo do mar alterou e desprotegeu
a mureta da calçada. Desde então, convivemos com a erosão causada por ressacas,
que teimam em destruir a mureta, simbolo da cidade de Santos e com ela a
calçada.
O que isto
tem a ver com a democracia? Bem a democracia é uma ideia boa, pois permite que
todos expressem suas ideias, ideologias e disputem o mesmo pedaço de forma
organizada. No caso a disputa do governo de um país, estado ou municípios.
Neste
espaço estreito da calçada temos que negociar a passagem, a velocidade com que
nos deslocamos afim de que todos possam usufruir dela. Isso é o que acontece com
as democracias. Tudo isto faz parte da Lei de Sociedade. Precisamos negociar os
limites de nossas ideias que em algum momento entram em choque. Quando tudo
parece bem, acontecem eventos não esperados. No caso aqui apresentado, as
ressacas, nas democracias, as crises, geralmente associadas a grandes perdas balanço
de pagamentos internacional, guerras ou preços das comodites.
Parece que
no Brasil,nas últimas eleições, houve uma ligeira guinada à direita. Assim como
na foto, se fez necessário nos apertarmos à direita pelo buraco causado pela
ressaca. Na política brasileira aconteceu o mesmo pelo buraco causado no caixa
do governo federal pelos diversos escandálos de roubalheira, tais como mensalão
e principalmente o petroduto foco da Lava Jato.
Este
fenômeno de mudanças radicais no equilíbrio dos partidos se dá de forma global,
em muitos países, há costumeiramente uma mudança, sempre que um governo lança
um país em uma crise, ou não consegue sair dela. Nestas condições acontecerá o que ocorreu na França, Itália,
Grécia e Espanha com guinadas ora para a esquerda, ora para a direita, só para
citar alguns exemplos. Mas a vontade popular é que a democracia sobreviva.
Assim como em Santos queremos que a calçada continue ali. Os buracos serão
consertados e a vida seguirá.
René
Descartes dizia que o bom senso é a coisa mais bem distribuída no mundo, pois
todos nós pensamos tê-lo. Já Allan Kardec, chamado por seus contemporâneos de o
bom senso encarnado, já atribuia o bom senso ao avanço intelecto-moral. Assim
como na calçada da Ponta da Praia, e na política a busca pelo equilíbrio é
proporcional ao bom senso nosso de cada dia.
Este foi o Editorial Principal do Jornal Abertura de Novembro de 2016
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